Os encontros intitulados “Combate de Pipa” acontecem com frequência em Rio Claro. Os organizadores utilizam a internet para marcar os eventos. É por meio das redes sociais que a situação relatada por moradores também pode ser conferida, por vídeos feitos pelos próprios organizadores.
Diversas pessoas se reúnem levando até mesmo crianças de colo para os locais escolhidos. Muitos pontos são localizados em áreas do município onde existem postes com fiação elétrica e de telefonia.
Neste sentido, o céu fica tomado por pipas onde os participantes iniciam o popular combate que consiste em cortar e derrubar a pipa um do outro. A gravidade passa pelo fato de se utilizar linhas com cerol e chilena, o que além de proibido, pode causar sérios danos materiais e físicos.
Segundo alguns moradores das áreas visitadas por estes jovens, surgem pessoas de várias regiões do município que se aglomeram causando riscos maiores. O que tratam como diversão, na verdade, acaba se transformando em atos de vandalismo.
Eles relatam que além do perigo das linhas cortantes, os participantes ligam som alto, consomem bebidas e drogas. Com seus veículos fazem rachas e empinam as suas motocicletas, inclusive em um dos vídeos acompanhado pela reportagem, a ação de um deles é flagrada.
Agem de forma violenta colocando em risco a vida das pessoas, o que deveria chamar a atenção das autoridades, hoje muito bem municiadas pelas redes sociais.
PÚBLICO
No último “Combate” realizado, pelo menos 600 pessoas confirmaram presença por meio do evento criado na rede social. A média de público também é a mesma esperada para o próximo, já com data marcada. Ainda na página, os interessados fazem contagem regressiva para o encontro, combinam bebidas e volume alto.
Este tipo de evento já foi realizado em anos anteriores. Uma moradora que prefere não ser identificada, que mora em um dos locais onde o encontro aconteceu em 2017 e já tem data marcada para este ano, teme o tumulto novamente. “Eles só faltam entrar em nossas casas, sobem nos muros, nos telhados.
Muito barulho, além do grande consumo de bebidas. A gente nem consegue sair das residências. No final, fica a sujeira para trás. Um absurdo”, relata. A forma como alguns destes jovens, considerados desocupados, têm atuado causa preocupação nos moradores, que se mostram reféns aos atos.
PREFEITURA
O Diário do Rio Claro consultou os setores de segurança para esclarecer o assunto. A Guarda Civil Municipal explica que as pessoas podem se reunir para soltar pipas desde que não impeçam o fluxo de veículos e pedestres em vias públicas e que, em áreas particulares, tenham permissão do proprietário.
Vale destacar que o uso de linhas cortantes é considerado crime. A Guarda alerta ainda para que não se empinem pipas nas proximidades de cabeamento de energia elétrica e, claro, nunca usar cerol, produto proibido que põe em risco a vida de motociclistas, ciclistas e pedestres.
As atividades ilícitas como utilização de cerol, rachas e uso de entorpecentes são coibidos pela Guarda Civil, independentemente, de serem feitos em combates de pipas, e quem verificar ações do tipo deve acionar a Polícia Militar ou a Guarda Civil.
Em resposta ao Diário, foi afirmado que a Guarda Civil Municipal de Rio Claro está trabalhando no sentido de coibir esses combates de pipas nos quais se utilizam linhas com cerol e, havendo irregularidades na atividade que já estaria marcada, tomará as medidas necessárias.
APREENSÕES
A GCM ressalta que várias apreensões de linhas com cerol já foram feitas em atividades do tipo, inclusive no final da semana passada, em que o material foi recolhido no Jardim das Flores, no endereço apontado pelo Diário em reportagem publicada na quarta-feira (25), além de áreas do Distrito Industrial e trechos de vias arteriais da cidade, como Avenida Brasil e Avenida 80-A, entre outras.
Com o final de semana se aproximando e os eventos sendo agendados pelas redes sociais, os moradores contam com a colaboração do Poder Público para que os atos de vandalismo sejam evitados em respeito a vida e aos bens públicos e privados.