As aulas particulares têm sido alternativa encontrada para pais e professores. Que elas já existiam, todo mundo sabe, porém, agora, tanto oferta quanto procura, surgem por outros motivos. Professores que se viram sem aulas, sem emprego e responsáveis preocupados com o desenvolvimento dos filhos. Foi o caso da jornalista Poliana Ribeiro Penteado, a prioridade sempre foi a questão de saúde do filho Miguel Ribeiro de Arruda Penteado, de quatro anos, e segundo ela se retornasse a aula presencial, não o levaria, portanto neste momento optou por uma professora particular. “Ele está na fase da pré-alfabetização, quando começa a desenvolver todas as habilidades mais finas com a mão, como segurar o lápis, por exemplo, se a criança atrasa muito com isso, ela vai ter dificuldades para aprender. Foi uma coisa certa que fizemos”, declara ao Diário do Rio Claro.
Então, decidiu contratar as aulas particulares da professora Amanda dos Santos Romero Maia, formada em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Rio Claro). O resultado, segundo Poliana, foi positivo já no primeiro encontro. “Por ficar tanto tempo em casa, achei que ele não iria se entrosar tão fácil, mas acredito que pelo fato de não ter tido contato externo por todo esse período, ele me surpreendeu, amou, já foi, conversou, fez tudo que a professora pedia, todas as atividades. Eu também adorei”, disse a jornalista.
A pedagoga Amanda atua em uma escola particular de educação infantil em Rio Claro. Com o início da pandemia, sabendo que não poderia voltar com aulas presenciais, iniciaram na unidade as aulas online com o auxílio de uma plataforma e também aulas ao vivo com os alunos, uma vez por semana. Como estava em casa buscou agregar mais para ela e para o próximo. “Comecei a produzir materiais e dicas de atividades e brincadeiras, que ajudassem as famílias neste período, e logo recebi uma mensagem de uma psicopedagoga, a Aline Buchidid, me convidando para um trabalho em parceria. Assim, descobri um novo caminho, as aulas particulares. Atendo na sala dela, em uma clínica e também atendo em domicílio, com todos os cuidados necessários”, observa Amanda que até então não havia trabalhado com aulas particulares. Segundo a professora, a demanda tem sido significativa. “A procura foi muito boa desde o começo, entendo que as famílias estão muito preocupadas com o desenvolvimento dos filhos, e buscam outras alternativas. Divulgamos nosso trabalho diariamente, assim conseguimos alcançar e ajudar várias famílias. Tem sido uma experiência completamente nova, com desafios, porém apaixonante. Estar perto das crianças e conseguir ajudá-las de alguma forma, receber o carinho das famílias, me deixa muito feliz e realizada, ainda mais neste período tão complicado, no qual precisamos nos reinventar”, salienta.
A pedagoga Thaís Camargo que é formada em Pedagogia pela Unesp e está cursando Psicopedagogia na Ufscar também optou pela aulas particulares. Ela estava ministrando aula online no município de Santa Gertrudes desde o mês de março, porém, como ela informou, a prefeitura rompeu com o contrato esta semana. “Isso me fez buscar alternativas de trabalho, comecei a divulgar meus serviços como professora particular. Eu vou até a casa dos alunos e faço acompanhamento pedagógico ou dou aulas de reforço, de acordo com as necessidades de cada família. Acredito que o ensino remoto tem sido um desafio para muitos pais e ter um professor particular pode fazer muita diferença no aprendizado da criança”, observa.
Com a formação, ela pode atuar na educação infantil e ensino fundamental I (1º ao 5º ano). Uma das alunas da Thais estuda em escola particular de Rio Claro e está com aula online desde o início da pandemia, porém os pais perceberam que a aluna estava sobrecarregada com este novo formato, portanto contrataram também os serviços da Thaís. “Estou fazendo acompanhamento pedagógico, não é reforço, é ajudar nas atividades que a escola passa. Algumas famílias percebem que o aluno está acumulando e ficando com atividades atrasadas. Também atuo para ajudar as crianças que estão com dificuldades no aprendizado”, explica.
Thaís avalia que a partir do dia 8, mais pessoas devem recorrer a este serviço. “Acredito que a procura vai aumentar com o retorno das escolas municipais de forma remota. Muitas pessoas trabalham, tem as atividades da casa e também da escola da criança, a gente sabe que não é fácil, se pode ter alguém para auxiliar, isso também ajuda”, completa.
Rio Claro não terá neste ano o retorno das aulas presenciais na rede municipal, portanto a decisão foi oferecer atividades para os alunos de forma remota. Os materiais poderão ser retirados nas unidades ou no portal da Secretaria de Educação. A jornalista Poliana pretende acompanhar o processo com o filho, mas não abrir mão das aulas com a professora particular. “Mesmo que tenha muita coisa para fazer, vamos continuar com as aulas particulares. Apesar de não ter o contato com crianças, não estar brincando com outras crianças, este momento com uma professora é importante. Ele está no maternal 2, vou fazer as atividades com ele, vou acompanhar, mas vou deixar a professora para que ele tenha como algo a mais e não como acompanhamento da escola, que acredito que vai mandar material para todos os dias, o que seria legal. Pode ser que eu aumente as aulas particulares de uma para duas vezes na semana. São trabalhos só com ele, apesar de não ter o contato com outros alunos, acho que está bem melhor do que ficar parado sem este tipo de atividade”, avalia Poliana.
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