Dez por cento da população adulta do mundo têm diabetes do tipo 2, que poderia ser evitada com alimentação saudável e prática regular de atividade física. No Brasil, são 15,7 milhões de pacientes com diabetes, tornando o país o sexto com maior incidência, atrás apenas de China, Índia, Paquistão, EUA e Indonésia e a previsão de chegarmos em 2.030 a 23,2 milhões.
Entre aqueles que já têm a doença, apenas 25% mantêm valores de glicemia dentro das metas preconizadas, conforme constatado no Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade (Epico), da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
O Epico analisou mais de nove mil pessoas de unidades básicas de saúde de 32 cidades paulistas. 95% dos diabéticos estão acometidos com o tipo 2 da doença, patologia mais reincidente em obesos acima dos 40 anos, quando não há dependência de insulina.
“Os diabéticos têm até cinco vezes mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares na comparação com não diabéticos”, alerta a diretora da Socesp, Maria Cristina Izar. As complicações cardiovasculares são responsáveis por 68% das mortes entre diabéticos acima de 65 anos. Infarto, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e doença arterial obstrutiva periférica são as principais causas de óbito. “A conscientização sobre a doença, que é sorrateira, deve acontecer o mais breve possível”, recomenda a cardiologista.
Campanha alerta sore riscos
A Socesp, cumprindo seu papel junto à população, lança uma campanha, em novembro, pela passagem do Dia Mundial do Diabetes, com publicação de posts em mídias sociais, exibição de vídeos e podcasts, além de informações sobre o tema via site, para alertar sobre os riscos que o descontrole pode causar ao coração e à saúde de maneira geral. As ações estarão centradas também em mostrar de que forma a alimentação pode ser uma aliada na prevenção. E, para isso, publica um e-book gratuito que faz parte da série Diálogos com a Nutrição com base em Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular.
Entre os alimentos ricos em gordura saturada que devem ser restritos para evitar o diabetes e outras doenças como AVC, aterosclerose e pressão alta estão carne com gordura aparente, vísceras, óleo de coco, banha de porco, bacon, sobrecoxa e coxa de frango com pele, leite integral e queijos amarelos, além dos industrializados, como biscoitos recheados, bolos, salgadinhos e sorvetes.
“Afirmar que nenhum desses alimentos pode participar de nossas refeições é uma condição difícil de cumprir. Mas devemos ter em mente que estes consumos devem ser a exceção e não a regra”, orienta a diretora executiva do Departamento de Nutrição da Socesp, Juliana Kato.
Vegetais e peixes liberados
Já os vegetais e peixes frescos estão convidados para a nossa mesa diariamente. “Muitos trabalhos científicos mostram relação direta entre a substituição de parte da gordura saturada por poli-insaturados – como é o caso dos ácidos graxos e ômega 6 e ômega 3. O principal representante do ômega 6 é o ácido linoleico, cujas fontes são os óleos de girassol, milho e soja, além de nozes e castanha-do-Pará. Já os ácidos graxos da série ômega 3 são o ácido alfalinolênico de origem vegetal, encontrado na soja, na canola, na linhaça e na chia; e os ácidos eicosapentaenoicos (EPA) e docosaexaenoico (DHA), provenientes de peixes e crustáceos de águas muito frias dos oceanos Pacífico e Ártico. Mas a sardinha, a cavala e o atum também são boas fontes desses ácidos graxos”, indica a cardiologista.
Os ácidos graxos linoleico e alfalinolênico são considerados essenciais aos seres humanos, uma vez que não são produzidos pelo corpo, mas necessários em várias funções, incluindo a saúde cardiovascular, prevenção do câncer, função cognitiva, entre outras, sendo vital a ingestão por meio da alimentação. Por fim, a diretora da Socesp destaca que o equilíbrio é essencial em qualquer cardápio ou dieta.
“Devemos evitar, não proibir, o que sabidamente faz mal ao corpo, como as gorduras e os industrializados, e criando rotinas alimentares que incluam frutas, legumes e verduras. Devemos pensar na alimentação como um todo e não focado em apenas um alimento”, finaliza a nutricionista Juliana Kato.