No último dia 3 de janeiro, a morte de um general iraniano por um drone norte-americano deu início a uma sequência de agressões entre os países, levantando temores de um conflito armado direto e intenso.
O Diário do Rio Claro conversou com o iraquiano Ahmed Shawkat, que explicou um pouco sobre a relação entre o Irã, Iraque e Estados Unidos e sobre os temores de uma guerra. Segundo ele, a situação no país não é das melhores.
“O Irã está apoiando milícias fortemente armadas no Iraque. Em troca, esses líderes da milícia dão ao Irã o que querem, incluindo petróleo, minerais, apoiam a importação do Irã e destroem as indústrias e a agricultura nacionais para forçar as pessoas a comprar produtos iranianos e facilitar o transporte de artilharia e soldados através do Iraque para outros países. Então, isso está basicamente fazendo o Iraque funcionar como uma cidade no Irã, não como um país independente”, esclarece Ahmed, que aponta que a América tem uma posição diferente na equação.
“Os Estados Unidos começaram a guerra no Iraque para se livrar de Saddam Hussain, que era contra Israel. Israel sempre esteve em perigo durante o período em que Saddam Hussain foi presidente. Então, eles criaram um cenário enorme sobre armas de destruição em massa e apenas para ter um motivo para atacar o Iraque e matar Saddam.
Depois disso, os americanos trouxeram as pessoas que você vê agora no governo e as colocaram no comando do país. Então, os EUA começaram o cenário da Al-Qaeda e nos ocuparam em combater a Al-Qaeda por pouco menos de uma década. Então, começou o cenário ISIS e nos ocupou lutando contra eles. Esses grupos terroristas são criados e controlados pela América para fazer propaganda contra o Islã e os muçulmanos ao redor do mundo. Essa propaganda também daria a Israel uma desculpa para atacar territórios palestinos em nome de ‘autodefesa’”, defende Ahmed.
Segundo Ahmed, durante o tempo em que os iraquianos estavam ocupados lutando contra grupos terroristas, o Irã estava espalhando seus seguidores no país. “Assim, acabamos com um grande número de milícias, todas apoiando o Irã e contra a existência americana no Iraque.
O relacionamento do Irã com a América tem sido um péssimo exemplo do programa nuclear iraniano que, segundo a América, é ‘uma ameaça à Paz Mundial’, de modo que a América implementou sanções ao Irã e o Irã está usando o Iraque para quebrar essas sanções. Quebrando as sanções, exportando petróleo e outros bens através das terras iraquianas e importando o que o país precisa”, declarou.
OPINIÃO
Para o advogado especialista em relações internacionais, Cassio Faeddo, “o assassinato do General Qasem Soleimani e demais membros de sua comitiva deixarão o Oriente Médio mais instável do que o habitual. Na sequência, teremos certamente ataques de grupos extremistas a pontos já esperados, como Israel, Arábia Saudita, dentre outros. Não se descartam ataques terroristas aleatórios, mesmo nos EUA. Porém, não se espere guerra convencional. O que as partes desejam é um contraponto que sirva aos seus interesses políticos”, opinou.