É só darmos um passeio nas redondezas de nossa cidade e já podemos observar o quanto a falta de chuvas prejudicou a vazão de nossos rios. Dentre os nossos quatro rios mais próximos, estão: Cabeça, Passa Cinco, Ribeirão Claro e Corumbataí, não há nenhum que esteja com seu nível de água a contento, o que interfere diretamente em todo o processo de reprodução de nossos peixes nativos e exóticos.
Dizemos exóticos para aquelas espécimes que habitam os tanques de pesca esportiva, ou pesque e pague, como exemplo, o Catfish, que hoje por descuido, habitam em nossos rios, predando nossas espécies nativas e descontrolando toda a cadeia alimentar de nossos mananciais.
Com o baixo nível de água nos rios, criam- se diversos obstáculos que impedem a locomoção dos peixes, aspecto que não poderia acontecer principalmente entre os meses de novembro a fevereiro, quando temos o período de defeso, conhecido também como piracema
A piracema, é o movimento que os cardumes fazem contra a correnteza, nadando rio para cima, com o intuito de alcançar as nascentes e as cabeceiras dos rios, para lançar seus ovos, perpetuando sua espécie e garantindo um dos mais nutritivos alimentos oferecidos pela natureza.
Se as fêmeas aptas a desova não conseguirem subir rio acima, acabam por consumir suas próprias ovas o que em tese, estaria consumindo dezenas de peixes que num curto espaço de tempo estariam habitando os rios da região.
Quando dizemos que sem água não há vida, não estamos nos direcionando apenas para os peixes, mas além de nós, há também uma gama de seres que para sobreviverem, dependem que haja água nos rios e, com essa diminuição, torna- se um indicativo ou alerta, pois se não tomarmos decisões a curto prazo, estaremos sujeitos a acompanhar os peixes em sua extinção.
Estas decisões seriam as ações diretas e indiretas, na qual nós, seres humanos deveríamos estar adotando há décadas, como a interrupção no desmatamento sem controle na Amazônia e em outros biomas de nosso país. A recomposição florestal de nossas áreas de preservação permanente (nascentes e entorno de nossos recursos hídricos) e das áreas degradadas pelo mau uso do solo e nas áreas de mineração.
Estamos hoje, colhendo os frutos de nossa herança. Infelizmente, muito pouco estamos fazendo hoje para reverter este quadro, pois temos em nosso país as mais específicas leis ambientais de proteção dos recursos hídricos, mas na aplicabilidade deixam a desejar.
Vemos diariamente nos noticiários as imensas multas aplicadas aos madeireiros e proprietários rurais que desmatam nossas florestas, mas como as leis possuem subterfúgios para a defesa dos processos, esses infratores recorrem das sentenças que se estendem por anos e continuam a ceifar a vida florestal, sem se incomodarem com as milionárias multas aplicadas.
Os ambientalistas dizem que o desmatamento está acelerado, mas o governo diz que está controlado. Enquanto isso, a população fica de camarote assistindo esta briga meramente política, enquanto as nossas riquezas naturais estão sendo exterminadas.
Quer uma prova maior desse discordar? Estamos vendo os nossos rios, Corumbataí e Ribeirão Claro, os responsáveis pelo abastecimento de nossa Rio Claro, e que por um milagre nesse ano foram capazes de suprir a demanda de água de nossa população, mas e amanhã?
Desde o início deste mês de novembro até o dia 28 de fevereiro de 2022, estaremos no período da piracema, portanto a pesca amadora e profissional estará proibida em nossos rios. Vamos fazer o dever de casa. Devemos respeitar a reprodução de nossos peixes, pelo menos, enquanto existir água em nossos rios.