As questões mais incríveis de todo conhecimento humano são as mesmas que uma criança faz. Todos passamos por essa fase, a dos “porquês”, a atormentarem nossos pais. Alguns crescem e ainda mantêm acesa essa chama da infância. Outros se esquecem disso e embarcam em outras rotinas de vida.
A curiosidade científica, e mesmo filosófica, só é mantida se cultivarmos um olhar diferente sobre tudo, ou mesmo conservar aquele olhar infantil sobre o mundo que nos cerca e nosso mundo interior. Foi na sua infância na Alemanha que Einstein se perguntava como seria viajar em um raio de luz. E a questão lhe perseguiu por toda vida, até descobrir e formalizar em 1905 a Teoria da Relatividade Especial, mostrando a luz com sua velocidade de aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo como sendo a velocidade-limite do Universo. Nada pode viajar acima dessa velocidade.
Assim, e hoje tudo se comprovou com experimentos, o tempo e o espaço “se ajustam” para que a velocidade da luz se comporte desse jeito. Em 1916, em outro trabalho ainda mais brilhante ele aplicou os fundamentos dessa ideia para mostrar que a gravidade é fruto de uma geometria invisível do espaço e do tempo. A Relatividade Geral abriu as portas para conceitos inimagináveis, como o dos buracos negros e as ondas gravitacionais.
Einstein conta que o despertar para a Ciência aconteceu ainda na infância, quando ganhou de presente de um tio seu uma bússola. É ele mesmo quem conta: “O fato de a agulha apontar sempre para o mesmo lugar me mostrou, aos 5 anos de idade, que deveria haver algo escondido por trás das coisas”.
Claro, entre todas as perguntas que podemos fazer sobre o Universo, as mais fundamentais e divertidas são aquelas que se disfarçam de perguntas simples, mas, na verdade, são extremamente difíceis de serem respondidas.
Há coisas muito básicas, que estão em nosso dia a dia bem diante dos nossos olhos, mas que ainda não temos a menor ideia do que possam ser de fato.
Pode ser que estejamos olhando e estudando algumas coisas de um modo errado, ou mesmo incompleto, como no passado.
Qual a natureza do tempo? O que é espaço? Podemos viajar mais rápido que a luz? Qual o tamanho do Universo? E por que o tempo parece só andar para frente? Do que é feita a matéria escura? Como funciona nossa consciência? Esses são alguns exemplos de uma extensa lista de perguntas ainda sem respostas satisfatórias. Há muitas tentativas de respostas e teorias, mas ainda sem consenso ou comprovações experimentais eficazes.
Já sabemos muito sobre o mundo, sobre a vida, sobre o Universo e como ele se formou. Sabemos muito sobre nós. Mas o muito ainda é pouco, diante da vastidão de desconhecimento, de coisas a serem descobertas.
Mas devemos ficar entusiasmados em não saber muitas coisas. O fato de ainda desconhecermos muitas verdades sobre o Universo, significa que há descobertas incríveis, maravilhosas à nossa espera. E é um privilégio participar dessa época em que a evolução do conhecimento em todas as áreas está muito acelerada. A ciência descobriu mais coisas nos últimos cem anos do que nos mil anos anteriores. E vai acelerar ainda mais, com computadores quânticos, robôs, nanotecnologia e outras inovações tecnológicas derivadas da ciência. A luta é que seja para o bem de todos, num planeta mais preservado.
Temos que nos encher de perguntas. Umas científicas, outras filosóficas, mas perguntas, para nos mover para frente, para nossa sobrevivência como espécie e para alimentar nosso desejo de descobrir os pilares da Criação.
Como crianças diante de seus encontros inéditos com o mundo. Como Einstein, criança eterna, atestou depois de mais velho: “A mais profunda emoção que podemos experimentar é inspirada pelo senso de mistério. Essa é a emoção fundamental que inspira a verdadeira arte e a verdadeira ciência.”
Ou como Steve Jobs, no famoso discurso de formatura dos alunos da Universidade de Stanford, em 2005: “Mantenham-se famintos. Mantenham-se tolos”.