Calma, não fuja! O título desse artigo, que mais parece coisa de ficção científica, na verdade está na lista das principais buscas científicas da humanidade. Claro, atrás atualmente da vacina contra o Coronavírus, essa necessária e urgente, urgentíssima.
Mas voltando à Física, já notou que a gravidade, essa que faz seu celular cair no chão, para seu desespero, e que mantém a Lua orbitando a Terra, a Terra orbitando o Sol, e mantém toda matéria no Universo, é muito mais fraca que outras forças fundamentais da Natureza?
Um pequeno e singelo imã de geladeira é sufi ciente para criar uma força eletromagnética maior que a força gravitacional exercida pelo planeta Terra inteiro!
Uma explicação possível para essa fraqueza da gravidade é que não sentimos o efeito total dessa força porque parte dela se espalha para dimensões extras. “Espera, como é?”, você deve estar aí perguntando. Sim, tudo matematicamente provado. Resta provar na realidade.
Embora possa parecer papo de maluco ou de fi cção, se existem dimensões extras, elas podem explicar por que o universo está se expandindo mais rápido do que o esperado e por que a gravidade é mais fraca que as outras forças da natureza.
E tudo é pode ser uma questão de escala. No dia a dia, experimentamos três dimensões espaciais e uma quarta dimensão, o tempo. Mas então, como poderia haver mais? A teoria geral da relatividade de Einstein nos diz que o espaço pode se expandir, contrair e dobrar. Agora, se uma dimensão se contraísse em um tamanho menor que um átomo, ela estaria oculta da nossa visão. Mas se pudéssemos olhar em uma escala sufi cientemente pequena, essa dimensão oculta pode se tornar visível novamente.
É simples de se imaginar. Pense em você andando numa corda bamba. Só poderá se mover para trás e para frente, mas não para esquerda e direita, nem para cima e para baixo. Nesse caso você vê apenas uma dimensão. Agora, formigas vivendo em uma escala muito menor poderiam se mover para esquerda e direita e também ao redor do cabo, o que pareceria uma dimensão extra para o equilibrista.
Como poderíamos então testar dimensões extras? Uma opção seria encontrar evidências de partículas que só podem existir se dimensões extras forem reais. Teorias que sugerem dimensões extras preveem que, da mesma maneira que os átomos têm um estado fundamental de baixa energia e estados de alta energia excitados, haveria versões mais pesadas de partículas padrão em outras dimensões.
Essas versões mais pesadas de partículas – chamadas estados de Kaluza-Klein – teriam exatamente as mesmas propriedades que as partículas padrão (e, portanto, seriam visíveis para nossos detectores), mas com uma massa maior. Tais partículas pesadas só podem ser reveladas com as altas energias atingidas pelo acelerador de partículas Large Hadron Collider (LHC). Por enquanto, não foram.
Outros físicos teóricos sugerem que uma partícula chamada “graviton” está associada à gravidade da mesma maneira que o fóton está associado à força eletromagnética. Se existirem gravitons, deve ser possível criá-los no LHC, mas eles desaparecerão rapidamente em dimensões extras.
Outra maneira de revelar dimensões extras seria através da produção de “buracos negros microscópicos”. O que exatamente detectaríamos dependeria do número de dimensões extras, da massa do buraco negro, do tamanho das dimensões e da energia na qual o buraco negro ocorre.
Descobrir no mundo real, mais evidências sobre qualquer uma dessas teorias, abre as portas para possibilidades ainda desconhecidas da ciência, esta uma das maiores aventuras humanas.