A era é da tecnologia, temos que reconhecer. E muitos pais e responsáveis enfrentam dificuldades em manter as crianças longe das telas, mas, na verdade, elas acabam precisando também conviver com a tecnologia, visto que, é essa a geração e as crianças precisam até mesmo pela necessidade de utilizar nos estudos. Porém, atenção, o tempo deve ser moderado para cada idade e o conteúdo controlado pelos pais. Outro fator importante é não esquecer das brincadeiras lúdicas, o estar presente com a criança em brincadeiras que vão ajudar em seu processo.
A psicopedagoga Aline Secco Buchidid esclarece ao Diário do Rio Claro que o momento da brincadeira é uma oportunidade de desenvolvimento para a criança. Através do brincar, ela aprende, experimenta o mundo, possibilidades, relações sociais, elabora sua autonomia de ação, organiza emoções. “Às vezes os pais não tem conhecimento do valor da brincadeira para o seu filho. A ideia muitas vezes divulgada é a de que o brincar seja somente um entretenimento, como se não tivesse outras utilidades mais importantes”, observa a especialista.
Aline explica que através do jogo, a criança compreende o mundo à sua volta, aprende regras, testa habilidades físicas, como correr, pular, aprende a ganhar e perder. O brincar desenvolve também a aprendizagem da linguagem e a habilidade motora. A brincadeira em grupo favorece alguns princípios como o compartilhar, a cooperação, a liderança, a competição, a obediência às regras. “O jogo é uma forma da criança se expressar, já que é uma circunstância favorável para manifestar seus sentimentos e desprazeres. Assim, o brinquedo passa a ser a linguagem da criança”, salienta.
MENOS TELAS
Limitar o uso de telas como celulares, videogames ou computadores — é difícil para quase todas as famílias, reconhece a psicopedagoga destacando que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reeditou um guia de orientação aos pais sobre o uso de telas. “Para algumas pessoas, os limites — que vão até 3 horas diárias de uso — são muito rígidos para a realidade das famílias brasileiras. Os momentos de descanso são os mais afetados pelo uso descontrolado de celulares, principalmente entre os adolescentes. A luminosidade atrapalha a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono. Soma-se a isso o fato de que os adolescentes naturalmente sentem sono mais tarde. São eles os que mais sofrem as consequências da privação de sono, como a falta de atenção”, explica Aline.
A psicopedagoga destaca recomendações para ter uma relação saudável com a tecnologia:
1 – Evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas, sem necessidade (nem passivamente);
2 – Crianças com idades entre 2 e 5 anos: limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora/dia, sempre com supervisão;
3 – Crianças com idades entre 6 e 10 anos: limitar o tempo de telas ao máximo de 2 horas/dia, sempre com supervisão;
4 – Adolescentes com idades entre 11 e 18 anos, limitar o tempo de telas e jogos de videogames a 2-3 horas/dia, e nunca deixar “virar a noite” jogando;
5 – Não permitir que as crianças e adolescentes fiquem isolados nos quartos com televisão, computador, tablet, celular, smartphones ou com uso de webcam; estimular o uso nos locais comuns da casa;
6 – Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma hora antes de dormir;
7 – Oferecer alternativas com atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão;
8 – Nunca postar fotos de crianças e adolescentes em redes sociais públicas, por quaisquer motivos;
9 – Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;
10 – Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados. Saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam), é responsabilidade legal dos pais/cuidadores;
11 – Em vez de tirar o celular da mão de seu filho, seja criança ou adolescente, converse com ele sobre os limites e instale aplicativos de controle de tempo de uso de celular. Alguns apps dão aos pais a capacidade de bloquear determinado conteúdo acessado por seu filho;
12 – Em vez de liberar as telas por mais tempo nos fins de semana, use este período em que a família tem menos compromisso para fazer alguma atividade juntos. Além de afastar os filhos das telas, a família se aproxima;
13 – Para quem não pode sair todo fim de semana, outra dica é aproveitar para usar a tecnologia junto, sem ultrapassar o limite diário indicado por faixa etária. Vale jogar videogame para dois, assistir a um filme e discutir sobre ele etc;
14 – Outra dica é usar brincadeiras lúdicas, como desenhar, ler livros, brincar com jogos de tabuleiros para preencher o tempo de seu filho e aproximá-lo de você;
15 – Chame amigos de seu filho para fazer algo em sua casa. Assim, a diversão é garantida mesmo sem necessitar de telas para entreter;
16 – Fique sempre atento ao que seu filho está acessando, principalmente na internet. Coloque-se sempre à disposição dele para ajudá-lo quando qualquer dúvida surgir;
17 – Converse com o seu filho sobre os perigos que ele pode encontrar pela internet, como vídeos sobre violência, pessoas solicitando fotos e download de arquivos. Oriente seu filho a sempre conversar com você caso veja algo de errado na internet;
18 – Preencha a semana de seu filho com atividades extracurriculares, pois toda vez em que eles estiverem ociosos, vão querer se entreter com alguma tela;
19 – Os pais podem conversar com a escola de seus filhos sobre medidas que podem ser tomadas na unidade de educação a fim de alertar os alunos sobre os riscos de fazer consumo das telas sem nenhum tipo de limite;
20 – De nada adianta brigar com o seu filho para ele sair da frente do celular, computador ou videogame se você faz exatamente o contrário. Nestes casos, dar o exemplo é mais que necessário.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação