É recorrente, especialmente no início do mês, encontrar imigrantes haitianos organizados em fila em uma casa de câmbio localizada no Centro Comercial de Rio Claro.
O que justifica esse cenário é o fato de que, na semana da remuneração profissional, muitos deles convertem a moeda nacional em cédulas estrangeiras, e remetem para seus familiares que moram em seu país de origem.
Essa foi a situação do haitiano, de 40 anos, Roberto Constant, por três anos. Constant chegou em Rio Claro em 2013 em busca de trabalho e de melhores condições de vida. Através de seu emprego na área de logística em uma multinacional localizada na cidade, ele teve condições de trazer sua família para cá em 2016. “Fui muito bem acolhido em Rio Claro, faço parte de uma associação de haitianos aqui no município. Hoje, estou casado, tenho uma filha de um ano e seis meses, estou empregado e com saúde, graças a Deus”, relata ele.
Segundo levantamento feito pela Associação dos Haitianos em Rio Claro, mais de 400 imigrantes dessa nacionalidade residem na Cidade Azul. “A maioria veio em busca de melhores condições de vida, de emprego e estudo, e viram em Rio Claro uma boa oportunidade de alcançar seus objetivos.” relata o presidente da associação, Luckson Joseph, de 27 anos. De acordo com informações passadas pelo Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), atualmente, 60 imigrantes haitianos são atendidos no local por mês.
Associação dos Haitianos de Rio Claro
A associação dos haitianos em Rio Claro é uma instituição sem fins lucrativos, que busca assistir a comunidade haitiana da cidade e da região. Através de diversos projetos e parcerias, a associação objetiva dar oportunidades de estudo e emprego. Eles oferecem escolaridade, do ensino básico ao superior, além de colaborar para a socialização dos haitianos no município e no país.
Apesar do grande número de haitianos na cidade, apenas 50 estão cadastrados na Associação, o que dificulta o amparo e o conhecimento das dificuldades dessa população. Dessa forma, Joseph ressalta a importância do cadastramento e orienta como fazê-lo. “Para se cadastrar, é preciso ir pessoalmente até a sala da comunidade Haitiana em Rio Claro, que fica no prédio da “UDAM+”, na Avenida 30, número 1.210, no Bairro Santana.
É necessário levar o registro nacional de estrangeiros (RNE) ou protocolo, CPF e comprovante de endereço”, explica o presidente da Associação. Ainda de acordo com Joseph, a comunidade aceita todo tipo de doação, de pessoa física ou jurídica, de qualquer segmento da Sociedade nacional e internacional.
Amparo da Prefeitura
Segundo a assessoria da Prefeitura, em março desse ano, a prefeitura disponibilizou uma sala no prédio da “Udam+”, no bairro Santana, para atendimento aos refugiados haitianos que residem no município. A criação do espaço é fruto de parceria entre a Prefeitura, a União de Amigos (Udam) e a Associação Comunidade Haitiana em Rio Claro. O espaço é cedido gratuitamente para que a associação haitiana possa atender a comunidade.
Ayizan Futebol Clube
No Crioulo, língua falada no Haiti, “Ayi” é o nome do país, enquanto “Zan” significa “amigo” em português. Dessa forma, dois amigos fundaram o time Ayizan Futebol Clube de Rio Claro com o intuito de fortalecer os vínculos afetivos e esportivos com o município que os acolheu. “Os haitianos perceberam que, por meio futebol, podem estar cada vez mais integrados com a sociedade brasileira e com o país do futebol”, afirmou Luckson Joseph. O time atualmente joga em todos campos da Cidade Azul e já levantou taças em torneios municipais.