A dona de casa Daiane Raimunda de Sousa Matos avalia a conta de energia elétrica alta para apenas três pessoas e tenta fazer de tudo para o valor não aumentar a cada mês. “Eu acho muito, pagamos R$ 100 por mês. Tento economizar, desligo tudo, a televisão, pouco tempo no chuveiro, apago as luzes”, disse.
E avalia como positivo se ela pudesse ter a opção de escolha. “Infelizmente, temos uma opção, seria muito melhor ter concorrência e a população escolher para quem pagar”, disse.
Não é diferente na casa da artesã Tânia Rister. Por mês, pagam uma média de R$ 100 a R$ 110. “Eu acho caro. Tento fazer economia e gastar o mínimo possível. Apagamos luzes quando não estamos no ambiente, deixo acumular roupas para lavar de uma só vez e ferro uso o mínimo possível”, relatou.
A opinião delas é a mesma da maioria dos entrevistados do levantamento feito pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), em parceria com o Ibope. A pesquisa apontou que 87% das pessoas consideram sua conta de energia cara, número que subiu 4% em relação ao ano passado. Aqueles que consideram excessivos os impostos cobrados em sua conta de luz são 65% e 64% disseram fazer esforço para economizar energia para não atrapalhar o orçamento familiar. Para 57% da população, o custo da energia cairia, caso houvesse abertura do mercado.
Os dados revelam ainda que 79% das pessoas consultadas gostariam de ter um mercado livre para escolher a sua fornecedora de energia. O percentual é 10% maior do que o obtido na avaliação de 2018. Segundo a Pesquisa de Opinião Pública 2019 sobre o que pensa e quer o brasileiro do setor elétrico, lançada na capital paulista, 68% dos entrevistados trocariam hoje a sua fornecedora de energia.
Para o Consultor econômico e financeiro Edilson Fernandes de Souza, esta poderia ser uma alternativa positiva, desde que o consumo também fosse consciente. “Cada região é uma empresa que atua isoladamente, se abrisse concorrência, automaticamente os preços diminuiriam, mas a empresa atuando sozinha aplica o preço que vê como necessário e a população paga, então por que não liberar a concorrência? Teoricamente, deveria sobrar mais dinheiro no bolso da população.
Em termos, porque, muitas vezes, por estar uma conta mais em conta, as pessoas acabam aumentando o consumo e isso é prejudicial, porque a energia é constituída através da água e como temos muitos períodos de escassez, o interessante é fazer a população economizar energia e que não gaste mais. Reduzir o preço, se fosse para manter o consumo, seria interessante, agora se analisar que pode gastar mais, estaríamos criando um problema de ecossistema, importante analisar isso também”, avaliou o especialista.
De acordo com a Abraceel, o objetivo da pesquisa foi o de saber a opinião dos cidadãos sobre a possibilidade de escolher seu fornecedor e até mesmo de produzir sua própria energia. Foram ouvidas 2.002 pessoas, entre os dias 23 e 27 de maio, de 16 a 55 anos, em todas as regiões do Brasil. “Os resultados apontam um crescimento constante no interesse do brasileiro em ter liberdade de escolha.
O Brasil não pode caminhar na contramão do mundo. Países desenvolvidos abriram seus mercados de energia e desfrutam de uma economia e de um crescimento de produção que o nosso mercado também merece”, disse o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, à Agência Brasil.
Segundo Reinaldo Medeiros, o mercado livre no Brasil já existe, embora restrito a grandes consumidores que alcançaram uma economia em torno de R$ 185 bilhões nos últimos 16 anos.