O historiador Rafael Christofoletti conta que, assim como em outros momentos da história política brasileira, o feriado de 7 de setembro representa a conquista de poder de uma elite agrária. “[Essa elite], aliada a uma emergente burguesia comercial, impetra um golpe de estado, e fez a independência”, comenta.
Mesmo com a independência declarada, Christofoletti afirma que a estrutura colonial foi mantida. “Se olharmos nas entrelinhas da história, vemos que foi apenas substituição de quem mandava. A figura de Dom Pedro I atendeu as expectativas dos grupos citados e ocorreu a independência, toda a estrutura colonial foi mantida, principalmente a manutenção da escravidão”, destaca.
CASAMENTO CURTO
De acordo com o professor, o casamento do imperador com a elite econômica durou pouco. De 1822, ano da independência, até 1824. “O imperador não gostou do caráter liberal da constituinte e, sem respeitar a opinião de ninguém, adicionou o quarto poder, o poder moderador, que efetivamente o colocava no comando”, define.
COMPLETO
Ele explica ainda que o processo que começou com a independência só se completa, no entanto, com o golpe de 1889, que instaura a república no país.
DOMÍNIO
Segundo o professor, a independência representou o fim do domínio português que, para aceitar o desmembramento, cobrou 2 milhões de libras. “[Isso] depois de ter explorado o país por mais de três séculos”, enfatiza.
RESPEITO
Questionado se há o que comemorar na data , foi enfático: “O sete de setembro e tudo o que ele traz de representatividade (símbolos nacionais, verde e amarelo, civismo), tem que ser comemorado no dia em que aqueles que recebem o voto do povo passem a tratar esse povo com o respeito, pois é esse povo o verdadeiro dono do poder”, finaliza.
OPINIÃO
O aposentado Joel Krugner disse à reportagem que, no período escolar, ainda na década de 1950, o civismo era mais latente. “Todas as quartas-feiras o grupo ficava no saguão com a bandeira hasteada e cantava o hino nacional”, recorda.
Para ele, isso representava o amor à pátria. “Naquele tempo, tinha uma honra e satisfação. Hoje, se perguntar para uma criança ou até mesmo a um adulto o que significa a data, não vão saber”, critica.
Ele destaca que falta disciplina nas escolas. “Devia ter uma lei para que todos os cadernos dos alunos tivessem o hino nacional”, defende.
Adilson Casagrande, também aposentado, segue a mesma linha. “O civismo era bem mais nítido que hoje. No sete de setembro, os alunos saíam em desfile. Era um patriotismo fora do comum”, reforça ao lembrar que tem orgulho de ser brasileiro.
O subtenente Vagner Firmino da Silva, do Tiro de Guerra de Rio Claro, lembra que em sua adolescência ainda existia a aula de educação moral e cívica. “Cantava toda semana o hino nacional, mas isso foi se perdendo”, relata.
FÔLEGO
O subtenente destaca que atualmente o cenário está mudando. “A minha filha, por exemplo, que tem oito anos de idade, canta o hino nacional e tem o hasteamento da bandeira”, diz ao destacar que, no Dia do Soldado, visitou escolas estaduais do município e percebeu o resgate dessas tradições.
ATO
Ato cívico foi realizado em Rio Claro na manhã de sexta-feira (6), em comemoração aos 197 anos da Independência do Brasil, celebrada nesse sábado (7). Autoridades civis e militares participaram da solenidade, na qual foram cantados os hinos Nacional, de Rio Claro e da Independência.
“A data nos chama à reflexão da independência do Brasil e do que temos feito para a independência que queremos e isso se dá a partir de atitudes que fazem a diferença”, disse o prefeito João Teixeira Junior, o Juninho da Padaria (Democratas). “Temos trabalhado com outras esferas de governo e instituições para realizações que favorecem o desenvolvimento de Rio Claro”, acrescentou o prefeito Juninho, observando que essa é uma luta de todos, em que é fundamental que haja uma sociedade fortalecida.
André Godoy, presidente da Câmara Municipal, destacou a importância das instituições. “Cabe-nos valorizar a história e o civismo e as instituições são fundamentais para que tenhamos consciência civil”, observou Godoy