“A medicina está na alma”, com esta frase que o médico nefrologista Ricardo Garcia define o amor pela profissão que escolheu e que se dedica há 19 anos. E teve inspiração para seguir e trilhar este caminho. “Tenho um irmão que é médico, me inspirei muito nele e em sempre querer fazer o bem para o próximo”, lembra.
E esse fazer o bem para o próximo é o combustível que o ajuda a caminhar a cada dia e enfrentar os desafios frente a cada paciente, principalmente em um momento que envolve inúmeros sentimentos para os profissionais da linha de frente. Lidar com um obstáculo novo, lidar com o que era desconhecido, lidar com o inimigo invisível: o coronavírus. “Realmente é um momento angustiante para nós que atuamos na linha de frente. Mas, na verdade não passa na cabeça da gente abandonar a profissão devido a pandemia. Eu acredito que quem ser médico, quer sempre lutar e tentar curar o próximo independentemente da situação que você está vivendo, seja uma pandemia, uma guerra, independentemente de qualquer coisa a medicina está na alma da pessoa”, declara.
Em meio a tantos desafios da atualidade e novos aprendizados, esses profissionais precisam controlar outras emoções. “Quem está na linha de frente tem que saber lidar com essas duas situações, a comemoração quando dá tudo certo com a cura e também com a partida, ficamos muito tristes e com bastante reflexões para a vida nesse momento tão instável”, avalia.
Lá se vão 7 meses de luta contra o vírus, muitas conquistas e perdas sendo vistas diariamente, mas que são extremamente importantes para o crescimento. “Penso isso todo os dias, a pandemia é um marco na minha vida, na minha profissão, porque é um situação de exceção, não era nossa rotina, nosso dia a dia. Aprendemos sempre, tanto quando ganha, tanto quando a gente perde. No momento de curar uma pessoa a gente está sempre refletindo e no momento de perda também, o que poderíamos ter feito melhor para isso não ter acontecido. Fomos adquirindo experiência, no decorrer da pandemia que foi nos dando mais tranquilidade, fomos aprendendo a lidar e perdendo o medo também”, pondera o especialista que nesta data tão importante para o seu setor, não deixa de pensar no próximo que é o que sempre o move. “O meu principal desejo, gostaria que meu país desse melhores condições para o povo brasileiro na medicina, na saúde, como postos de saúde suficientes para atender toda a população, hospital do SUS com leitos suficientes, médicos qualificados e prontos socorros bem equipados”, ressalta.
Ser médico é controlar os sentimentos para curar
Atuando há 25 anos na medicina como cardiologista sendo 20 deles na Santa Casa de Rio Claro, está a Dra Kelen Cristina Guedes Machado que carrega a paixão desde criança pelo sonho que batalhou e conseguiu realizar: ser médica.
Neste ano, não hesitou em ser uma das primeiras a se candidatar para atuar de perto com os pacientes de Covid-19 na ala especializada criada na Santa Casa de Rio Claro. Assim como diversos profissionais, driblou o sentimento do medo, para servir e cumprir a cada dia o juramento da profissão. “No começo fiquei bem assustada, mas fui uma das primeiras a se candidatar a trabalhar no isolamento junto com a equipe da Santa Casa, com o doutor Marco Aurélio, nosso coordenador, a nossa coordenadora Thaiane que infelizmente veio a falecer por Covid no nosso serviço. É muito difícil. Esse cotidiano na ala Covid realmente é uma luta dia a dia”, disse.
No combate diário contra as doenças e em busca da cura, a profissional dá espaço para reconhecer e agradecer às lições positivas que sempre estão presentes. “É um aprendizado, uma união. Fizemos um serviço forte, com a demanda da cidade e região toda. Temos aprendido muito. Desde o começo ouvia se falar de protocolos de medicações, se usa ou não. Hoje temos o nosso protocolo que é baseado no Hospital Emílio Ribas da USP de São Paulo. Estamos a cada dia crescendo mais, crescendo sempre, formamos um equipe forte com colegas todos com experiência em UTI, temos um serviço bastante qualificado, um suporte da nefrologia que é extremamente importante e todas as outras equipes multidisciplinares. Desde o início da pandemia, nós aprendemos muito, tivemos que estudar, lidar com situações inesperadas, é um vírus extremamente agressivo, com contágio muito fácil. Nenhum momento nos faltou EPIs e fomos nos adequando ao isolamento, aos cuidados, aos protocolos, tratamentos adversos. Hoje crescemos como pessoas, como profissionais, fizemos aqui na Santa Casa uma grande família, agradeço muito”, diz.
Em data que comemora a sua profissão o presente que ela deseja é que todos saiam dessa fase como pessoas e profissionais melhores. “Espero também que A situação se estabilize, com uma vacinação, com tratamento e muita orientação para a cidade em especial. Meu sonho de consumo é que todos tivessem acesso a saúde, a bons profissionais, bons equipamentos e bons serviços de atendimento”, almeja a cardiologista.
DATA
No dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico, um profissional responsável por cuidar e promover a saúde de toda a população. Essa data foi escolhida em referência ao Dia de São Lucas, o santo padroeiro da Medicina.
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