Eu, que sou muito menos que um Zé Ninguém, um nada na fila do pão, como dizem, gostaria muito que essas palavras fizessem eco e lhe chegassem aos teus ouvidos.
Tão celebrado no Brasil é o tal do “homem do povo”. Ainda que pertença a classes sociais mais elevadas há muito tempo, muitas vezes o que conta pra muitos de nós é a tal “origem humilde” do candidato. Lula surfou muito nisso, e tantos outros surfam, e não só na federação, como também nos Estados e Municípios.
Mas o que vemos é que na esmagadora maioria dos casos, alguns destes políticos que ostentam sua origem humilde, que dizem amar o País, como o senhor sempre insiste em arrotar nas pseudoentrevistas que dá, é uma usurpação dessa condição.
O senhor, excelentíssimo Zé Ninguém, acredita que a nossa paciência é infinita! Confiando em nossa ignorância e passividade bovina, o senhor acha que pode dizer o que quiser, que todos os que te deram um voto vão lhe aplaudir.
Nossa História recente mostra bem o contrário, com exemplos cuja citação aqui contribuiriam apenas para estender esse já enfadonho texto.
Ao fundo, pudéssemos todos vê-lo a nu, como o rei do ditado popular, veríamos em tua psique uma criança as sustada, revoltada pela própria burrice da qual tem consciência e lhe faz negar os mais inteligentes que você.
O que lhe falta é coragem. E àqueles cuja covardia domina resta as bravatas. Feito aquele parente fracassado que quase toda família tem, mas que sabe a receita para tudo, que quase foi isso, que não fosse tal coisa seria um engenheiro, um médico.
Foi-lhe dada a Presidência de um país complicado como o nosso, com chances de fazer história, mas isso ainda não é suficiente para você Zé Ninguém.
Não cabe humildade na sua vaidade de quem desvaloriza até mesmo o conselho dos amigos. E contaminaste teus filhos com covardia e burrice semelhantes. Quão nobre é o homem que sabe porque erra e reconhece. Mas você, longe dos gestos de grandeza, prefere passar à história como mais um ser folclórico que sentou nessa cadeira aí.
Falta muito pouco para seres um nada nas páginas dos livros de história. E seria um fio de coragem que poderia acelerar esse inevitável destino e nos poupar de tanta chateação, todos os dias.
Nisso Getúlio Vargas foi exemplar. Longe de mim, que sou um nada, lhe sugerir tal ato extremo. Mas uma saída honrosa, vivo, poderia ser para o bem da nação. Pense. Tente pensar.
Faça uma força e raciocine. Mas nem coragem para demitir o seu excelente Ministro da Saúde o senhor tem? Isso ia acelerar demais o processo que já lhe parece inevitável. Melhor que não o faça, por nossa saúde.
Prefere atirar em teus soldados e se imolar em praça pública, culpando a imprensa, a oposição, o mundo. Até mesmo para ser soberbo é preciso um pouquinho de inteligência, Zé Ninguém.
E eu, que sou menos que um Zé Ninguém sigo aqui, mergulhado em meu anonimato, mas já vendo no horizonte uma alvorada de dias ainda mais difíceis, enquanto as panelas batem em som cada vez mais ensurdecedor. Escuta as panelas, Zé Ninguém?