A jornalista Vivian Guilherme atua há quase 15 anos na profissão, já assumiu e comandou vários projetos na imprensa rio-clarense e, atualmente, ocupa o cargo de chefe de redação do Diário do Rio Claro, onde chegou em 2018 quando o Centenário passou por uma grande reformulação. Porém, mantendo a sua credibilidade no mercado, o seu formato de fazer jornalismo e ao mesmo tempo trazendo novos elementos a um dos jornais mais antigos do país e que nunca interrompeu suas atividades.
Importante destacar, visto que há anos as indagações sobre o fim do impresso permearam os meios de comunicação, que o Diário do Rio Claro foi na contramão e segue com sua história ao longo dos 135 anos completados neste 1º de setembro.
“Da mesma forma que tanto se falou sobre o fim do rádio, o fim da TV, com o surgimento da internet, o que vimos foi o contrário, um fortalecimento desses meios eletrônicos e, claro, uma renovação, adaptação à realidade digital. Um exemplo disso são os podcasts, que estão em alta hoje e são uma nova roupagem do rádio; os vídeos do Youtube e os serviços de streaming, uma nova roupagem da televisão; da mesma forma, o jornal ganhou uma nova roupagem na internet. Entretanto, um diferencial do jornal enquanto empresa é a credibilidade que uma marca traz. São várias as pesquisas que mostram que a população confia nas informações veiculadas no jornal impresso, isso também é muito ligado à ideia do papel. Quando se firma um contrato, por exemplo, o papel tem força de documento. No Arquivo Histórico a edição pode ser digitalizada, mas o impresso é guardado também. Acredito que esteja ligado à ideia de nuvem, hoje temos todas as informações na nuvem, algo intocável, distante, mas o impresso é palpável, é real, traz consigo a ideia de verdade. Por isso acredito que o jornal impresso nunca vai acabar”, observa Vivian.
Se os meios de comunicação tradicionais precisaram acompanhar a evolução tecnológica, a pandemia também trouxe outra realidade. A adaptação precisou ser feita dentro e fora das redações, porque o trabalho não parou e foi inclusive um dos mais requisitados. “A pandemia trouxe desafios para todas as profissões, principalmente com a necessidade de quarentena. Entretanto, os jornalistas continuaram trabalhando da mesma forma, pois foi considerada profissão essencial. As redações continuaram a funcionar, mesmo que em modelo home-office. Acredito que isso diz muito sobre a profissão em si, nesse período em que as pessoas foram obrigadas a se isolar, o jornalismo foi a janela, foi o responsável por manter a população informada sobre tudo que estava acontecendo na cidade e no mundo”, ressalta a jornalista.
De dois anos para cá uma notícia que não ficou de fora das páginas de todos os jornais, inclusive do Diário foram as relacionadas ao coronavírus, números, vacinas, todas as informações que a população busca saber sobre o tema com veracidade. Definir os assuntos é algo complexo e exige muito do profissional que comanda. “Decidir o que é ou não notícia é uma tarefa de responsabilidade. Os meios de comunicação são responsáveis por pautar e orientar a narrativa. Definitivamente não é uma tarefa fácil. O primeiro ponto é sempre pensar no leitor, o que ele quer ver, qual a necessidade e o quanto vai impactar, principalmente, na vida do maior número de pessoas. Em segundo, eu sempre penso para daqui a 50 anos. Quando pegarem o jornal daqui a 50 anos, o que querem encontrar? Por isso acho muito relevante pautas que, às vezes, parecem insignificantes, por exemplo, a inauguração de uma escola, a votação de um projeto na Câmara. Pois, daqui a 50 anos poderá ter gente pesquisando nossa história e a fonte será o jornal. Mas, claro, sem esquecer as demandas da comunidade que procuram o jornal para dar voz a problemas cotidianos, como falta de iluminação no bairro, uma rua sem asfalto. E isso também mostra importância de um veículo de imprensa, muitos nos procuram porque sabem que depois que sai no jornal, o problema costuma ser resolvido”, esclarece.
135 ANOS: UMA VIAGEM NO TEMPO
Se é notícia está nas páginas do Diário do Rio Claro. Muitos fatos históricos podem ser conferidos em uma coluna especial criada para destacar o que foi relevante. Uma espécie de viagem no tempo e que confirma a credibilidade do veículo de comunicação. “É intrigante pensar que o Diário foi fundado três anos antes do Brasil se tornar República. Estamos falando de um jornal que acompanhou, registrou, divulgou toda a história da nossa cidade desde a época em que o Brasil era monarquia. E continua aqui, registrando e divulgando a história do nosso povo. Acompanhar a coluna “Há 50 anos no Diário”, que sai diariamente na página 2, é viajar no tempo. O Diário divulgou a primeira viagem à lua e na semana passada estávamos publicando viagens da SpaceX. Eu me sinto privilegiada em poder trabalhar em um jornal com tanta história, o meu nascimento foi publicado no Diário, na coluna da dona Mara. E até hoje o Diário continua fazendo parte da vida dos rio-clarenses e a isso se deve essa permanência, em entender que a comunicação é necessária, é essencial e que a população busca por isso. Rio Claro é muito forte na comunicação e isso é histórico, qual cidade no Brasil tem um jornal com tiragem ininterrupta por 135 anos?”
INOVAÇÃO
É preciso acompanhar as mudanças do mercado, o Diário tem feito isso e levado a informação de várias formas ao seu público. “Apesar de ser um jornal Centenário, o Diário conseguiu acompanhar a tecnologia. Um exemplo disso é a distribuição da edição digital. O Diário foi o primeiro do município a distribuir a edição em PDF por WhatsApp e Telegram, e faz isso gratuitamente. Também ingressamos nas redes sociais com páginas no Facebook e Instagram. Afinal, o público está se renovando, há quem goste da edição impressa e há quem prefira o digital, além do público jovem que tem o hábito de se informar pelas redes sociais é uma forma de oferecer informação de qualidade a todos os públicos”, mencionou a chefe de redação.
Por Janaina Moro / Foto: Diário do Rio Claro