O isolamento social e seus benefícios ao meio ambiente
O período de isolamento social vem proporcionando um momento de reflexão e trazendo importantes impactos positivos ao meio ambiente. Anteriormente, as pessoas estavam habituadas a viver uma rotina desenfreada, sem autocontrole, sobrecarregadas em todos os aspectos, pois a própria sociedade, as redes sociais, a internet, impunham valores bem distantes daqueles que realmente deveriam ser valorizados, paramos, obrigatoriamente e essa pausa trouxe inúmeros benefícios em diversas áreas da vida, cabe aqui destacar aqueles relacionados ao meio ambiente e tudo que nos rodeia.
Globalmente falando, a mudança no estilo de vida e a transformação drástica no cotidiano da população causou uma série de impactos no planeta, e muitos deles foram positivos. A pandemia histórica que estamos enfrentando agora traz respostas da natureza em curto e médio prazo, entre elas, a melhor qualidade do ar, onde imagens captadas por satélites da NASA mostram a visível diminuição da poluição atmosférica ao redor do mundo.
A diminuição abrupta dos meios de transportes individuais e públicos e com a parada de diversas fábricas, as emissões de dióxido de carbono, chegaram a diminuir em até 25% na China, dados de estudos do CEFET – MG (Centro Federal de Educação tecnológica de Minas Gerais). Outro exemplo da diminuição da poluição do ar ocorreu na Índia, onde pela primeira vez em 30 anos, seus moradores puderam observar a olho nú a cordilheira que faz parte do Himalaia, cenário antes coberto por densa nuvem escura de poluição. Também segundo o CEFET houve a diminuição de mortes causadas pela poluição do ar, antes calculadas por 50 mil mortes todos os anos no mundo.
Outro fator a ser citado é o da despoluição das águas na Itália, onde medidas rígidas de confinamento e distanciamento foram tomadas, e algo extraordinário aconteceu em Veneza, as águas dos canais desta cidade turística e belíssima ficaram mais limpas e claras, sendo que, antes eram turvas e agora já é possível observar os peixes que ali habitam.
Houve também um maior circulação de animais, pois com a diminuição de pessoas circulando nas ruas, os animais sentem-se mais seguros para circular em zonas urbanas, aumentando seu perímetro de circulação. No Reino Unido podemos ver andando tranquilamente pelos bairros e jardins das casas, as cabras selvagens. No Brasil, macacos são flagrados brincando do lado de fora dos prédios e na piscina do condomínio no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. No Japão, grupo de veados aparece circulando nas ruas de Nara.
Portanto, sem a interferência do homem no meio, tende a ajudar na recuperação ambiental, seja na qualidade do ar, no habitat dos animais silvestres e urbanos e na diminuição de impactos ambientais. Ao mesmo tempo, temos que considerar que a relação homem e meio também se faz importante, mas precisa ser sadia, atender às demandas coletivas, sem sacrificar o capital natural, principalmente, os seres viventes, afinal, todos têm direito de ter uma morada habitável e serena, onde impere o equilíbrio sustentável.
A pandemia que estamos vivendo e toda a crise que ela acarreta e acarretará, não é e nunca será algo bom para a humanidade. Porém, ela nos deixa um grande aprendizado, que o ser humano não vive isolado e precisa de toda a cadeia de produção e, em especial, estar em integração no espaço de vivência.
A Covid-19 trouxe uma grande reflexão, ou seja, momento de repensar a vida, seu estilo, necessidade de consumo, importância do trabalho, senso de comunidade e cidadania, um freio obrigatório, mas que foi muito necessário para uma sociedade imediatista e egocêntrica, para mais respeito ao meio ambiente e ao próximo.
Apesar dessas mudanças ambientais terem um teor temporário, sem garantia de durabilidade, não sabemos se essa parada será suficiente para que os homens rompam o paradigma do consumo exagerado, que é a principal causa da degradação da natureza, mas, ao mesmo tempo, repense com maior preciosidade seus valores em relação ao espaço que habitam.