Pelo que sabemos até agora, não cabe a cada um de nós a decisão sobre o próprio nascimento. E após este acontecimento, passamos algum tempo dependentes das decisões de terceiros que, via de regra, são pessoas que nos amam e nos protegem.
Com o tempo, vamos formando corpo e consciência, moldados pela nossa genética, pelo meio em que vivemos e pelas nossas escolhas. E como não temos controle ou determinação suficientes para alterar o que nos define, passamos a priorizar o que mais nos agrada individualmente, mesmo que seja algo que tende a modificar o meio em que vivemos.
Médicos e bombeiros podem salvar vidas e fazem brilhar os olhos de muitas crianças que pensam em fazer algo de bom para a sociedade; empreendedores podem inventar novas ferramentas ou novas formas de fazer trocas comerciais e militares podem nos proteger de inimigos internos e externos.
Mas como nem tudo são flores e pensando nas ocupações acima, temos médicos que abusam de pacientes e forjam horas extras; bombeiros que liberam alvarás indevidamente; empreendedores que negociam drogas e armas; e militares que cobram por morte sob encomenda. Fica claro que o problema está nas pessoas e suas respectivas escolhas e não nas profissões ou ocupações de cada um.
Passamos nossas vidas tomando decisões e algumas delas têm o potencial de transformar a vida de muita gente, principalmente na área política. Por algum tempo, era comum ouvir que não deveríamos discutir sobre política, religião ou futebol. Medida prudente para que as pessoas passivamente recebam o pão, a benção e o circo. Mas como não somos, na nossa grande maioria, como gado que caminha inocentemente para o abate, decidimos participar ativamente do processo de eleição de prioridades.
Um candidato que escolha fazer campanha distribuindo uniformes de futebol, dentadura ou pirulitos, vai encontrar um número muito grande de eleitores necessitados, que entendem que eleição é isso mesmo, uma troca de favores para que consigam alguma coisa palpável e real, pelo menos nesses períodos.
Qual a probabilidade de, caso eleito, este candidato tomar decisões baseadas em análises técnicas? Atrevo-me a dizer que quase nula.
A era das soluções pela força, ficou para trás. A democracia, como a conhecemos hoje, possibilita alcançar melhores resultados para um número maior de pessoas, exigindo participação, trabalho e boas escolhas.
Instituições fortes, funcionando com independência e responsabilidade, trazem estabilidade para a sociedade avançar em seus objetivos. Não é razoável esperarmos bons resultados em um ambiente conturbado.
Todos nós fazemos escolhas levando em consideração as informações que temos. Como dizia Mario Covas, “o povo não vota errado, vota com as informações que possui”. E muitas vezes, notadamente quando temos segundo turno, escolhemos o “menos pior” ou no mal menor. Isso não nos impõe o apoio irrestrito e cego do tipo #SomosTodos “esse” ou “aquele”. Só os arrogantes não reconhecem os equívocos de suas escolhas.