O Dia Internacional do Teatro é comemorado em 27 de março e a cidade de Rio Claro contribuiu com a história desta arte com grandes nomes. Um deles, que é referência e deixou saudades para muitos artistas é Cérjio Mantovani, que nasceu em 7 de novembro de 1926, foi ferroviário, ator, diretor artístico, contador de histórias, cantor de músicas italianas, declamador, produtor cinematográfico e palhaço. Dirigiu o Teatro dos Ferroviários criado em 1950. Como destacam atores que tiveram a honra de trabalhar com Cérjio, ele dava o sangue para o teatro. Em um de seus artigos conta com muita honra a força dos grupos da cidade que levaram à criação em 1958 da Associação do Teatro Amador Rio-Clarense – A.T.A.R, proporcionando o primeiro espetáculo realizado por um conjunto de atores dos Grupos Teatrais existentes em Rio Claro na época.
A peça escolhida foi “Onde estás felicidade” de Luiz Iglesias, com Cérjio Mantovani no elenco. O espetáculo foi apresentado em 24 de abril de 1959 no Cine Variedades. Em 1966 Cérjio foi escolhido para dirigir o espetáculo “Antígona”, de Sófocles, para comemorar o aniversário da cidade. Além de premiações e outros trabalhos de sucesso que marcaram não somente a cidade e os artistas, mas a arte no contexto geral. Cérjio Mantovani é lembrado por sua representatividade, por sua essência como pessoa e como artista que partiu em 31 de julho de 2011.
“Eu comecei a fazer teatro muito cedo, o mundo do teatro foi aberto pelo meu pai que é o Tim Caniatto, então eu sempre ouvi falar dos grandes ícones do teatro rio-clarense desde Hélio Bergamasco, Belmiro de Almeida e, é claro, o saudoso Cérjio Mantovani. Eu fiz muita coisa com ele, desde muito moleque, desde os tradicionais Festivais de Esquetes que eram produzidos pelo grupo de Teatro Palanque, do qual meu pai fazia parte e eu sempre estava junto, sempre tentando brincar um pouco de teatro naquela época que já me divertia muito”, relembra o diretor, ator e professor de teatro Fábio Caniatto.
Ele conta que com o passar dos anos fizeram muitos outros trabalhos juntos. “Me lembro muito claramente de fazer dois a três anos seguidos a Paixão de Cristo que ele dirigia junto com uma galera enorme, chegamos a fazer em Estádio daqui e no Centro Cultural. A lembrança mais antiga que tenho do Cérjio Mantovani, eu em cena, era no espetáculo Crises de Habitações, no final da peça, meu pai fazia o Carmelo, o protagonista, e no final ele convidava um amigo que estava com dificuldade de moradia naquele momento a entrar e trazer a família e eu entrava ali, o Cérjio fazia o Vavá que era um pobre coitado que estava com dificuldade de arrumar uma casa naquele momento, entrava uma molecada e eu estava ali com ele. Quando eu fui professor do SESI durante quatro anos e meio, o Cérjio era o coordenador do Teatro Popular do Sesi de Rio Claro, então ele gerenciava aquele espaço, função que acabou sendo minha mais para frente e lá nos divertimos muito, toda a equipe do teatro, nós dois e o Jaime, eram muitas histórias que ele contava sobre as peripécias que o mundo do teatro proporcionou. Foi um grande parceiro do meu pai, chegou a fazer algumas aulas comigo no Sesi. Me ensinou bastante tanto como meu pai. Partiu precocemente, como Belmiro de Almeida, tinha muito a nos oferecer, grande ator, grande diretor e uma pessoa de coração enorme, tenho muitas saudades”, conta Fábio Caniatto.
Luna Junior
“Tive o privilégio de atuar com Cérjio Mantovani em 98 na peça “As peripécias do seu Pinto”. Foi um grande sucesso na época. Um grande aprendizado com o inesquecível mestre”, Luna Junior, ator, diretor e pesquisador.
Carla Parente
Cérjio Mantovani, uma pessoa especial, foi muito bom participar com ele no Grupo Palanque, todos os dias os ensaios eram maravilhosos, uma atenção enorme para ensinar e bater o texto. O que falar dessa equipe? Cérjio sempre um paizão para todos, elenco maravilhoso, muitas apresentações no Centro Cultural, Sociedade Italiana, Sociedade Cidade Nova, Sesi de Rio Claro, Piracicaba, Águas de São Pedro. Em cartaz por mais de um ano com a peça “As Peripécias de seu Pinto”, foi realmente incrível”, Carla Parente.
Carlos Klain
“Falar do Cérjio não é difícil, foi uma pessoa muito amorosa, o admirava muito, era pessoa determinada, otimista, encarava as dificuldades do lado positivo, tudo que tinha de dificuldade ele animava, chamava o grupo, chamava para ele a responsabilidade e todo obstáculo ele tirava de letra, ele nos ensinou muito, a postura, como você falar com o companheiro e passar para a plateia que ela sentia o que você estava falando, a plateia virava parte da história, ele tinha uma facilidade para desenvolver esse trabalho como diretor, era uma pessoa brilhante, era protetor, um paizão, bondoso, corajoso, forte, pessoa muito justa. Um grande amigo que perdemos”, Carlos Klain.
Etvaldo Klain
“Foi uma pessoa que tivemos muitos momentos bons, era uma turma muito bacana. Era uma amizade muito forte, uma troca, foi como uma terapia. Fizemos muitas apresentações. Cérjio sempre foi muito esforçado, dava o sangue pelo teatro. Foi um tempo muito feliz, alegre, sinto muitas saudades. Foi realmente um grupo muito bom e um tempo muito bom. É só saudade”, Etvaldo Klain – ator da velha guarda.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação