“Nossa vida é lutar pelo povo. No incêndio e no salvamento. Se o destino está sempre em jogo, só Deus nos dá seu alento.” Os versos da canção dos Bombeiros, de autoria do Sd PM Luiz Alberto Rocha, são os que melhor definem a trajetória dessa instituição, que há 140 anos salva vidas, sonhos e esperanças.
A criação do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo está relacionada ao incêndio que destruiu a biblioteca da Faculdade de Direito e o arquivo do Convento de São Francisco, na Capital, em fevereiro de 1880. O episódio causou consternação e levou a um discurso indignado do então deputado Ferreira Braga, que destacou a necessidade de uma cidade “tão rica quanto populosa” como São Paulo ter um corpo de bombeiros.
Então, em 10 de março de 1880, a Assembleia Legislativa provincial estabeleceu a Lei nº 6, que autorizava o governo a organizar uma seção de bombeiros com 20 integrantes e a adquirir os equipamentos necessários ao cumprimento da missão.
Ao longo desses 140 anos, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo cresceu e tornou-se uma das referências em resgates, salvamentos e combate a incêndios, além de ser a responsável por coordenar o sistema de emergências. Atualmente, a corporação é composta por 20 Grupamentos de Bombeiros (GB) distribuídos no Estado, um Grupamento Marítimo (GBMar), com sede em Guarujá, além dos comandos da Grande São Paulo, do Interior, e de outras unidades administrativas e operacionais. O efetivo conta com mais de oito mil homens e mulheres e tem o apoio de 2,4 mil viaturas.
Somente em 2019, esses homens e mulheres que colocam a vida em risco para salvar o povo atenderam 4,3 milhões de ligações pelo telefone 193 (emergência) e realizaram 236,9 mil resgates, 69,7 mil salvamentos e 51,4 mil incêndios. Também foram promovidas 5,5 mil ações educativas, 77 mil prevenções em praias e balneários e socorridas 247,3 mil vítimas.
Os bombeiros paulistas também executaram missões em outros Estados, como em Brumadinho (MG), em 2019. Ao todo, 169 bombeiros auxiliaram nas buscas às vítimas do rompimento das barragens.
O Governo do Estado investe constantemente para garantir o padrão de excelência do corpo de bombeiros. Ao longo do último ano, foram investidos R$ 23,5 milhões na aquisição de 76 viaturas.
Operação Baixada Santista
Desde o último dia 3, as equipes do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo trabalham nas ações de resgate e salvamento das vítimas das fortes chuvas que castigaram a região. Mais de 200 homens e mulheres estão empenhados na missão, que agora está concentrada na região da Barreira do João Guarda, no Guarujá. Durante as ações, dois bombeiros – Cabo PM Rogério de Moraes Santos (43 anos) e Cabo PM Marciel de Souza Batalha (46 anos) – perderam a vida, após salvarem dezenas de pessoas.
Rio Claro
De acordo com o Comandante do Corpo de Bombeiros de Rio Claro, Tenente Fábio Henrique Giovani, há na cidade duas divisões, que é o Posto de Bombeiro de Rio Claro, e o Subgrupamento de Rio Claro. Há, segundo ele, um Capitão na cidade que comanda uma sub-região, que engloba alguns municípios adjacentes, como Araras, Leme, Pirassununga, São João da Boa Vista, Espírito Santo do Pinhal, São José do Rio Pardo e Mococa, além de Rio Claro. Tenente Giovani explica que se trata, então, do Subgrupamento, que conta com três bombeiros auxiliares.
Quanto ao Posto de Bombeiros, que encontra-se nas mesmas instalações, atende Rio Claro, Santa Gertrudes, Ipeúna e Corumbataí, e conta com integrantes do administrativo e de prontidão. No total, são aproximadamente 38 bombeiros. Conforme ele, são três prontidões, que são nomeadas por cores – a verde, amarela e azul, sendo que cada uma trabalha 24 horas, folgando 48.
Para o Tenente Giovani, o exercer o ofício é por amor à profissão, uma vez que estará sempre atendendo as mazelas da sociedade, tais como incêndios, desabamentos, acidentes de trânsito com vítimas, e outros. “Quem é bombeiro é porque gosta, porque está ali para ajudar o próximo de alguma forma. Noutros países, é passado de pai para filho. É uma questão hereditária.
E são bombeiros voluntários, uma vez que exercem outras profissões. Por aqui, é o nosso ofício principal”, expõe. Por fim, encerra dizendo que, apesar da data relevante, o momento é de tristeza, uma vez que foi encontrado o corpo do segundo bombeiro que havia falecido quando da semana passada no Guarujá, litoral paulista, em virtude de um deslizamento. Segundo ele, os bombeiros encontram-se em luto de três dias.
Foto: Diário do Rio Claro