Cidade das Araras
►Tenho ficado impressionado com Campo Grande. É notório como a cultura caipira paulista está impregnada nessa terra morena. Sinto-me em casa, ou melhor, em Piracicaba.
►Convenhamos, faz toda diferença. É muito difícil explorar culturas novas, deve ser algum tipo de limitação da minha persona. Os dias aqui são sutis, passam calmamente, bem diferente do caos que se vive em Maceió. Queria registrar minha primeira memória dessa cidade.
►Comércio fecha cedo, resolvi perambular às 6h da manhã para encontrar uma farmácia aberta, já que, por norma, muitos utensílios são proibidos em voos domésticos, até um pobre cinto é escrutinado. Pois bem, estava andando pelos grandes quarteirões, ruas largas, calçadas bem feitas, à procura de uma drogaria, quando ouvi dois gritos ardidos do céu.
►O dia estava amanhecendo, a iluminação não era a ideal. Olho para cima, com receio, e vejo a silhueta de duas araras-canindés (Ara ararauna) utilizando poste como poleiro. Cheguei em Campo Grande, minha mente me avisou. Eis a memória que ficará para todo o sempre…
►Tenho visto elas aos montes pelo céu da cidade, é surreal. Livres, leves e imponentes, com aquela gritaria no céu da capital sul-mato-grossense. Realmente, a natureza aqui, me parece, estar em comunhão com a cidade. ►Tenho visto algumas outras aves que só via em zoológicos, como o mutum-de-penacho (Crax fasciolata).
►Como pode perceber, uma das minhas paixões é a de catalogar pássaros. Como o Brasil é impressionante! E como sou um caipira que prefere as aves ao mar azul do caribe brasileiro…
► Antonio Archangelo é gestor, pesquisador e professor.
Foto: Divulgação