A Associação Beneficente Cultural e Recreativa Tamoyo faz parte da história cultural da comunidade negra de Rio Claro, e também da cidade. O clube foi fundado em 1954 a partir do time de futebol de mesmo nome. Mas essa conquista não foi fácil. Para isso, houve uma grande mobilização dos negros que pressionaram o poder público para a criação de um espaço social para “as pessoas de cor” em Rio Claro.
Foi assim que em 1957 a prefeitura concedeu cessão de uso de terrenos para o Tamoio Futebol Clube e para a Sociedade Beneficente e Recreativa José do Patrocínio. As sedes sociais das entidades foram construídas na década de 1960, a do Patrô na Avenida 19 no bairro Consolação e a do Tamoio na Rua 13 com Avenida 23.
Parte da história de fundação Associação Beneficente Cultural e Recreativa Tamoyo foi lembrada no programa Diário MA TV desta sexta-feira (12). Maria Angela Tavares de Lima entrevistou o presidente do clube, Paulo Roberto e a diretora social, Janaína Francisco. Além de dividirem funções administrativas na entidade, Paulo e Janaína são o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Escola de Samba Grasifs A Voz do Morro desde 2006.
A diretoria do clube está concentrando esforços na revitalização do Tamoyo e na meta de transformá-lo em um polo cultural. O objetivo é resgatar, preservar e divulgar a história de luta e resistência dos antepassados para conquistar um espaço social próprio para a comunidade negra local.
“Os negros antigos lutaram muito para conquistar esse espaço e isso não pode ser esquecido. A cultura preta está sendo diluída porque os jovens não têm conhecimento de sua história”, destacou Paulo. “Nossa proposta é tornar o clube um espaço cultural, além de documentar, divulgar e visibilizar essa história”, acrescentou Janaína cujo bisavô foi membro ativo nos dois clubes: Tamoyo e do Patrô. Por isso, ela teve a oportunidade de vivenciar parte dessa história na infância.
A ideia é abrir as portas do clube para realização de eventos e projetos que possam ajudar na revitalização do espaço, sem que ele perca a estrutura original. Esse trabalho foi iniciado há cerca de seis meses e eventos já ocorreram no local. Um deles foi promovido pelo Projeto Resgatando o Semba que busca resgatar o batuque de umbigada, uma dança de raiz africana. Outro, “Samba é Samba e Vice-versa”, foi realizado pelo grupo Jeito Simples.
De acordo com Paulo e Janaína, eventos como esses movimentam o bar e a bilheteria do clube e ajudam organizador e associação. A diretoria informa que o espaço está disponível para aluguel para eventos diversos como bingos, aniversários, reuniões e afins. O objetivo é que o clube seja utilizado. “Queremos que as pessoas visitem e se apropriem do espaço que é da comunidade. Quando não usa desmerece o esforço feito pelos nossos antepassados”, afirma Paulo.
O presidente conclui dizendo que a diretoria está aberta às pessoas que queiram ajudar a melhorar o Tamoyo e torná-lo um polo cultural. Qualquer tipo de apoio é bem-vindo. Interessados podem entrar em contato com ele pelo telefone (19) 9.99610-7691 ou procurar a diretoria na sede do clube, que também pode ser encontrado nas redes sociais
Você pode conferir a entrevista ao Diário MA TV na íntegra através do link https://www.youtube.com/watch?v=ptiv4AZ83fE
Por Ednéia Silva / Foto: Gabi Lourenço