Cientistas em todo o mundo têm como seu bem mais precioso a reputação. Medem, calculam, corrigem e pensam a cada palavra dita, escrita, publicada, checando sempre tudo obsessivamente. Somos treinados para sermos céticos, para falarmos sempre de maneira cautelosa sobre os atuais objetivos das pesquisas. Raramente especulamos em público sobre o que virá no futuro, além da geração atual de sua comunidade de especialistas. Principalmente quando o assunto são os avanços da tecnologia.
Mas, esse comportamento funcionava bem quando uma geração de ciência e tecnologia durava mais do que uma geração humana.
Um bom exemplo é a mecânica, desenvolvida por Issac Newton. Foram uns 300 anos até que Einstein propusesse sua relatividade especial e geral, que mostram a mecânica newtoniana como apenas um caso particular.
Hoje, os cientistas estão mais expostos e são instados a se manifestarem acerca do futuro, porque tudo avança de maneira exponencial. Alguns ainda preferem se esconder.
Exemplos mais cotidianos ilustram bem. Veja quanto tempo se passou para que abandonássemos as televisões de tubo para as de plasma, depois LCD, led, e agora a de ponto quântico (estas meio caras ainda). E do seu telefone celular, analógico tijolão, para o smartphone?
Atualmente, uma geração de progresso científico e tecnológico acontece em poucos anos. Em 1990, biólogos e bioquímicos levaram um ano inteirinho para descrever um décimo de milésimo do DNA humano. Era o projeto genoma, e muitos cientistas envolvidos nessa pesquisa previam que iriam levar mais de um século para que o genoma inteiro pudesse ser sequenciado. Em 1995, já havia sido concluído. Hoje, técnicas de editar genes, modificar o DNA já são realidade, como o Crispr, por exemplo, que avança e é aperfeiçoada a cada dia.
A Google anunciou no dia 23 de outubro deste ano, em um artigo publicado na revista Nature, que seu computador quântico havia feito algo praticamente impossível de ser feito pelos supercomputadores mais potentes. Cálculos que um supercomputador levaria dez mil anos para fazer, a nova máquina fez em pouco mais de três minutos!
E nesse momento há uma corrida entre gigantes como IBM, Google, Nasa, Microsoft, Amazon para o aperfeiçoamento do computador quântico. Sua inimaginável capacidade abandona a “velha” computação baseada em zeros e uns no processamento para dar lugar a estados quânticos no armazenamento e processamento de informações, baseados em princípios de superposição e emaranhamento quântico. Tratam-se de máquinas 100 milhões de vezes mais rápidas que os melhores computadores que temos hoje. E que começaram a ser construídos há menos de 5 anos.
Imagine daqui a pouco tempo, com a Inteligência Artificial avançando, o Big Data e o Aprendizado de Máquina (Machine Learning) também já parte de nosso dia a dia.
Produto direto da ciência, a tecnologia avança de maneira tão acelerada que a impressão é a de um trem em movimento. E se quisermos embarcar temos que pular dentro dele. Não há tempo para paradas.
Mais do que se assustar e pensar se haverá um limite, é urgente irmos em busca de conhecer mais, aproveitar a ferramenta maravilhosa chamada internet e conhecer, conhecer, e pular dentro do trem. Do contrário, corremos sério risco de ficarmos ultrapassados ainda mais rápido, sozinhos na estação.