O ano era 1980, o início da Década Perdida, conforme ficou posteriormente conhecido aquele período em que a crise financeira fez mergulhar em dívida externa e déficits fiscais os países da América Latina. No Mundo da Literatura, a essa altura do mês de janeiro, as propostas já estavam sendo enviadas à Academia Sueca, pois no dia 1º de fevereiro seriam encerradas as inscrições para a 77ª Edição do Prêmio Nobel de Literatura.
Depois de selecionar entre os inscritos os vinte melhores candidatos, no mês de maio o Comitê de Avaliação restringiu a lista a apenas cinco autores que, até o momento da votação final, em outubro, tiveram suas obras analisadas.
Na ocasião, o polonês Czesław Miłosz recebeu o Prêmio Literário pelo Conjunto da Obra e, apesar do grande destaque que alcançou em todo o Mundo, não obteve muita atenção do Brasil. Nascido na Lituânia, em 30 de junho de 1911, o poeta, romancista e ensaísta viveu naquele país quando ainda pertencia ao Império Russo. Durante a Segunda Guerra Mundial, ficou na clandestinidade e combateu as forças de ocupação nazistas em Varsóvia. Terminado o conflito, atuou no Governo Comunista da Polônia, entretanto, em 1951, desiludido com as atrocidades do Regime Vermelho, desertou para Paris.
O fato que, certamente, o distanciou do establishment brasileiro foi o de ter publicado em 1953 ‘Zniewolony umysl’, uma coletânea de ensaios que abordam a submissão dos intelectuais ao comunismo e que ganhou uma edição no Brasil – pasmem! – somente em 2010, depois do trabalho de tradução e edição realizados por Jane Zielonko e Editora Novo Século. Além de ‘A Mente Cativa’, como ficou traduzido esse Clássico da Literatura, poucos exemplares de outras obras de Miłosz podem ser encontrados à venda no site Estante Virtual. Uma Dica Literária do Diário do Rio Claro – o Arquivo Histórico da Família Rio-Clarense.
Premiação criada por vontade de Alfred Nobel teve a 1ª Edição em 1901
O Prêmio Nobel de Literatura é concedido anualmente a um autor de qualquer país do Globo que tenha produzido o trabalho mais notável. A premiação é uma das cinco estabelecidas pela vontade de Alfred Nobel. As demais são o Nobel de Química, o Nobel de Física, o Nobel de Medicina [atribuídos por especialistas suecos] e o Nobel da Paz [atribuído por uma comissão do parlamento norueguês].
Nascido no dia 1º de outubro de 1833, Alfred Nobel foi um importante químico que, em 1867, inventou a Dinamite. Morreu em 10 de dezembro de 1896, deixando Testamento com indicação da criação de premiação anual às pessoas que mais contribuíram com a Humanidade. Desde 1901, cada laureado recebe uma medalha de Ouro, um Diploma e uma quantia em dinheiro decidida pela Fundação Nobel.
Elias Canetti e Gabriel García Marques receberam o Prêmio Literário
Embora considerada a Década Perdida no que diz respito à Economia, na Literatura o decênio não deixou a desejar e, além de Czesław Miłosz, outros Grandes Escritores receberam o Nobel, tais como Elias Canetti [1981] – que, aliás, escreveu o majestoso ‘Auto de Fé’ – e Gabriel García Marques [1982] – cuja Magnum Opus é o igualmente admirável ‘Cem anos de Solidão’. Marques, inclusive, figura entre os cinco latino-americanos contemplados, os demais foram: Gabriela Mistral [1945], Miguel Ángel Asturias [1967], Pablo Neruda [1971], Octavio Paz [1990] e Mario Vargas Llosa [2010]. O Brasil, infelizmente, nunca recebeu o Nobel de Literatura.
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