Comprar uma mercadoria com defeito ou um serviço mal prestado, traz algum dissabor, alguma dor de cabeça, mas no mais das vezes, resolve-se com certa facilidade. Ou simplesmente decidimos arcar com o prejuízo, porque é pequeno, isolado e não temos tempo a perder.
O problema maior é quando estão sendo negociadas narrativas políticas, que são, basicamente, visões e perspectivas sobre assuntos importantes, que afetam toda a sociedade, direta ou indiretamente. É um mercado importante, assim como o financeiro, onde mandam os tubarões, que se alimentam das sardinhas. Os poderosos recebem (ou produzem) as informações com maior antecedência e se movimentam com agilidade para defender suas posições. As sardinhas ficam perdidas no caos das informações imprecisas e com pouca presteza não conseguem se defender.
Com o advento das redes sociais, a velocidade da transmissão da informação proporcionou maior potencial negativo às narrativas construídas. Não é à toa que estamos na Era das “fakenews”, pois é muito fácil compartilhar absurdos via aplicativos de celular.
O Luís Inácio conseguiu cravar a máxima da “Herança Maldita” deixada pelo seu antecessor. Uma farsa, como sabemos. Mas quantos acreditaram? Conseguiu se reeleger após o escândalo do “mensalão” e com sua popularidade alcançando a quase unanimidade (87% de ótimo e bom), elegeu a sua “gerentona”, que também se reelegeu após um dos maiores escândalos de corrupção conhecido no mundo, o famoso “petrolão”. Com os problemas econômicos forçando a queda da popularidade, ficou sem sustentação política e caiu.
Com a chegada da Lava Jato ao Olimpo, a já modestíssima popularidade dos políticos chegou a patamares como “nunca antes na história deste país”. Sergio Moro passou a ser um dos tubarões influenciando a movimentação eleitoral e os grandes beneficiários desta ação de terra arrasada contra os políticos foram as corporações de estado (notadamente judiciário, Ministério Público e forças de segurança); o inexpressivo Jair (e família), um político do baixo clero, pertencente ao centrão, apoiador/defensor do Luís, da Dilma, do Chaves, de torturadores, milicianos (dizem) e etc e tais; e, como normalmente, os grandes tubarões do mercado.
“Lá vem esse cara defendendo político!”. Quem defende político é aquele que ainda acredita nas boas intenções do Luís ou na pureza de propósitos do Jair. Temos que sair dessa armadilha de narrativas, pois a democracia está perdendo espaço para o autoritarismo. Precisamos defender a Política, a melhor maneira conhecida para debater e resolver nossos problemas enquanto sociedade. Mas fica a cada dia mais evidente que boa parte da população é contra a autocracia do “outro”, mas da “minha”, tudo bem.
Os países com menor nível de corrupção, são aqueles com alto índice de liberdade individual, total liberdade de imprensa e combate cotidiano e regular da corrupção, não aqueles que tiveram operações espetaculares como “Mãos Limpas” na Itália ou Lava Jato. Precisamos pesquisar antes de comprar.