Em pouco tempo, não haverá mais dinheiro físico, isso significa que milhares de pessoas, que não têm acesso às tecnologias digitais e outras que não dominam o seu uso, serão colocadas à margem da sociedade, estarão absolutamente fora do sistema, o que se constituirá o mais novo genocídio da humanidade.
O mundo é grande para a quantidade de pessoas que nele habitam, mas parece cada vez mais o contrário, porque há muitas pessoas concentradas em poucos espaços, isso torna cada vez maior a competição por moradia, transporte, trabalho, estudo e alimento. E essa luta insana, somada aos maus hábitos, comprometem desnecessariamente a saúde de milhares de pessoas.
Sistemas econômicos — seja o capitalismo ou o socialismo — e regimes políticos — seja a democracia ou a ditadura — nada mais são do que meios de controle social por parte daqueles poucos que detém 80% da riqueza existente no mundo, ou seja: os que, de fato, mandam no mundo. Decidem o que fazer, quando, onde, como e através de quem. E decidem também o que não fazer.
Nenhum homem isoladamente, nenhum partido político, nenhuma religião irá, jamais, resolver os problemas da humanidade, como por exemplo, a fome, a miséria, a intolerância, a desigualdade social, a concentração de riquezas, os privilégios da classe política à custa do abandono e da miséria à qual são relegadas milhares de pessoas sem nenhuma possibilidade de defesa. Problemas esses que, de algum modo, afetam a todos, na medida que são um dos fatores que geram a violência urbana que ceifa vidas e assola a esperança e a oportunidade de muitos.
Esses problemas apenas serão resolvidos quando a maioria de nós se conscientizar de sua breve passagem neste mundo, da inutilidade de se viver aqui como se aqui fosse viver para sempre, de que países, estados e até mesmo cidades são falsas demarcações geográficas que nos dividem ao invés de nos unir, de que se nos ajudássemos uns aos outros, cada qual dispondo de seus recursos intelectuais, físicos e morais, ao invés de disputarmos entre nós por espaços, posições e coisas, as misérias do mundo seriam bem menores e de mais fácil solução.
Quando, enfim, soubermos nos colocar na condição do outro, antes de acusá-lo e agredi-lo, quando nos dispusermos a construir ao invés de destruir relacionamentos, de somar ao invés de subtrair benefícios possíveis, de trocarmos ao invés de comprarmos e vendermos, consciências e experiências, respeitando evidentemente o direito de escolha de cada um, quando os governos pararem de amontoar os fracos de caráter, com tendências irresistíveis à maldade, em depósitos de seres humanos e se dispor a educá-los para a vida, para o convívio social, curando-os, assim, das suas mazelas do corpo e da alma, quando os que mais possuem dividirem aquilo que talvez jamais utilizarão com aqueles que, de fato, nada possuem, quando trocarmos o olhar de ódio que acirra os nossos ânimos pelo olhar de ternura, aí, sim, quando um abraço e um sorriso e o diálogo racional e educado substituírem um tiro, uma facada, um soco e uma ofensa, poderemos nos chamarmos de irmãos.
Então, você que agora lê estas linhas, já parou pra pensar quem e o que há por trás de um candidato a presidente da república, seja ele o que posa de herói ou seja ele o pau mandado?
Nem ele e nem o partido político dele, nem o grupo econômico que ele representa e do qual é apenas um empregadinho a cumprir ordens, não irão solucionar os nossos problemas.
Temos visto isso ao longo do tempo, mas estamos fortemente atados à ilusão que nos faz crer e esperar pelo herói libertador, seja qual for, que não virá, jamais.
Tudo o que é necessário fazer para tornar o mundo melhor, cabe a cada um de nós fazermos. E podemos fazer desde que arranquemos de nossos corações o orgulho e o egoísmo.
Perdoe-me arrancá-lo da sua tola ilusão, caro leitor, que, um dia, também foi a minha. Mas é necessário. Tenha uma ótima sexta-feira, receba o meu abraço.
Por Geraldo J. Costa Jr.