As doenças cardiovasculares, consequência direta do colesterol alto, são responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes no país, o que corresponde a 400 mil óbitos por ano. Dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo constatam que o colesterol elevado atinge 40% da população adulta no Brasil e cerca de 20% de crianças e adolescentes. O descontrole é um dos fatores de risco cardiovascular mais relevante podendo causa infarto, AVCs e mortes.
“Uma das ferramentas eficazes para combater este mal não está exclusivamente na farmácia, mas à mesa, apesar de em muitos casos o tratamento medicamentoso ser indispensável. Mas a mudança no cardápio é a condição para controlar o colesterol”, explica Regina Pereira do Departamento de Nutrição da Socesp. A entidade lança o e-book Diálogos com a Nutrição, disponibilizado gratuitamente pela internet e que aborda os aspectos nutricionais da Diretriz de Dislipidemia, traz orientações para a nutrição auxiliar no processo de redução do colesterol. A publicação faz parte da campanha para o Dia Nacional de Controle ao Colesterol Elevado, em 8 de agosto, que ainda contempla uma série de entrevistas com especialistas, postagem em mídias sociais e na página da entidade sobre o tema.
“Alertar a população faz todo o sentido já que a grande maioria das pessoas não sabe que convive com a dislipidemia – nome dado à elevação do nível de colesterol total, além de outras anormalidades, como dos triglicérides, do HDL muito baixo – e, portanto, não age para combater o problema”, lembra a diretora da Socesp, a cardiologista Maria Cristina Izar. “Um exame de sangue simples é suficiente para detectar a anomalia. Porém, a constatação é apenas o primeiro passo para o controle, que exigirá mudança no estilo de vida, incluindo prática de atividade física e alterações na dieta”, completa.
A nutricionista destaca que alguns nutrientes são verdadeiros inimigos do colesterol, como os ácidos graxos trans, que estão em produtos industrializados como biscoitos, bolos prontos, margarinas, sorvetes e salgadinhos. “Eles devem ser retirados do menu de quem sofre de colesterol elevado”, alerta Regina Pereira. Ela também recomenda a redução de ácidos graxos saturados, presentes, por exemplo, no leite integral, manteiga, creme de leite, chantilly, queijos gordurosos (provolone, parmesão, muçarela), banha, bacon, sebo, toucinho, gordura das carnes e pele das aves e dos peixes. Outra orientação, que está no e-book lançado pela Socesp, é diminuir açúcares e bebidas alcóolicas, pois estimulam o fígado a produzir ainda mais triglicerídeos.
Alimentos amigos do coração
Na lista de alimentos que precisam ser consumidos entram as fontes de antioxidantes, como frutas, verduras, legumes e temperos naturais, como pimenta, manjericão, alecrim e orégano. “As moléculas que carregam o colesterol, quando oxidadas pelos radicais livres, tornam-se mais prejudiciais e menos eficientes”, explica a cardiologista Maria Cristina Izar.
Da mesma forma, é positivo aumentar os alimentos ricos em fibras solúveis, como a aveia, batata doce, linhaça, frutas, pois reduzem a absorção do colesterol. “Também participam desta batalha a ingestão de ômega 3, presente na linhaça, óleos de soja e canola, nozes, amêndoas e em alguns peixes como o salmão e a sardinha, e de fitosteróis, encontrado no abacate, nozes, castanhas de caju, castanha do Pará, semente de girassol, soja, milho, feijões, legumes e verduras, além de proteína de soja e probióticos” completa a diretora da Socesp.