Hernani Leonhardt, Rafael Andreeta, Serginho Carnevale, Vagner Baungartner e Val Demarchi têm mais em comum do que compartilharem o plenário na Legislatura 2021-2024. Inspirados por seus pais, os cinco parlamentares são filhos de ex-vereadores.
Em seu segundo mandato, Hernani é filho de José Carlos Leonhardt (in memorian), o popular Zé Crinkk, que foi vereador no período de 1983 a 2000, com quatro mandatos consecutivos e assumindo a suplência em 2003, por seis meses.
Em seu segundo mandato, Rafael é filho de Valdir Andreeta, que foi vereador entre os anos de 1989 e 2012. Em seu primeiro mandato, Serginho Carnevale é filho de Sérgio Carnevale, que foi vereador no período de 1983 a 1988, de 1993 a 1996 e de 2005 a 2012.
Em seu segundo mandato, Val é filho de Aldo Demarchi, que foi vereador de 1977 a 1982, posteriormente ocupando cadeiras de vice-prefeito, prefeito e deputado estadual. Em seu primeiro mandato, Vagner é filho de Álvaro Baungartner (in memorian), o popular Cobrão, que foi vereador de 1983 a 1988.
O Diário do Rio Claro convidou os filhos de ex-vereadores, para falarem sobre a influência de seus pais para seguirem os passos na política. O vereador Rafael Andreeta não pode comparecer devido a compromissos anteriormente agendados. Quem também participou do bate-papo foi o ex-vereador e radialista Sérgio Carnevale.
Diário do Rio Claro: Como é ocupar a mesma cadeira ocupada por seu pai?
Val: É muito gratificante, você estar ali ocupando uma cadeira que seu pai sentou é muito orgulho, mas é uma responsabilidade muito grande também, pois foi uma pessoa que fez a diferença – não só o Aldo, mas das histórias que estamos ouvindo aqui – então tem que ter esse norte, esse prumo para representar esses nomes tão importantes da Câmara, é o principal. A responsabilidade de seguir nessa linha da coerência é até uma responsabilidade maior até do que para quem está chegando agora.
Hernani: É muito difícil essa responsabilidade. Você pega meu pai, que foi vereador por 20 anos, as pessoas esperam muito de você, pensam que você vai chegar cobrando pênalti e fazendo gol de bicicleta. E nossos pais foram vereadores exemplares, é um peso dobrado nas costas.
Serginho: Como entrei agora as pessoas cobram de mim uma postura igual à do meu pai e não tenho. Óbvio que a comparação é natural, mas para mim a maior coisa, um grande prazer é de andar pelo corredor que eu andava quando era criança. Me lembro dos rituais que meu pai tinha quando ia para a Câmara, fazia o nó na gravata e eu ficava observando. Hoje é o contrário, ele que me vê indo para a Câmara, mas tenho essa lembrança muito viva. Quero honrar o papel dele.
Vagner: A diferença é um pouco grande, meu pai foi vereador há 30 anos, mas eu me lembro de quando ele era vereador. Éramos em muitos irmãos, e meu pai fazia os filhos sempre andarem com um bloquinho, para anotar o que visse e fazer requerimentos. Não tinha celular, então cada irmão andava com um bloquinho. E isso eu faço até hoje, está aqui meu caderno comigo, anotando tudo. Meu pai era uma pessoa muito simples, sabia muito mal escrever ou ler, então a gente tentava ajudar. Mas ele era muito autêntico, com muito carisma.
Rafael: Ocupar a mesma cadeira é motivo de alegria e de grande responsabilidade que temos de dar sequência ao trabalho, estar do lado da população que também acredita no nosso trabalho e fazer com que Rio Claro prospere.
Diário do Rio Claro: Qual exemplo seu pai deixou e que tenta seguir?
Vagner: Uma coisa que eu ouvia meu pai falar, entrar na política realmente não é para qualquer um. Porque tem que gostar mesmo de ajudar os outros, ser solícito para conversar e atender. Uma coisa que ele disse e que me marcou muito é que a melhor maneira de ajudar as pessoas é fazer isso por atacado, que é ajudar não de um a um, mas tentar fazer uma coisa que vai atingir mais gente ao mesmo tempo, e a política é uma das maneiras mais fáceis de conseguir atingir esse objetivo, uma coisa que eu escutava e tento fazer igual.
Val: O homem público precisa ter o espírito de servir a população, então ouvir muitas demandas que chegam e encaminhar. Além de ter uma vida pública, que significa aceitar críticas, assimilar críticas, com as construtivas buscar melhorar e com as demais deixar de lado. Sem contar a coerência na política que importa muito, ter um norte e seguir isso, não ficar pulando de galho em galho, porque não leva a nada. A coerência é muito importante e é preciso aproveitar a oportunidade, que é uma oportunidade única de servir, uma responsabilidade muito grande.
Hernani: Meu pai entrou quando eu tinha 7 anos, por incrível que pareça, eu acompanhava ele em todas as sessões, eu era fã de política e sempre escutava que político tem que ter personalidade e não ficar em cima do muro, nunca se abster. Tem que ter uma linha e seguir essa linha, político não pode fazer um coisa de manhã e à tarde outra.
Serginho: Acho que além do que o Val falou, aprendi a lealdade, a lealdade não é item muito comum na política. E tem muito a ver com a linha de conduta, hoje você vê um dia o cidadão aqui, no dia seguinte em outro lugar, em outro barco. Meu pai sempre foi muito correto nesse sentido, sempre leal. Também aprendi com meu pai como redigir um requerimento e eu gosto de fazer, redigir o requerimento, que antes ele fazia na máquina de escrever.
Sergio: O vereador tem que ser o que é. Não adianta querer ser diferente, nem para lá e nem pra cá, ser sério, decente, tem que ter lealdade para resolver os problemas. Tem que ter trabalho sério, eu por exemplo, tive oportunidade de sair do PFL, mas não sai de jeito nenhum, era desse jeito que se fazia política, eu nunca mudei de ideia. Eu não era criticado por ninguém dos outros partidos, porque me respeitavam, sabiam que eu tinha uma linha.
Por Vivian Guilherme / Foto: Diário do Rio Claro