Na última terça-feira (22) foi comemorado o Dia Mundial Sem Carro. A data é usada por entidades envolvidas com o debate sobre mobilidade urbana para chamar a atenção para alternativas a veículos individuais motorizados, como a bicicleta.
De acordo com o relatório mais atual sobre os ciclistas, denominada Perfil do Ciclista 2018, da Parceria Nacional pela Mobilidade por Bicicleta, 75,8% utilizavam o meio de transporte para ir ao trabalho, 61,9% para o lazer, 55,7% para fazer compras e 25,4% para ir à faculdade.
Dos ouvidos, 82,5% pedalavam mais de cinco vezes por semana, 59% usavam há mais de cinco anos, 55% levavam entre 10 minutos e 30 minutos em suas viagens, 40,3% têm renda entre 1 e 2 salários e 25.7% têm entre 25 e 34 anos de idade.
As principais motivações para pedalar são rapidez e praticidade (34,8%), saúde (25,8%) e custo (22%). Os principais problemas enfrentados são segurança no trânsito (40,8%), a infraestrutura (37,9%), segurança pública (7,9%) e sinalização (6,9%).
Ciclismo e pandemia
A União dos Ciclistas do Brasil lançou um documento com sugestões de adaptação das vias e estruturas de mobilidade no contexto da pandemia. Como o transporte público se tornou um vetor de transmissão do vírus e parte expressiva da população não conta com a possibilidade do transporte por carro, as bicicletas se tornaram uma alternativa de mobilidade.
As bicicletas também passam a ser empregadas crescentemente na logística. Os entregadores de aplicativo são um exemplo dessa tendência e forma de deslocamento.
“O transporte por bicicleta não polui o ar, evita contato físico direto e promove saúde e bem-estar. Além dos benefícios ambientais, há também benefícios socioeconômicos: trata-se de um veículo de baixo custo e acessível, sendo a ciclomobilidade a aposta de muitos países para recuperar a economia”, defendem os autores.
Uma série de cidades em todo o mundo, como Berlim (Alemanha), Bogotá (Colômbia) e Vancouver (Canadá) adotaram medidas emergenciais, como a construção de ciclovias temporárias (com sinalização ou com reserva de faixas com cones, por exemplo).
A construção dessas ciclofaixas pode ser feita a baixo custo, com sinalização. O documento sugere cores como amarelo e vermelho para remeter ao sinal de alerta e trazer maior contraste com o pavimento. São sugeridas também barreiras móveis para reforçar a demarcação e evitar acidentes causados por motoristas.
Outra alternativa é a ampliação de espaços para pessoas. Em Brasília, isso foi feito na pandemia em algumas vias. Mas, de acordo com os autores, ainda de forma limitada por ocorrer em alguns dias. Eles advogam pelo uso deste recurso de forma mais perene, com o objetivo de incentivar o deslocamento ativo.
Marcelo Santos destaca que várias cidades estão vendo o novo normal com a necessidade de incentivar a mobilidade ativa. “Sabe-se que no Brasil 70% das viagens são de no máximo 8 km, é uma distância viável para qualquer um pedalar. O desafio maior é da sociedade entender que esse é um momento de retornar diferentes”, opina.
Por Agência Brasil / Foto: Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)