Desde 1994, Rio Claro vem em uma sequência histórica de perda de leitos para internação na Santa Casa de Misericórdia do município. Se em 1994 eram 221 leitos, dos quais 181 ofertados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2019 são 161 leitos, dos quais 70 para o SUS. O que representa uma redução de 111 leitos.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Rio Claro, a secretária de Saúde, Maria Clélia Bauer, mostra dados que exemplificam a redução nos últimos 25 anos, ainda que com aumento da população na região atendida pelos serviços. Os municípios que compõem CIR de Rio Claro são: Analândia, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina e Santa Gertrudes, totalizando cerca de 262 mil habitantes.
POPULAÇÃO – Como complicador da situação, a secretária elenca ainda o envelhecimento da população que, devido a diversas formas de diagnóstico, vem ampliando a expectativa de vida. “A população mais velha demanda mais cuidado, mais atenção e não só ambulatorial, vai buscar também o tratamento na oncologia”, aponta Clélia.
A secretária lembra ainda que, hoje, devido ao aumento no desemprego e outras dificuldades financeiras, muitas pessoas migraram integralmente para o SUS, aumentando ainda mais a demanda. Além dos serviços de urgência e emergência, a procura por atendimentos eletivos é latente. “Por isso o governo foi buscar o serviço junto a hospitais privados, que é uma ação que já divulgamos anteriormente, uma parceria para atender os casos cirúrgicos que não são de emergência, mas que precisam ser feitos.”
De acordo com dados apresentados pela secretária, hoje a Santa Casa oferece ao SUS 20 leitos cirúrgicos, 15 clínicos, 22 obstétricos, 12 pediátricos, dois crônicos, um pneumologia sanitária, dois para psiquiatria. Em 1994, por exemplo, 54 leitos ciúrgicos, mais que o dobro atual.
PSMI E UPAS – Segundo Clélia, hoje o PSMI conta com 20 leitos, isso quando são colocadas macas nos corredores. “Temos 13 leitos acomodados e o restante são macas colocadas no corredor quando há necessidade, é o que o PSMI comporta. Na UPA do Cervezão, temos 39 leitos e, na UPA da Avenida 29, são 19”, esclarece. A secretária observa ainda que o PSMI, hoje, figura como a porta de entrada para a internação na Santa Casa, pois as UPA’s – segundo regulamentação – não podem abrigar pacientes por mais de 24 horas.
“A queixa da população hoje é quanto a ficar na porta do PSMI pois, quando está na UPA, entra em um processo de cuidado hospitalar e, posteriormente, é transferida ao PSMI para que a Santa Casa agilize as vagas”, observa, lembrando que a redução de leitos significa também redução de recursos como UTI e Centro Cirúrgico.
MÉDIA COMPLEXIDADE
Conforme a secretária, uma das grandes dificuldades hoje no setor é a porta de entrada para a Santa Casa, ou seja, o PSMI. “Nossa grande dificuldade é com o atendimento de média complexidade que, com o fechamento desses leitos, nós ficamos responsáveis pelas hérnias, fraturas leves, entre outros que, no final, acabamos mandando para ambulatório e tem a dificuldade para cirurgia, porque o volume é grande, mas temos conseguido colocar para cirurgia, não no tempo que as pessoas querem, seja nas primeiras horas, mas vai entrando conforme a Santa Casa oferece disponibilidade para poder fazer.”
AMBULATÓRIO
Como exemplo, a secretária lembrou que o ambulatório de ortopedia é bancado pelo município, assim como o PSMI. “O custo da porta de entrada é significativa, porque estamos suportando um custo que não é do município. Hoje, quem banca a porta de entrada é a administração, com gasto de R$ 2 milhões, em média, com médicos, insumos, etc, só o pronto atendimento. E, no Brasil, Rio Claro é o único município em que a porta de entrada está fora do hospital”, destaca.
PORTA DE ENTRADA
Para tentar sanar uma problemática que vem afetando o setor há anos, a secretária aponta que é preciso solicitar à Santa Casa uma organização por mais leitos e para que assuma a competência da porta de entrada. “Rio Claro precisa sair da excepcionalidade, a Santa Casa precisa assumir a demanda dessa porta de entrada e não mais o PSMI, precisamos rever o convênio”, declarou.
INVESTIMENTOS
Ao Diário do Rio Claro, o prefeito Juninho da Padaria destacou que deve existir uma conversa com a Santa Casa com o intuito de haver união em busca de soluções para o problema. “Já entregamos novas Unidade Básicas de Saúde, o Centro de Especialidades e Apoio Diagnóstico, a farmácia, ambulâncias e muitos outros investimentos, agora, precisamos cuidar dessa parte, pois a Santa Casa é conveniada ao SUS, mas não dá vazão ao número de pessoas que precisam ser atendidas”, finalizou.