Técnica de baixo custo permite ver o novo coronavírus dentro da célula em 3D
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um método que permite visualizar o material genético do novo coronavírus dentro de células. Baseado na técnica conhecida como hibridização in situ por fluorescência – FISH (fluorescent in situ hybridization) –, ele permite visualizar o vírus nas células em três dimensões e a marcação simultânea de outros componentes celulares.
“Geralmente, os laboratórios usam técnicas que permitem verificar o aumento da carga viral em uma cultura de células ou tecidos infectados, como o qPCR. No entanto, essas técnicas não comprovam que o vírus está dentro das células ou mesmo em que parte da célula ele se instalou, o que é muito importante na compreensão da doença”, diz Henrique Marques-Souza, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, que liderou o desenvolvimento do método, à Agência Fapesp.
Hospital das Clínicas de Campinas começa testes de vacina contra covid
O Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) iniciou hoje (6) os testes clínicos da vacina contra o novo coronavírus (covid-19). Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Além de Campinas, outros cinco centros iniciam nesta semana as testagens da nova vacina. Ao todo, os experimentos serão feitos em 12 locais selecionados em todo o país, seis deles em São Paulo.
No Hospital das Clínicas de Campinas os testes serão feitos com 500 voluntários. Os recrutados receberão duas doses da vacina em um intervalo de 14 dias, sendo que, metade vai receber um placebo (substância semelhante à vacina, mas sem efeito real). A partir da aplicação, eles serão monitorados por um ano pelo centro de pesquisa para avaliar se os que foram imunizados desenvolveram mais proteção contra o vírus do que aqueles que receberam o placebo.
A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus, inativo. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
O Instituto Butantan deve concluir em outubro ou novembro os testes com cerca de 9 mil voluntários em centros de pesquisas de seis estados: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Na China, o produto já foi testado em mil pessoas após ter apresentado bons resultados nos experimentos com macacos.
Chamada de Coronavac, a vacina começou a ser testada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, em 21 de julho.
Diretor do Instituto Butantan defende confiabilidade de vacina chinesa
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, rechaçou nessa quinta-feira (6) questionamentos sobre a confiabilidade da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. Ao citar que a farmacêutica AstraZeneca, responsável pela chamada vacina de Oxford, que também deve ser produzida no Brasil, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também tem um grande laboratório no país asiático, ele ressaltou que não há motivos para preocupação em relação à nacionalidade da vacina.
“A gente tem que lembrar que o nosso telefone Apple é feito na China e são feitos inúmeros outros produtos industriais, inclusive as grandes farmacêuticas todas têm grandes laboratórios e grandes investimentos na China. A China é um país que tem um investimento muito pujante hoje em ciência. É uma ciência que se ombreia com qualquer outro país do mundo e muitas vezes em termos de volume até superior. Não há motivos para descaracterizar ou desconsiderar uma vacina pelo fato dela ter sido desenvolvida inicialmente na China”, ressaltou Covas ao participar da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de enfrentamento à pandemia.
Foto: Governo de São Paulo