De um lado a jovem Thaici, de 25 anos, do outro a Florisa, de 105 anos. O que elas têm em comum? Carregam o amor de mãe, amor este que as duas e a maioria das mulheres definem como: inexplicável, mas com toda certeza o maior amor de todas as relações.
Nesta data tão importante, o Diário do Rio Claro traz relatos e experiências dessas duas mulheres de gerações tão distantes, separadas por 80 anos, mas com algo tão singular que transcende no olhar de cada uma: a gratidão por receberem a dádiva de serem mães.
Aos 25 anos, a mamãe de primeira viagem nem imaginava que um dia carregaria em seu ventre o melhor presente já recebido, porém, o príncipe Arthur que chega nos próximos dias, já fez muita transformação. A vendedora Thaici José está no final da gestação e com tudo pronto para a chegada do primeiro filho. “No começo quando descobri minha gravidez, foi tudo muito confuso, até porque eu não planejei nada, a notícia me fez perder o sono, a fome, fiquei totalmente sem chão, uma mãe é mãe desde o primeiro instante. Mesmo quando a vida ainda é um minúsculo ser implantado no ventre, a gente já é mãe do coração. Todo nosso pensamento, todo nosso cuidado se volta para esse serzinho que, tão minúsculo, já provoca emoções tão grandes”, explica Thaici sobre as primeiras emoções ao receber o resultado positivo da gravidez.
E dizem que quando nasce uma mãe, além do amor, nasce também a preocupação, a culpa, com a Thaici não foi diferente. “Pensava como seria daquele momento em diante, como iria contar para os meus pais, para o pai da criança que agora é meu marido, serei responsável por alguém, terei que cuidar para sempre de alguém. Serei exemplo e estrutura para alguém? Serei tudo na vida de uma pessoa que ainda não nasceu, mas já depende tanto de mim, o meu único medo era de não ser boa o suficiente para transformar essa pessoinha em alguém melhor do que eu quero ser”, observou a jovem sobre a tão temida função que passou a exercer, a de mãe, mesmo com o filho ainda no ventre.
Mas de algo ela não tinha dúvidas, ali começara a melhor experiência de todas, talvez a mais responsável, a mais temida, contudo carregada de orgulho e amor. “Tive a certeza de que esse é o começo da grande descoberta da minha vida. Nunca me imaginei MÃE, tinha planos arquitetados, estava estudando para fazer um intercâmbio, e do nada mudei minha vida toda. Tenho certeza que esse meu filho é uma benção, o amorzinho da mamãe”, se emociona e se orgulha ao falar do Arthur, nome escolhido pelo pai. “Sempre tive na cabeça que seria menino, nunca imaginei o nome nem nada, mas no fundo sempre soube que seria meu príncipe, meu presente de Deus. O Bruno, meu marido, quem escolheu o nome, não vou falar que foi fácil, porque eu pesquisei vários, mas quando ele disse ARTHUR, eu amei”, comemora.
Passado todo o medo do início, Thaici conta que foi acolhida por todos, afinal, quem consegue resistir à tanta coisa boa que uma gestante remete, sendo a principal, gerar uma vida? Família e amigos compartilharam de toda alegria ao longo da gestação. Aí vieram os presentes, o tão aguardado chá revelação para informar o sexo do bebê, a preparação do enxoval, a decoração do quartinho, enfim tudo pronto para a chegada do mais novo membro da família. “Minha gestação tem sido bem tranquila, graças a Deus não tive nenhum problema, me preocupo só com essa pandemia, que acaba deixando a gente temerosa, pois não sabemos ao certo como é esse vírus”, salienta.
Daqui para frente a futura mamãe faz questão de frisar a maior inspiração, sua mãe Cidineis Dos Santos. “Peço a Deus proteção e que me dê sabedoria, saúde, assim como minha mãe sempre teve para comigo e meus irmãos. Minha mãe, exemplo de mulher, guerreira, sempre cuidou tão bem de mim, sempre fez papel de mãe e pai também, mesmo eu tendo meu pai, que é e está sendo uma benção em minha vida nessa gravidez. Só tenho a dizer que Deus sabe o que faz, que vou procurar ser a MÃE que eu tive, e me orgulho em falar que sou sua filha.”
Amor e diálogo foram predominantes na relação da Florisa, de 105 anos, com os quatro filhos
Quem se emociona em falar do seu principal papel na vida é a Florisa Guilherme, de 105 anos. Em entrevista para o Diário, ela se surpreende ao dizer a idade, sorri e se diverte. Aliás uma de suas características, sempre foi muito animada e disposta. A rio-clarense teve quatro filhos: Célia, Eduardo, Nilva (falecida) e Ana Maria. Até pouco tempo uma de suas atividades favoritas era passear e viajar ao lado da filha Célia, porém com a pandemia precisou se adaptar em casa e aí os papéis se inverteram um pouco mais.
A filha Célia Guilherme Marcondes, de 78 anos, também passou a ser um pouco mãe da dona Florisa, ela já se dedicava aos cuidados diários com a mãe, e que aumentaram após o isolamento social, mas não pense que muitas outras coisas mudaram, pois o respeito de filha permanece. “Ela sempre se preocupou, quando eu não morava com ela eu sempre tinha que avisar quando saía e a hora que chegava”, disse ainda que a mãe sempre foi um pouco mandona. Mas a Florisa faz questão de ressaltar que tudo é por cuidado e preocupação com os filhos.
Sobre o papel de mãe, dona Florisa não hesita em dizer que foi e é o de maior orgulho. “Ser mãe é muito bom, representa tudo, representa amar a Cristo”, disse orgulhosa que os filhos foram muito bem educados.
Um fator predominante para ela. “O maior ensinamento foi ensinar o evangelho para meus filhos, incentivei estudar, dei uma formação muito boa para meus filhos, vivemos momentos muito bons, vivemos bem”, observa.
Além de mandona, como a Célia ressaltou, outra característica foi predominante na relação mãe e filhos. “Eu era amorosa, demais, exagerada até”, avalia Florisa.
Quando o assunto é o conselho para as mamães dos tempos atuais, ela deixa claro que o amor e o diálogo são essenciais. “Está faltando atenção e diálogo dos pais. Os filhos de hoje, um almoça em cada canto, um na TV, celular, computador. Oriento amar os filhos e conversarem mais, ouvirem os filhos, eduquem. Eu tenho orgulho dos meus filhos, nunca me deram trabalho”, salienta.
A missão da Florisa como mãe é reconhecida. “Eu só tenho gratidão a Deus pelo amor e zelo para comigo. O amor dela para comigo é imensurável”, agradece Célia.
Janaina Moro / Foto: Divulgação