Um caso chocante, que vem repercutindo desde o final de semana em toda a região, e continua tendo desdobramentos: uma criança de apenas três anos foi resgatada na tarde da última sexta-feira, dia 2, da casa do pai, onde vinha sendo mantida sem alimentação e sob condições altamente insalubres, segundo as autoridades que estiveram no local.
A ação teve apoio da Guarda Civil Municipal e do Conselho Tutelar, em cumprimento a uma determinação do Ministério Público, expedida após o pai da menina, um homem de 36 anos, ter recusado por outras vias autorizar a avó da criança a vê-la.
Quando os agentes do Conselho Tutelar e da GCM chegaram à casa do pai, num condomínio no Jardim Portugal, a cena encontrada por eles seria descrita depois como “chocante”. A menina estava num colchão no chão de uma sala, e não apresentava nem mesmo reações a estímulos, tamanho o grau de inanição e desidratação.
Ela estaria sem alimentação há pelo menos 40 dias, e seu pequeno corpo já expunha as formas do esqueleto sob a pele. O ambiente era sujo e desorganizado. A fralda que a criança vestia estava suja.
O pai, que segundo o registro policial também havia deixado de se alimentar e se encontrava debilitado, teria dito que ele e a filha não tinham como obter alimentos e que a ideia era de que “morressem juntos”.
A mãe da menina, segundo as investigações, faleceu quando ela era pouco mais do que uma recém-nascida. Todas as tentativas da família da mãe da criança para ajudar o pai teriam fracassado, por decisão dele, que não permitia aproximação.
A criança foi levada inicialmente para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Cervezão e depois encaminhada para a Santa Casa, onde está recebendo diversos tipos de suporte e atendimento. As últimas informações até o fechamento desta edição eram de que ela estava estável.
Já o pai foi levado para atendimento médico e para Plantão Policial, onde foi autuado em flagrante por maus tratos. Posteriormente ele passou por audiência de custódia, na qual a Justiça o liberou para responder ao inquérito em liberdade.
De acordo com as autoridades, foi levado em conta para a decisão o fato de que a criança já não mais se encontra sob os cuidados dele e está recebendo atendimento adequado. A família da avó da menina busca por via judicial obter a guarda da criança.
O Ministério Público de Rio Claro informou que está recorrendo da decisão, para que o pai da menina fique preso preventivamente. A Promotoria argumenta que as ações e decisões do homem apontam para a tipificação não de maus tratos, mas sim do crime de tentativa de homicídio.
Foto: Polícia Militar