Aos 35 anos de idade, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) conduziu a plateia de apoiadores do seu mandato e do governo de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), no lançamento do movimento Núcleo Conservador Rio Claro, que aconteceu na quinta-feira (12), no Class Hotel. O evento reuniu aproximadamente 300 entusiastas que repetiram diversas vezes, em uníssono, o bordão presidencial: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Antes do início da atividade, o político recebeu a reportagem e afirmou que já tem adesão de parte dos senadores para sua nomeação ao cargo de embaixador nos Estados Unidos. Para a nomeação, Eduardo deve passar por sabatina no Senado, onde será questionado sobre sua formação, situações reais e hipotéticas e a postura do indicado em relação ao país que pretende ir.
O deputado federal afirmou que está visitando os gabinetes dos 81 senadores e se declarou confiante para a nomeação. A situação, conforme relatou, é praxe entre candidatos ao cargo. “Estou esperançoso e confiante, inclusive pelas conversas que estou tendo com os senadores, que não abriram declaradamente o voto a meu favor, mas o bate-papo que temos tido é bem animador”, disse.
Para a aprovação ao cargo, ele vai precisar de mais da metade dos votos favoráveis, estando presentes, pelo menos, 41 senadores.
Na entrevista, o deputado também falou sobre a expansão do conservadorismo no país e a agenda defendida pelo movimento, que inclui a manutenção da família tradicional, a redução da maioridade penal, a proibição do aborto e a defesa do direito ao porte e posse de armas. Leia trechos:
DIÁRIO DO RIO CLARO: Como está a articulação para seu ingresso na embaixada dos EUA? O senhor está fazendo contato com os Senadores?
EDUARDO BOLSONARO: Estou esperançoso e confiante, inclusive pelas conversas que estou tendo com os senadores, que não abriram declaradamente o voto a meu favor, mas o bate-papo que temos tido é bem animador. Ainda falta visitar alguns senadores e acredito que não vai demorar muito. Dentro de algumas semanas, talvez consigamos fazer a sabatina. A todo candidato a embaixador é praxe visitar o gabinete dos senadores. Eu não sou diferente dessa regra.
Eu vou percorrendo esse caminho, até porque é um sinal de humildade, você vai lá, fala com eles. Quebra algum gelo, demonstra um outro Eduardo, que, porventura, os senadores não conheçam. E, além disso, aproxima o meu trabalho junto ao Senado, pois escuto as demandas. E isso é importante sendo embaixador ou sendo deputado.
DIÁRIO DO RIO CLARO: O que representa o movimento conservador para Rio Claro e para a região?
EDUARDO BOLSONARO: Não deixar que 2018 tenha sido só um tsunami. Temos que dar contornos de permanência nesse movimento. [Ou seja] ter essa proximidade com a população da região de Rio Claro e falar das bandeiras conservadoras. Colocar nossas principais diretrizes: ser contra o aborto, a favor da legítima defesa, pela redução da maioridade penal, por um estado menor que não massacre o indivíduo. Depois de ocupar esse espaço, fica mais difícil de vir um socialista e lançar o seu discurso sedutor que, no final, a gente sabe que acaba desaguando em um regime igual ao da Venezuela.
DIÁRIO DO RIO CLARO: Historicamente, Rio Claro tem uma presença grande de conservadores. Isso é uma retomada?
EDUARDO BOLSONARO: O Estado de São Paulo, de maneira geral, mas o interior do Estado, onde tem a presença grande de produção agrícola e pessoas com sua fé mais embasada, via de regra, são conservadoras. O que não pode é perder esse espaço. Temos que continuar tendo uma economia pujante, uma família bem estruturada e é para isso que estamos aqui.
DIÁRIO DO RIO CLARO: O senhor pretende destinar recursos a Rio Claro, já que temos a Santa Casa, projeto de hospital público, obras importantes, entre outros, sobretudo com o lançamento do movimento conservador no município?
EDUARDO BOLSONARO: Para que a população entenda, a atribuição principal de um deputado é legislar. Obviamente, tem as atribuições adjacentes, chamadas atípicas, dentre elas se enquadra essa do orçamento. Infelizmente, por lei, eu só posso fazer destinações a no máximo 25 órgãos. E eu recebo algumas centenas de pedidos.
Então, normalmente, quando chega final de setembro, começo de outubro, que é o prazo para fazer essas destinações, eu analiso essa centena de pedidos, vou vendo os programas de sucesso por onde eu percorri o Estado. Procuro privilegiar o Estado de São Paulo, [mas] devo ter algumas demandas fora do Estado em virtude da minha abrangência já ter extrapolado as barreiras de São Paulo.
E o meu eleitor, quando vota em mim, espera que eu defenda as bandeiras conservadoras. É óbvio, se tiver oportunidade, ele vai pedir recurso para a Santa Casa dele, vai pedir recurso para uma praça, uma quadra poliesportiva, mas ele certamente não está esperando isso de mim.
DIÁRIO DO RIO CLARO: Em Rio Claro, Jair Bolsonaro teve 79,02% dos votos válidos. Qual a mensagem para os leitores do Diário e para a população?
EDUARDO BOLSONARO: Agradecer essa votação. Dizer que aqui é o momento da gente ter o termômetro. Eu costumo dizer que o Jair Bolsonaro gosta de andar no meio das pessoas e tira proveito disso. É por isso que ele não precisou de marqueteiro na campanha, porque sabia exatamente as necessidades da população e ele sente saudades disso. Por isso, às vezes, dá uma volta de motoca no Guarujá, dá uma de louco e se mete no meio do pessoal. Mas ele sente saudades disso e certamente gostaria de estar aqui. Mas vou levar todo esse carinho e transmitir ao presidente.