O Diário do Rio Claro, no domingo (15), deu prosseguimento à série de matérias com os pré-candidatos à prefeitura rio-clarense, iniciada quando do último dia 8. Hoje, Prof. Luciano Silveira (PSB) e Maria Aldenir Marques Cardoso (PSOL). A equipe de jornalismo do Centenário elaborou as questões, que são as mesmas destinadas a todos.
Luciano Silveira é professor efetivo da Rede Pública do Estado de São Paulo há 21 anos; Licenciado em Letras Português/Inglês, Pedagogia; Especialista em Gestão Escolar; Bacharel em Direito – Aprovado na prova da OAB.
Trabalhou E.E Joaquim Ribeiro, E.E. Prof.º Michel Antônio Alem, E.E. Chanceler Raul Fernandes, E.E. Professora Zita de Godoy Camargo e, atualmente, na E.E. Profª Heloísa Lemenhe Marasca.
Exerceu as funções de Coordenador Pedagógico do noturno, e Coordenador Pedagógico (Ribeiro), Vice-diretor interino (Zita), e Diretor interino do Marasca. Conselheiro Estadual da APEOESP.
Diário do Rio Claro – Na sua administração, o desfile de Carnaval em Rio Claro será retomado?
Prof.º Luciano – Sim, entendemos que, não só o Carnaval, mas todos os setores de serviços/lazer (cultural/ esportivo) são investimentos. Não interpretamos como gastos. Além disso, nossa cidade é conhecida como a Capital da Alegria, embora nos últimos tempos não tenhamos motivos para isso e, com certeza, com o início da nossa administração, o povo terá razões para comemorar. Nosso compromisso é a elaboração de um calendário de eventos culturais, religiosos, sociais e esportivos.
O setor de serviços gera empregos, e a renda percorre toda a cadeia comercial, sendo o impacto econômico rápido, trazendo melhorias para a cidade. Trazer a iniciativa privada para agregar, parcerias são sempre bem-vindas. Ganha o pequeno comerciante, os prestadores de serviços, o setor de transportes, o setor hoteleiro e entretenimentos, bem como o setor de alimentação (restaurantes, bares, casas noturnas, clubes), ou seja, todos são atendidos.
Cabe ao poder público municipal prover a infraestrutura necessária, que possibilite condições favoráveis e seguras para a realização de eventos culturais, religiosos e esportivos. Neste ponto, entra a segurança pública e saúde (planejamento e parcerias), limpeza das vias e espaços públicos, manutenção (corretiva e preventiva) de equipamentos físicos (teatros, espaços culturais, museus, parques e praças).
Uma ação importante e primordial é dialogar com formadores culturais, pois a cultura é importante, traz qualidade de vida para as pessoas, divulga o nome da cidade de Rio Claro, tornando-a atrativa para novas empresas se instalarem, dessa forma, todos são incluídos e atendidos.
Diário do Rio Claro – Entre as prioridades para o Poder Público, a Saúde é a que aponta maiores dificuldades e tem remetido aos ataques mais ferozes às administrações. Como diminuir a dependência do cidadão em relação ao Poder Público no que diz respeito à Saúde?
Prof.º Luciano – As condições de vida atual da nossa população (número de desempregados, subempregados, idosos e vulneráveis, trabalhadores informais) não nos permite diminuir essa dependência em relação ao poder público no que diz respeito à saúde, sob pena de se gerar uma crise social. Não temos a menor intenção de privatização ou coisa parecida neste setor. Nossa equipe já tem um plano, onde a população já está sendo ouvida, bem como os profissionais da saúde.
Com essa coleta, realizaremos um “Raio-X” (diagnóstico). Assim, temos duas grandes frentes: 1 – Prevenção (Incentivo à Programas de Vacinação, Programas de Atendimento à família, atendimento à Política Pública de Saneamento Básico (Gestão de Resíduos – sólidos/ líquidos e gasosos), Ampliação do Sistema de Coleta de Lixo e Saneamento Básico, Combate aos descartes irregulares de resíduos, Expansão dos Pontos de coleta (entulhos) e Educação Ambiental (conscientização através das escolas, Postos de Saúde, empresas e comunidades); 2 – Saúde propriamente dita – fazendo o sistema funcionar, fiscalização e controle eficiente, respeitando os profissionais da saúde, e garantindo à população o Direito Universal e Constitucional.
Diário do Rio Claro – As enchentes na Avenida Visconde do Rio Claro são históricas e de longa data. Como mudar o cenário?
Prof.º Luciano – As enchentes são históricas, atrapalham a rotina das pessoas, causam transtornos e se agravando a cada ano que passa e, infelizmente, fazem parte da vida de todos nós. As inundações ocorrem devido ao agravamento de alguns fatores: Impermeabilização do solo e as Precipitações (Chuvas) intensas e concentradas.
Sabemos que já existem ações em andamento, equipes técnicas trabalhando nesse sentido. Entendemos que se trata de um problema crônico, e o que foi executado até agora não surtiu o efeito desejado. Dessa forma, o problema se agrava.
Já estamos articulando, no nosso plano de governo, ações contínuas (limpeza contínua de bueiros – evitando entupimento das galerias pluviais, ações interventivas de engenharia em pontos específicos da cidade, isso atenua e evita as enxurradas), outras ações inovadoras estão expostas no nosso plano de governo.
Inclusive, já estamos iniciando contato para diálogo com entidades/órgãos representativos como CREA, Deputados Estaduais e Federais, COMDEMA (Conselho Municipal de Meio Ambiente), CONSEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente), Governo Estadual, Câmara Municipal de Rio Claro e outros. Nossa proposta é instituirmos e protagonizar o diálogo e a ação, para chegarmos a um grupo de trabalho multidisciplinar para este tema.
Assumimos aqui um compromisso de abertura e protagonização do diálogo e da ação, de acordo com as condições orçamentárias da Prefeitura, dando a devida seriedade para este problema, encontrando a melhor resolução, pois sabemos que esta adversidade agrava e prejudica a vida de todos nós.
Diário do Rio Claro – A constante falta de água em Rio Claro passa pela manutenção e troca da rede. Existe projeto para o setor?
Prof.º Luciano – Sim, nós temos projeto já construído e elaborado. A água é um recurso natural esgotável, devemos dar o devido valor que ela merece. A princípio, combater as diversas formas de desperdício. Elaborar cronograma de manutenção corretiva e preventiva de toda a rede, mapeando gargalos no sistema, implantando métodos inovadores de detecção de vazamentos.
Antever possíveis problemas de escassez (falta de água), para que isso ocorra, um ponto relevante é a preservação e proteção dos mananciais. Aproveitamos a oportunidade para dizer que o DAAE é um patrimônio do povo rio-clarense. Sendo a água uma questão estratégica e fundamental para nossa sobrevivência, nós, da equipe, assumimos o compromisso social e público de defesa do DAAE, não só do DAAE, mas também da Fundação Municipal de Saúde, e de outras Autarquias.
Interpretamos o funcionalismo na condição de Patrimônio a serviço da nossa população, por isso, valorizamos essa categoria. Com funcionário satisfeito, o resultado imediato é a oferta de serviços com qualidade, eficiência e eficácia. Seja na água ou no atendimento direto à população dos serviços municipais oferecidos. Quero frisar bem que o DAAE e a FMS são bens públicos do povo de Rio Claro, e ninguém mete a mão!
Diário do Rio Claro – Rio Claro, assim como todo o País, enfrenta dificuldades em relação aos postos de trabalho. Como reverter o quadro? Grandes empresas ou pequenas, qual a melhor alternativa para a geração de empregos?
Prof.º Luciano – De acordo com o nosso compromisso de falar a verdade e de sermos transparentes, iremos adotar estratégias inovadoras para gerar trabalho nos setores esportivos, culturais, científicos, de entretenimento e ambiental. Teremos uma ação especial para o setor agrícola, empresas instaladas (Micro, pequenas, médias e grandes), startups e indústria de eventos.
Com a melhoria da qualidade da nossa população, através da educação e da divulgação de nossa cidade, combinada com uma administração transparente e voltada para as necessidades do povo, Rio Claro se tornará atrativa para a instalação de novas empresas, desde que respeitem nossas condições ambientais. Buscamos o diálogo com a ACIRC, CIESP, Secretaria Estadual de Desenvolvimento e outros órgãos de fomento.
Próximo Candidato
Maria Aldenir Marques Cardoso, moradora do bairro Mãe Preta, formada em Ciências Sociais pela UFPA (Universidade Federal do Pará). É professora, e atualmente efetiva na Escola Estadual Prof. José Cardoso, atuante na rede pública do Ensino do Estado de São Paulo desde 2003. Trabalhou como professora eventual nas Escolas Estaduais Chanceler Raul Fernandes, Prof.ª Heloisa Lemenhe Marasca, Prof.º Délcio Baccaro, Prof.ª Zita de Godoy Camargo e Prof.º Roberto Garcia Losz.
Também trabalhou lecionando as disciplinas de Filosofia e História nas redes municipais de ensino das cidades de Santa Gertrudes e Rio Claro, e também na Escola Municipal Agrícola Engº. Rubens Foot Guimarães. Atualmente leciona as disciplinas de Sociologia e História na Escola Prof.º José Cardoso desenvolvendo um trabalho de formação de consciência cidadã, debatendo temas da atualidade que são fundamentais para a construção de cidadãos críticos.
Diário do Rio Claro – Na sua administração, o desfile de Carnaval em Rio Claro será retomado?
Maria Aldenir – Primeiramente, o diálogo com as escolas de samba será retomado. O legado de “Capital da Alegria” e a riqueza cultural que representa o carnaval não pode ser perdido em nome de promessas vazias e demagógicas.
Juninho da padaria prometeu utilizar o dinheiro do Carnaval na saúde, mas, até agora, em três anos e três meses de governo, nunca prestou contas a este respeito.
A população sente na pele o quão irresponsável foi essa promessa. O desfile das escolas poderá retornar, mas não sem um amplo diálogo com as escolas, buscando transparência fiscal dos investimentos públicos.
Diário do Rio Claro – Entre as prioridades para o Poder Público, a Saúde é a que aponta maiores dificuldades e tem remetido aos ataques mais ferozes às administrações. Como diminuir a dependência do cidadão em relação ao Poder Público no que diz respeito à Saúde?
Maria Aldenir – Não acredito que deva existir uma política que vise “diminuir a dependência do cidadão em relação ao Poder Público no que diz respeito à saúde”. Saúde é um direito constitucional e é dever do Estado garanti-lo. Infelizmente, o SUS tem sofrido profundos cortes a nível federal, principalmente no que diz respeito à atenção básica. Isso chega aos municípios como um grande problema, pois a população fica desassistida com relação à saúde preventiva.
Buscarei lutar pelo fortalecimento do SUS e não pelo seu desmonte. Isso passa, sim, pela busca de acordos com as esferas estaduais e federais, também com a gestão pública transparente, responsável e, sobretudo, juntamente a população com diálogo e sem poupar esforços na luta contra a perda de direitos.
Diário do Rio Claro – As enchentes na Avenida Visconde do Rio Claro são históricas e de longa data. Como mudar o cenário?
Maria Aldenir – Hoje vemos que os municípios de uma forma geral têm sofrido com as enchentes. Isso perpassa por dois problemas: as mudanças climáticas, já há muito tempo estudadas e cientificamente comprovadas, e o crescimento desordenado dos municípios sem planejamento de longo prazo para lidar com as consequências.
Em Rio Claro, assim como nas demais localidades, são as populações mais vulneráveis que mais sofrem as consequências. Precisamos de um forte investimento em obras de infraestrutura no combate às enchentes, de preferência buscando tecnologias sustentáveis, que objetivem diminuir a impermeabilidade do solo.
Também devemos estabelecer parceria com a Unesp, que conta com um respeitado centro de estudos meteorológicos e climáticos. O diálogo com os pesquisadores poderá contribuir para traçar nossas prioridades de intervenção no município.
Diário do Rio Claro – A constante falta de água em Rio Claro passa pela manutenção e troca da rede. Existe projeto para o setor?
Maria Aldenir – Com certeza. Obras e ações de infraestrutura como essa são fundamentais, porque influenciam diretamente na qualidade de vida das pessoas, passando pelo saneamento básico e pela saúde. Infelizmente, muitas vezes são deixadas num segundo plano por não saltarem aos olhos da população de forma direta.
Um governo que se preze, deve buscar estruturar a cidade para além dos quatro anos de mandato, isso, sem dúvida, passa por essas questões de infraestrutura. A manutenção da rede de água e esgoto de Rio Claro se faz urgente e, com certeza, será uma das nossas prioridades no governo.
Diário do Rio Claro – Rio Claro, assim como todo o País, enfrenta dificuldades em relação aos postos de trabalho. Como reverter o quadro? Grandes empresas ou pequenas, qual a melhor alternativa para a geração de empregos?
Maria Aldenir – É compreensível a revolta da população quando o noticiário divulga que uma grande empresa se instalou em uma cidade da região, mas não em Rio Claro. Isso ocorre porque estamos em um momento difícil para muitos trabalhadores e suas famílias, pois encontram-se em condições precárias e informais e que, recentemente, perderam ainda mais direitos com as Reformas de Temer e Bolsonaro. Muitos permanecem desempregados, apesar das falsas promessas de que tais Reformas resolveriam a situação. E
ntretanto, é importante perceber que nem sempre a atração de uma grande empresa multinacional é a solução para a economia da cidade. Muitas vezes, tais empresas se instalam nas cidades que prometem a menor cobrança de impostos possíveis, mesmo que causem poluição, mudanças na dinâmica urbana e que não necessariamente paguem bons salários. Além disso, levam seus lucros para outros países que não o Brasil. Portanto, nós, do PSOL, defendemos que a melhor maneira de gerar emprego e renda na cidade, a curto prazo, é apostar na dinâmica econômica local.
Devemos privilegiar as parcerias com as empresas locais e adotar práticas de gestão pública mais éticas no trato dos contratos da prefeitura para com essas empresas (a corrupção e a cobrança de propina ainda atrapalham muito a participação das empresas locais nos serviços prestados pela prefeitura). Também precisamos estimular iniciativas como as cooperativas de produção – geradoras de renda e trabalho de maneira solidária e igualitária – e a economia solidária.
Sabemos que não é na esfera municipal que será possível resolver os problemas econômicos do país, bem como que dificilmente atingiremos o tão sonhando bem-estar social em uma economia capitalista, que transforma todos os nossos direitos, serviços e recursos em mercadoria. Ainda assim, não deixaremos de ter como prioridade a busca de soluções que melhorem a vida econômica e a geração de renda para os rio-clarenses.
Foto: Diário do Rio Claro