O Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial é comemorado em 21 de março. A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em memória das vítimas fatais do massacre de Sharpeville, que ocorreu em 21 de março de 1960 durante o regime do Apartheid, na província de Gautung na África do Sul.
Nesse episódio, 69 pessoas foram assassinadas e 186 feridas pela polícia sul-africana. As vítimas faziam parte de um grupo que protestava contra a Lei do Passe, de 1945, que exigia que os negros portassem uma caderneta que indicava onde eles poderiam ir, a cor, a etnia, a profissão, e que restringia seu acesso aos bairros brancos da cidade. O porte do registro era obrigatório e devia ser mostrado sempre que era solicitado pela polícia sob risco de prisão. A manifestação pacífica virou massacre quando um grupo de policiais abriu fogo contra os manifestantes.
Esse foi um dos temas discutidos no programa Diário de Manhã de quarta-feira (19). A artesã Bell Rezende falou sobre a importância de data para fomentar discussão e reflexão sobre o tema. “Esse dia de luta foi construído em cima de um massacre. Hoje, mais de 60 anos depois, ainda temos muito a avançar”, comentou.
Para Bell, Rio Claro é uma cidade com muitos avanços e espaços abertos para a população negra. Como exemplo, ela citou os equipamentos de atendimento e proteção disponíveis no município, como o SOS Racismo que funciona no Centro Cultural Roberto Palmari. O serviço recebe denúncias de racismo e outros crimes cometidos contra os negros.
“A Janice recebe as denúncias e orienta a vítima sobre o que e como fazer. Muitas vezes, quando a pessoa é vítima de racismo fica imobilizada e sem saber como agir. Nós temos leis e essas leis precisam ser cumpridas”, destacou Bell, ressaltando a importância de divulgar a existência desses mecanismos de proteção.
“A gente precisa ter entendimento e estar preparada para agir e sair dessas situações”. De acordo com a artesã, o Brasil tem uma sociedade racista e o racismo é estrutural. “Às vezes a pessoa age sem pensar, repetindo um padrão de comportamento”.
Além do SOS Racismo, Rio Claro tem ainda a Assessoria Municipal dos Direitos Raciais, comandada por Maria Lourdes da Silva. Segundo Bell, o órgão é responsável por articular políticas públicas em prol da população negra. O atendimento é feito no paço municipal, próximo à entrada da Avenida 3.
A cidade possui ainda o Conerc (Conselho Municipal da Comunidade Negra), presidido por Ronivaldo Gardiano da Silva, o Pai Rony, além do Comitê Técnico de Saúde da População Negra, dois clubes sociais (Tamoyo e Patrô), o Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão, Universitária (Nupe) na Unesp (Universidade Estadual Paulista), entre outros grupos como Feira das Pretas, Equipe Palmares etc.
“Rio Claro tem um suporte que muitas cidades não têm. É importante que a população saiba, e não apenas os negros. A luta contra o racismo é de toda a sociedade, pretos, brancos, e outras etnias”, observou Bell, frisando a necessidade de os segmentos sociais promoverem a inclusão das minorias nas atividades e eventos que realizam.
A entrevista de Bell Rezende pode ser conferida na íntegra pelo link https://www.youtube.com/watch?v=1E8MWgQPQgc. O programa Diário de Manhã vai ao ar de segunda a sexta-feira, a partir das 8 horas, com transmissão ao vivo pelo Facebook e YouTube do Diário do Rio Claro.
Por Ednéia Silva / Foto: Diário do Rio Claro