No dia 13 de junho, a equipe do Corpo de Bombeiros conseguiu evitar o suicídio de uma mulher que estava em uma ponte do bairro Bonsucesso. Foram em média três horas de abordagem à mulher, que ao final, desistiu da ideia de tirar a própria vida, saindo da área de risco. O comandante do Corpo de Bombeiros de Rio Claro, Tenente Fábio Henrique Giovani, explicou que são usadas técnicas de Abordagem a Tentativa de Suicídio que envolvem além da parte operacional, também a questão psicológica que tem o objetivo de fazer a pessoa desistir de cometer o suicídio. Infelizmente, nem todos os casos são evitados. A cidade de Rio Claro registrou de janeiro a agosto deste ano, nove suicídios confirmados e 51 tentativas de suicídios, conforme dados registrados na Polícia Civil.
Os dados relacionados a esta doença são alarmantes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, um suicídio ocorre a cada 40 segundos no mundo. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. A depressão, doença considerada pela OMS, como o mal do século está diretamente relacionada a casos de suicídio. De acordo com a Organização, são mais de 300 milhões de pessoas que sofrem da doença e mais de 800 mil cometem suicídio em decorrência da depressão. Com a pandemia, existe também a preocupação do aumento de número de casos. Recentemente o presidente da Casa de Saúde Bezerra de Menezes de Rio Claro, Aparecido Chagas do Nascimento não precisou números, mas disse que o período trouxe sim, mais internações de pessoas diagnosticadas com depressão. “Principalmente em mulheres, não temos a estatística fechada no momento, porém houve registro de maior demanda”, ressaltou.
Para especialista, os vínculos estruturados e bem estabelecidos com a família, amigos e conhecidos podem ajudar, para que assim, em momentos de crises, o suicida tenha a confiança e a segurança de procurar alguém para pedir ajuda e falar sobre o que está lhe causando tanto sofrimento.
SETEMBRO AMARELO
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio em 10 de setembro. De acordo com CVV, isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda.
A ajuda pode vir de um amigo, parente, colega de trabalho ou escola, professores, ou alguém que está próximo a quem precisa e também dos voluntários do CVV, que são treinados para conversar com pessoas que estejam passando por alguma dificuldade e que possam pensar em tirar sua vida. Para conversar com um voluntário, basta ligar para o telefone 188, gratuito, que funciona 24 horas.
ATENDIMENTO
Em Rio Claro atendimentos de pacientes com depressão na rede pública são feitos nos Centos de Atenção Psicossocial. De acordo com informações da prefeitura, o Caps III é um serviço estratégico da atenção psicossocial com funcionamento 24 horas e quatro leitos de apoio à crise. Tem por objetivo acompanhar pacientes com transtornos mentais graves, oferecendo tratamento em regime aberto, com equipe multiprofissional visando a promoção da autonomia, cidadania e reabilitação psicossocial dos usuários.
O Caps III atende quadros de psicose e transtornos de humor graves. Em média são realizados cerca de 800 atendimentos por mês, envolvendo atendimento médico e atendimento com a equipe multiprofissional composta por psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social, além de equipe de enfermagem.
Os atendimentos prestados pelo serviço incluem atendimento médico, atendimento em grupo, individual, à família, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares e atividades comunitárias.
Conforme avaliação médica, os casos em que os usuários apresentam riscos para si e/ou para terceiros são encaminhados para internação psiquiátrica, por meio do sistema Cross (Central de Regulação de Operações de Serviços de Saúde) na Casa de Saúde Bezerra de Menezes.
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