Do corredor do terceiro andar da Câmara foi possível ouvir a discussão entre os vereadores a portas fechadas sobre a redução do número de cadeiras no legislativo.
Rafael Andreeta (PTB) foi o primeiro a deixar a sala em tom de desacordo com o rumo da discussão.
Na sequência, foi a vez de Irander Augusto (PRB) abandonar o encontro sem se pronunciar à reportagem. Hernani Leonhard (MDB), visivelmente contrariado, deixou o espaço sob protestos.
Terminada a reunião de líderes, os demais caminharam para seus gabinetes. Além dos já citados, estavam presentes Yves Carbinatti (PPS), Carol Gomes (PSDB), Luciano Bonsucesso (PR), Pereirinha (PTB), Rogério Guedes e Thiago Japones (PSB), Maria do Carmo Guilherme (MDB), e os democratas André Godoy, Geraldo Voluntário, Seron do Proerd e Val Demarchi.
DIVIDIDO
O tema polêmico divide a opinião dos parlamentares e promete prosseguir, já que até a tarde dessa quinta-feira (25), não foram obtidas as sete assinaturas para que o projeto de emenda à Lei Orgânica fosse apresentado na Casa.
COMO FUNCIONA
O primeiro passo para um projeto de emenda à Lei Orgânica ser apresentado na Casa é a obtenção de sete assinaturas dos parlamentares. Em seguida, é encaminhado para o Plenário, onde será apreciado em duas discussões. Para ser aprovado nesta etapa, precisa de dois terços de votos, ou seja, 13 vereadores.
MUDANÇA
Vale lembrar que o aumento do número de vereadores de 12 para os atuais 19 foi aprovado em junho de 2015. Na ocasião, foram contrários Geraldo Voluntário (Democratas), o então vereador Juninho da Padaria (Democratas) e Paulo Guedes (PSDB).
Demarchi entende que Rio Claro não precisa mais do que 15 cadeiras
Logo depois da reunião de líderes, o vereador Val Demarchi (Democratas) reiterou ao Centenário ser favorável à redução. “Percebi que a grande maioria é contra, mas defendo a redução por convicção”, declarou.
Como motivos para a redução de 19 para 15 cadeiras, o parlamentar destacou a média de vereadores por habitantes, que teria pequena variação, além da diminuição de demandas semelhantes apresentadas em requerimentos. “Não vai ser fácil ter as sete assinaturas, mas é a sociedade que vai sinalizar o que quer”, enfatizou.
Demarchi destacou ainda que entre salários, diárias e materiais de escritórios, a redução de quatro gabinetes representaria uma economia de R$ 600 mil por ano aos cofres públicos.
Por fim, o democrata disse que até outubro de 2019 esse assunto teria que ser resolvido, já que é a data limite para que partidos organizem as chapas para as próximas eleições. “Mas temos que definir o quanto antes”, finalizou.
Grupo defende a redução de outros gastos da Câmara
Contrários à redução da representatividade no poder legislativo, alguns vereadores defendem o corte de outros gastos na Câmara, como a utilização de celulares corporativos, redução do números de assessores e veículos oficiais. “Quanto menos vereadores, mais espaço para quem possui poder financeiro se eleger, diminuindo a representatividade popular”, destacou Yves Carbinatti.
A tucana Carol Gomes lembrou que o corte de um assessor por parlamentar já representaria grande economia. “Só o corte do 3º assessor é uma economia de cerca de R$ 12 milhões por mandato”, esclarece ao lembrar que já trabalha com um assessor a menos. Ambos os vereadores sugerem também o corte de celulares corporativos e extinção de veículos oficiais. “Nunca usei o carro da Câmara”, relata Carbinatti.
Maria do Carmo Guilherme também acredita que quanto menos vereadores, menor a representatividade.
Thiago Japones (PSB) se colocou contrário à redução e sentenciou: “existem muitos outros custos a diminuir”.