Foi na Copa de 2014 que o quadrinista cordeiropolense Eder Modanez fez o primeiro desenho de sua história em quadrinhos “O Girassol e o Samurai”. O esboço do samurai com um girassol surgiu como um presente para o filho, que naquela ocasião torcia para o Japão nos jogos. Naquele momento decidiu criar uma HQ utilizando o personagem para a revista que já circulou diversas feiras e eventos de quadrinhos do Estado.
Em entrevista ao Centenário, o artista explicou que para a ideia sair da cabeça e se materializar no papel, era necessário criar uma lenda acerca da personagem. “Então elaborei uma história simples, que contaria com um herói que, buscando aprovação, enfrentaria um inimigo maior que ele próprio”, relata.
Quando o sonho se tornou realidade com a edição independente do material autoral, realizou o lançamento de “O Girassol e o Samurai” no Festival de Quadrinhos Animeira, que ocorreu no dia 25 de junho de 2016. “Esse trabalho me mostrou a segurança no traço e nele coloquei tudo o que havia aprendido sobre quadrinhos até então”, argumenta sobre o resultado final da revista.
Depois do lançamento, ainda em 2016, o quadrinista e sua esposa Lua Modanez decidiram trabalhar juntos e criaram o Gigante Guerreiro Ateliê. “Nesse mesmo ano ela [a esposa] havia se formado em Artes Visuais e dava aulas de Artes em escolas estaduais. Atualmente trabalhamos com oficinas de artes visuais, publicações independentes e projetos gráficos editorais sob encomenda, como livros, revistas e quadrinhos”, esclarece.
Aos 35 anos, Modanez começou como todo garoto: desenhando um pouco aqui, um pouco ali. Mas só entrou de cabeça no universo depois de 2013, quando teve contato com a cena nacional de quadrinhos independentes. Foi neste ano que fez sua primeira HQ curta denominada “Terceira Porta à Esquerda”. “Algo muito experimental na época, tanto que não fiquei satisfeito com o resultado e procurei aprimoramento em desenho. A publicação de “O Girassol e o Samurai” foi como um teste final”, avalia.
Com forte influência dos mangás (estilo de desenho japonês), o artista não se considera um magaká (termo para designar o artista que desenha mangás). “Não considero meu estilo mangá, nem quero pois recebo influências de artistas americanos, italianos e até argentinos e filtro o que mais gosto em cada um deles. Com os japoneses aprendi a diagramar melhor os quadros dentro das páginas, nisso eles estão anos à frente dos americanos”, analisa.
PAIXÃO
Mesmo não se considerando um desenhista de mangá, o artista reiterou sua paixão pela cultura oriental – afirmação que já havia feito ao redator deste texto em uma feira de cultura geek. “A paixão pelo Japão e a cultura oriental começou assistindo desenhos animados e séries de super sentais na TV. Depois passou para videogames e todas as revistas que falavam sobre o assunto. Ficava curioso para saber mais daquele país que era potência em desenvolvimento eletrônico e que ao mesmo tempo mantinha vivo seu passado com a arte contemporânea dos desenhos animados. A cada filme novo podia conhecer um pouco mais do país, dos costumes ou mesmo alguma lenda antiga”, comenta.
PUBLICAÇÃO
Questionado sobre o modelo independente que empregou na publicação de sua HQ, destacou que são diversos pontos positivos, entre eles o controle da obra. Contudo, resolveu experimentar a publicação por uma editora. “Apesar de gostar de ter o controle sobre toda a obra, resolvi experimentar a publicação com editora, ainda que de forma bem modesta. Trata-se de uma antologia, sendo assim terei um pequeno espaço, mas que irá servir para testar esse outro modelo de publicação”, frisa.
NOVIDADE
Sua participação na Antologia HQ Pluralis, da editora Scortecci Quadrinhos, será com uma pequena história chamada “Otávio Martínez – A Maldição do Beco”, que acompanha o personagem Otávio resolvendo casos envolvendo fantasmas, demônios e outros tipos de criaturas sobrenaturais. O trabalho tem roteiro de Jack Fernández, que é graduado em letras e participou de outra antologia, a “Prosa, Versos, Artes e Cores. “Nessa antologia, utilizo o Otávio para revisitar aquela história que fiz em 2013, com os mesmos personagens, mas dando um outro sentido”. O lançamento acontece no dia 7 de agosto deste ano na 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Sobre uma possível continuação de “O Girassol e o Samurai”, Modanez destaca que já está trabalhando em uma sequência e em breve estará disponível.