Os três primeiros meses de 2022 registraram aumento expressivo de todos os tipos de crimes contra o patrimônio, quando comparados ao primeiro trimestre de 2021. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, os furtos e furtos de veículos tiveram crescimento mais acentuado, mas roubos e roubos de veículos, crimes cometidos mediante uso de violência ou ameaça, também sofreram acréscimo.
O caso que mais chama atenção é o furto. Somente nos primeiros três meses de 2022 foram 132.782 casos, contra 103.290 no primeiro trimestre de 2021, um crescimento de 28,5% nos crimes.
Os furtos de veículos subiram 21,4%, de 18.282 no primeiro trimestre de 2021 para 22.211 em 2022.
Os roubos de veículos cresceram 16%, passando de 7.819 nos primeiros três meses de 2021 para 9.065 em 2022. O roubo também aumentou de 55.751 casos de janeiro a março de 2021 para 59.904 em 2022 (7,5%).
Para a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati, os números demostram uma falha na estratégia de combate ao crime por parte da Secretaria de Segurança Pública. “É impossível a polícia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas com análise de dados, inteligência, estratégia e agilidade, é possível mapear e monitorar os pontos de maior risco, ampliando a segurança da população”, avalia Raquel Gallinati. “Infelizmente, hoje esse trabalho não é feito de forma eficiente porque faltam policiais e infraestrutura para que a Polícia Civil possa cumprir seu papel”.
Com essa percepção de impunidade, os criminosos ficam mais ousados e hoje, além dos veículos, o grande alvo dos marginais passou a ser o telefone celular da vítima, que possui enorme potencial para outros crimes e fraudes, pondera. “Vivemos uma verdadeira epidemia de furtos e roubos de celulares. O criminoso leva o celular da vítima, além de conseguir um aparelho que tem grande valor de revenda, ele tem um equipamento importante para o crime organizado, que pode ser infiltrado dentro de presídios para comunicação. Ele também tem acesso a aplicativos bancários e de dados pessoais, abrindo um enorme leque de novos crimes contra a vítima, como uso de dados para compras online e transferências via PIX. Por fim, ele também passa a ter acesso às redes sociais das vítimas, com a possibilidade de fraudes contra amigos e familiares”, explica a delegada Raquel. “O roubo ou furto de um único celular pode lesar centenas de pessoas”, completa.
Para a delegada, a solução do problema exige investimentos do Governo na Segurança Pública, em especial na Polícia Civil, que registra sérios problemas de infraestrutura e falta de efetivo, que chega a 15 mil policiais. “Faltam mais de 36% dos policiais necessários no Estado. Hoje, a Polícia Civil é como um time de futebol que entra para o jogo só com sete atletas em campo. Trocar o comando da Polícia Civil é como trocar o técnico desse time que continua desfalcado”.