Muitas pessoas associam a perda involuntária de urina a algo normal dentro do processo de envelhecimento. O quadro, entretanto, pode impactar negativamente a qualidade de vida, sobretudo de mulheres e idosos, e tem tratamento. O alerta é da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em razão do Dia Mundial da Incontinência Urinária, lembrado na sexta-feira (14).
Um levantamento realizado pela entidade com base em dados do Ministério da Saúde informa que, de 2020 a 2024, foram realizados mais de 29,3 mil procedimentos cirúrgicos para tratar escapes de urina. O número é considerado baixo por especialistas, já que a estimativa é que cerca de 45% das mulheres e 15% dos homens com mais de 40 anos tenham incontinência urinária.
De acordo com a SBU, os escapes de urina podem ocorrer, ainda que em pequenas quantidades, após a pessoa espirrar, rir, tossir, exercitar-se, fazer esforços e até mesmo pela vontade súbita de urinar – algumas vezes, a pessoa sequer consegue chegar ao banheiro a tempo. Diante de quadros como esses, muitos acabam recorrendo ao uso de fraldas e absorventes ou até recusam o convívio social.
Entenda
A incontinência urinária pode ser dividida em três principais categorias:
Incontinência urinária por esforço: tipo mais comum, caracterizado pela perda urinária ao fazer esforços como tossir, rir, espirrar, exercitar-se ou carregar peso. Corresponde a cerca de 40 a 70% dos casos de incontinência urinária em mulheres.
Incontinência urinária de urgência: identificada pela vontade súbita e incontrolável de urinar. É também chamada de bexiga hiperativa.
Incontinência mista: associa os dois tipos de incontinência urinária.
Entre os fatores de risco, que podem influenciar no surgimento da incontinência urinária, destacam-se: envelhecimento; sexo feminino; histórico familiar; gestação; tabagismo; diabetes; sobrepeso e obesidade; exercícios de alto impacto (quando não há avaliação e acompanhamento adequados); doenças neurológicas como Parkinson e esclerose múltipla; cirurgias pélvicas e na próstata (principalmente para tratamento de câncer).
De acordo com a SBU, na terceira idade, a perda de urina está associada ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, à diminuição da capacidade de armazenamento da bexiga, ao aumento da próstata (no caso dos homens) e a problemas neurológicos, ao diabetes e à ingestão de determinados medicamentos, dentre outras razões.
Segundo a entidade, a incontinência urinária pode ser prevenida ou minimizada por meio de medidas simples. Para idosos, a prática regular de atividades físicas no intuito de fortalecera autonomia física e cognitiva e a musculatura pélvica e hábitos saudáveis, incluindo controle do peso, alimentação equilibrada e consumo adequado de líquidos, são considerados fundamentais.
Além disso, evitar o tabagismo e tratar condições como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças neurológicas ajudam a reduzir os riscos. Entre homens, a saúde da próstata deve ser acompanhada de perto, não somente como prevenção ao câncer, mas também em razão do crescimento benigno da glândula (hiperplasia prostática benigna), que costuma causar sintomas urinários, podendo levar à incontinência.
Já durante a gravidez, a disfunção está relacionada a questões como alterações hormonais, relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, crescimento do útero e compressão da bexiga. Nesse caso, a prevenção passa por um bom acompanhamento médico, pelo fortalecimento do assoalho pélvico com exercícios específicos e pelo controle do ganho de peso.
O preparo do corpo para o parto, com orientações sobre a melhor forma de proteger a musculatura perineal, também contribui para reduzir o risco de incontinência no pós-parto.
Por Agência Brasil / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil