O Abril Verde tem o intuito de conscientizar a população com relação à importância da prevenção aos acidentes de trabalho.
O quarto mês do ano foi escolhido em virtude de um acidente que matou, em 1969, no estado da Virgínia, Estados Unidos, 78 trabalhadores em uma mina. Cabe a cada empresa levar aos seus funcionários a devida conscientização acerca da necessidade quanto à segurança no local de trabalho.
O Diário do Rio Claro entrou em contato com Paulo Roberto Coelho Filho, Chefe de Núcleo do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), regional de Rio Claro, a fim de obter os dados alusivos à última atualização no que diz respeito às notificações de Acidentes de Trabalho no município.
Coelho Filho expõe que, nos últimos dois anos, foram registrados os seguintes números de Relatórios de Atendimentos ao Acidentado do Trabalho (RAAT’s): em 2017, 2.521; já em 2018, 3.125. Com relação a 2019, tendo em vista o primeiro trimestre, são 933. O Chefe de Núcleo salienta que do número total de acidentes, 5% configuram como graves, com divisão de 50% entre típicos e trajeto.
Enfatiza que do total de Acidentes de Trabalho Graves, os principais ramos de atividade são comércio, alimentação, administração pública e construção civil. No tocante às principais causas, enumera: Típico, que seria o esmagamento por objetos e quedas de altura; e Trajeto, que seria colisão envolvendo moto e carro.
O profissional faz menção ainda a outros agravos relacionados ao trabalho e que foram registrados no Ministério da Saúde no ano de 2018. No caso, Acidente com Exposição a Material Biológico, 196; LER/DORT, 133; Perda Auditiva, 67; Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho, 14; Violência Interpessoal, dez; Dermatoses Ocupacionais, três; e Intoxicação Exógena, seis casos.
Aspectos psicológicos do acidente de trabalho
O Centenário contatou também o Psicólogo Clínico e MBA em Gestão de Pessoas Delton Hebling Junior a fim de explanar sobre a importância da psicologia nesses casos que, segundo ele, não se dá somente na prevenção, mas também no acompanhamento pós-acidente.
O especialista explica que, para tanto, se faz necessário observar o seguinte tripé: treinamento de habilidades e relação com chefe imediato e medo da punição. De acordo com Hebling Junior, áreas ou empresas muito punitivas estão sempre sujeitas a mais acidentes.
“O tripé acima, agregado a outros aspectos cognitivos como atenção e concentração, quando não respeitados, também resultam nos 80% de acidentes com falha humana, ‘cantados em prosa e verso’ pelas estatísticas mundiais e, para prevenir, temos sempre que pensar: estamos recrutando e contratando pessoas adequadas? Tais pessoas estão treinadas o suficiente para fazer determinada tarefa ou atividade?”, indaga o profissional.
O psicólogo enfatiza que além da habilidade, o clima organizacional, a meritocracia e a saudável relação chefe-subordinado são alvos do trabalho do psicólogo ou consultor organizacional na prevenção de acidentes e cabe à empresa designar o técnico de segurança que, em conjunto com o RH, deverão propor ações ergonômicas necessárias a reduzir ou eliminar causas dos acidentes.
Hebling Junior cita, ainda, outro aspecto que, muitas vezes, é deixado de lado: a postura da empresa no “pós-acidente”. O que fazer para fortalecer o profissional que sofreu o acidente de trabalho, com ou sem sequelas, para que volte tranquilo às suas atividades? “E ‘voltar tranquilo’ significa obter o apoio de colegas e superiores para retomar um ambiente que não provoque ou evoque medo, tampouco o isolamento”, pondera.
O especialista afiança que se houver a intenção da empresa em apoiar a prevenção ou o acompanhamento do pós- acidente, já haverá uma maior chance de redução dos mesmos, uma vez que as pessoas se sentirão mais respeitadas e estarão mais atentas ao desempenho de suas tarefas.