Quando falamos sobre relações tóxicas, é comum citar temas como os de relacionamentos amorosos, do ambiente familiar e do trabalho. Porém, existem diferentes tipos desse quadro. Aqueles que são originados de amizades, por exemplo, são os menos citados entre eles. Amigos tóxicos são denominados como ‘parasitas’ emocionais, eles não apresentam interesse em ganhos materiais, mas utilizam artimanhas para deixar o outro vulnerável àquele vínculo e, como consequência, produzir dependência afetiva e psicológica.
O indivíduo faz o outro acreditar que se importa e deseja o bem, podendo demonstrar afeto e proteção. Com isso, consegue manter a pessoa maltratada leal e disponível para ser consumida por toda carga negativa de pensamentos confusos e complicados. Esse comportamento pode ser nocivo à vítima e resultar em sentimentos como solidão, insegurança e esgotamento, que impactam diretamente no bem-estar e estado de humor.
De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, professora Daniele Eloise do Amaral Silveira Kobayashi, para identificar os sinais basta analisar como você se sente ao interagir com esse amigo. “Se essa amizade tem muitos pontos egocêntricos ou narcisistas, pouco equilíbrio nas trocas e demandas emocionais desnecessárias, esse pode ser um alerta de que as coisas não estão como deveriam”, explica.
Perceber que o laço já não faz mais sentido, para a vítima, pode demorar meses ou até anos. Abaixo, a docente detalhou comportamentos corriqueiros preocupantes, confira:
Falar muito de si mesmo e não dar abertura para as suas emoções
Você pode falar à vontade sobre suas emoções e, até mesmo, dividir um problema. Em vez de te ajudar, a pessoa rapidamente colocará uma situação pessoal à frente, ignorando tudo que foi dito antes. “Nesses casos, nada do que o indivíduo diz parece ser mais importante do que as experiências do tal amigo, que faz todos os assuntos girarem em torno de si mesmo”, afirma.
Não respeita sua personalidade
O amigo expõe suas vulnerabilidades e zomba delas em público e geralmente o pedido de desculpas é acompanhado da típica frase “essa não foi a intenção”. A docente orienta que nesse caso vale recapitular as atitudes do colega, pois se há repetições nesse comportamento despretensioso, pode chegar em um ponto em que você acabe distorcendo a imagem que tem sobre si mesmo.
Pessoas que acreditam estar em uma constante competição
Você foi promovido no trabalho após dois anos, porém o amigo alcançou esse feito em menos de um. Independentemente das circunstâncias, bem ou mal, a pessoa sempre fará a história dela se sobressair e assim, se sentir superior aos demais. “Em uma troca afetuosa comum, é normal que se sinta feliz pela vitória do outro, algo que não acontece em amizades abusivas”, avalia.
Críticas destrutivas que te colocam pra baixo
Conselhos sempre são bem-vindos, ainda mais de um amigo que não quer nos ver mal. No entanto, quando as críticas apontam mais falhas e vêm em excesso, talvez seja o momento de ter mais atenção ao compartilhar segredos com esse amigo. “Receber apoio sobre as situações da vida não é a mesma coisa que ter seus defeitos apontados a qualquer momento. É preciso ter sensibilidade e empatia nesses momentos e, quando perceber que há satisfação ao apontar erros, é preciso ficar atento”, aconselha.
Como se desvencilhar de laços tóxicos?
Geralmente, o amigo tóxico está no escuro e não sabe o quanto o comportamento dele é prejudicial. Justamente, por sua característica narcisista e egoísta, falta tato com os sentimentos alheios. Por isso, o ideal é se preparar bem antes de ter uma conversa séria. “De forma objetiva, é importante abordar os pontos de incômodo nessa relação”, explica. “É preciso tomar cuidado para que a conversa não se torne uma briga, portanto, é preciso estar de coração aberto para assumir as dores sem ataques”, completa.
Ao apresentar as circunstâncias, pode ser que o amigo tóxico entenda os apontamentos e se mostre arrependido. Dar continuidade a amizade é uma opção, mas em qualquer sinal de desinteresse quanto aos seus sentimentos, afaste-se. “O nosso bem-estar emocional precisa ser protegido e até mesmo laços de anos podem ser rompidos quando o relacionamento nos faz mal”, finaliza a docente.
Foto: Divulgação