A Citroën é dona das mais ricas e deliciosas histórias no mundo do automóvel. Invenções, novas tecnologias, carros à frente de seu tempo, peças publicitárias marcantes, até o seu próprio logotipo… Independente da época, a tradicional marca francesa definitivamente se fez presente. E essa riqueza histórica muitas vezes mudou a própria história.
Hoje os milhões de automóveis produzidos ao redor do mundo na configuração monobloco e tração dianteira tiveram suas origens, em escala produtiva, no modelo Traction Avant, até hoje um dos Citroën mais icônicos e desejados por entusiastas e colecionadores em todo o planeta.
E contar essa história tão revolucionária permite criar laços com a sociedade automotiva, preservar valores e desafiar o futuro, como a Citroën já fez tão bem no passado. Nesse sentido, vamos relembrar um pouco dos modelos mais marcantes, as tecnologias mais inovadoras e, claro, as aventuras incomparáveis dessa Marca que tem o cliente como inspiração em tudo que realiza! Nada mais justo iniciarmos essa jornada com o Traction Avant.
A REVOLUÇÃO QUE MUDOU O PADRÃO DOS CARROS, PARA SEMPRE
Carro mais significante e revolucionário de seu tempo, o Traction Avant foi um marco na história – tanto a da Citroën, quanto a do mundo. Concebido num tempo em que os conceitos automobilísticos se estabeleciam, o modelo mais ambicioso e fruto da imaginação de André Citroën veio e subverteu a realidade automotiva. Tanto por isso, foi amado por políticos, artistas, poetas e empresários durante seus 23 anos de vida.
Apresentado em abril e lançado em maio de 1934, antecipou o padrão motriz dos carros do futuro ao unir tração dianteira e carroceria monobloco e levar a combinação à larga escala. Desenvolvido por André Lefèbvre e Maurice Sainturat em apenas 18 meses, resumiu as aspirações de uma elite intelectual como nenhum automóvel de sua era. Sofisticado, audacioso, elegante, transgressor e prolífico, também era um fiel e impecável tradutor do etos da Citroën, oxigenada desde o nascimento pelo desafio ao impossível.
Equipada com um motor de 1.303 cm3 e 32 cv, a versão 7A é uma das mais raras, pois soma 7.000 unidades fabricadas até julho de 1934. Depois vieram os modelos 7B (1.628 cm3 e 38 cv) e 7 Sport ( 1.910 cm3 e 48 cv). Os números se referiam ao sistema europeu de taxação de impostos, baseado na dimensão dos cilindros. Era possível escolher entre as carrocerias Berline (sedã), Faux Cabriolet (conversível) e Roadster (conversível de dois lugares).
Em 1938 chegava a versão 15-Six G, dotada de motor seis-cilindros de 2.867 cm³ e 77 cv e suspensão hidropneumática, que misturava gás e fluído. Não surpreende o apelido “Queen of the Road”, a rainha da estrada, cuja missão é entregar não apenas vanguardismo e imponência aos olhos, mas também conforto e impavidez no rodar. A troca das três marchas do câmbio manual eram um balé, tal a vivacidade do movimento da mão direita.
O mais popular sem dúvida fora o 11. Das 759.123 unidades produzidas do Traction Avant, mais de 620 mil foram deste modelo, destacado pelas configurações Familiale, de nove lugares, e Coupé, de cinco postos.
Largo, o Traction Avant exigia perícia nas estreitas ruas europeias pré-guerra. A suspensão independente com barra de torção e o moderno sistema de direção recompensavam o desafio com um guiar vívido e inspirador. Mas, também sabia ser gentil: para facilitar a vida dos mecânicos, motor, câmbio, radiador, e suspensão dianteira eram acessíveis por um capô na longitudinal.
Desenhado por um escultor que jamais desenhara um carro, talvez por isso mesmo Flaminio Bertoni tenha sido a escolha perfeita para materializar a criatura vislumbrada por Citroën. Havia também a obsessão por forma e função, materializada nas maçanetas Art Deco, belas e práticas.
André Citroën e Traction Avant, contudo, conviveram por pouco tempo, pois o fundador da marca faleceu em 1935, mas o DNA da Citroën, contudo, já estava definido. Em julho de 1957, após 23 anos, o Traction Avant se aposentava.
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