De acordo com uma pesquisa divulgada em julho, realizada pelo instituto Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM), os médicos são os profissionais com maior credibilidade em 2020 por parte dos brasileiros, com 35% de confiança da população. Os dados coletados pelo Datafolha a respeito dos médicos mostram ainda que 57% dos brasileiros avaliam como ótimo ou bom o trabalho médico, índice que sobe para 77% quando perguntados especificamente da atuação desse profissional no período da pandemia.
E 2020 não foi um ano fácil para os profissionais da saúde. Entre desafios e insegurança quanto a uma doença desconhecida, os médicos foram a linha de frente nesse embate que vitimou milhares de pessoas em todo o mundo. Para a médica especialista em Medicina do Trabalho e Pós-Graduanda em Perícias Médicas, Patrícia Rigobelo Chaud Zanão, atuar na linha de frente contra a Covid-19 é um turbilhão de sentimentos. “Saudades dos meus pais, irmãos e amigos, medo de adoecer e de ver familiares adoecendo, angústia por não saber prever o que vai acontecer, ansiedade pelo fim da pandemia, tristeza pelo sofrimento de tantas famílias, muita felicidade pela alta da maioria dos nossos pacientes”, revela em entrevista ao Diário do Rio Claro.
Atuando no Hospital Santa Filomena, Patrícia conta que vibrou com cada alta de idoso com comorbidades e tremeu de medo com a notícia de cada um que ia para a UTI, sem comorbidades. “Vários médicos saíram das escalas por medo, tensão, pânico. Eu e vários colegas trabalhamos no limite das emoções. Este ano é um marco na minha vida e na de milhares de pessoas. Quando a doença foi noticiada, não sabíamos ao certo como diagnosticá-la e como tratá-la e isso, por si só, já gera um sentimento de impotência”, relata.
Entretanto, a partir do estudo, dos testes, foi possível aprender dia após dia. “Tivemos um sucesso enorme no tratamento da maioria dos pacientes e, acho que por este motivo, houve uma redução gradativa da tensão entre todos nós. Sou grata a Deus por não ter adoecido mentalmente e fisicamente e por trabalhar em um hospital com muitos recursos, onde podemos tratar e internar precocemente os pacientes e, assim, evitar a tão temida UTI COVID e todas as complicações que nela existem.”
Como médica, Patrícia conta que seu maior desejo neste momento é que todos tenham acesso a um serviço de saúde de qualidade, com um acolhimento digno, um tratamento humanizado. “E que nós, médicos, possamos continuar nossa missão sem tanta tensão, com a chegada de uma vacina que seja, comprovadamente, eficaz”, aponta.
MEDICINA
Apaixonada pela profissão, Patrícia diz acreditar ter nascido para ajudar as pessoas, para zelar e dar atenção. “Lembro-me da infância com estetoscópio, seringas, colegas caindo no jogo de queimada da rua e eu correndo para lavar o ferimento e passar açúcar [risos] ou Merthiolate. Minha mãe teve grande influência nisso, sendo enfermeira e professora de pessoas que hoje são incríveis. A medicina é a arte de cuidar e sou muito realizada fazendo isso por tantas pessoas todos os dias. Nunca pensei em ter outra profissão e digo isso desde os 12 anos, na primeira entrevista de um concurso de crianças na escola.”
DATA
No dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico, um profissional responsável por cuidar e promover a saúde de toda a população. Essa data foi escolhida em referência ao Dia de São Lucas, o santo padroeiro da Medicina.
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