O espaço de cultura Casa do Ipê Amarelo oferece, hoje (30), às 19h30, a Cia. Folia de Reis de São Lucas de Limeira, grupo que há 16 anos mantém a tradicional Festa de Reisado – folclórica festividade popular. O evento estará localizado na Av. 4, nº 299, no Centro de Corumbataí.
“Confesso que não sou católica, mas a primeira vez que eu trouxe eles aqui em Corumbataí – antes aqui não tinha, muitos nem tinham conhecimento de tal festa e os antigos que tinham era de muito tempo atrás -, a população reagiu de um jeito que resolvemos que enquanto pudermos, vamos manter na programação, tanto pela tradição da cultura popular quanto pela emoção do festival”, comenta Karina, gestora da casa cultural e professora de pintura em tela.
A Casa do Ipê Amarelo não faz parte da Folia, ressalta a coordenadora, mas é um espaço cultural que promove dos mais diversos eventos culturais, incluindo a tradicional Folia de Reis através do grupo limeirense.
A FOLIA DE REIS
A Folia de Reis costuma acontecer no período de 24 de dezembro a 6 de janeiro – conhecido como Dia de Reis ou Dia dos Três Reis Magos [dia em que é rezado o terço]. Um grupo de músicos trajados em roupas típicas sai a visitar casas de famílias já agendadas anunciando a dita “Boa Nova do Menino Jesus”, fato que está acontecendo desde 2004 pela Cia. De São Lucas.
“A nossa Folia começou lá no final do ano de 2004, com os cânticos na Missa. Até que percebemos o entusiasmo emocionante do povo e então começamos a nos organizar para resgatar na comunidade essa tradição, com a presença de outras pessoas de outros estados também”, explica Wilson Nunes Cerqueira, mestre do grupo.
O grupo limeirense dispõe, atualmente, de 20 membros, contando com violas caipiras, violão, cavaco, acordeão, bumbo, caixa, agogô de madeira, pandeiro e afoxé. Uma harmonia de instrumentos que, segundo Wilson, têm entoando o que o mestre diz ser a missão da Folia, análoga à caminhada dos Três Reis Magos descrita nos evangelhos canônicos do Novo Testamento da Bíblia cristã.
“O momento torna-se ideal, acredito, pelo Natal, as festas de Ano Novo, até a chegada do Dia de Reis. E isso que a gente faz lembra muito aquilo que os (Três Reis) Magos fizeram. Inclusive é dito que os Magos foram os primeiros Foliões, porque eles saíram anunciando Deus ao mundo.” Visitas e anúncios esses que têm acontecido desde 11 de dezembro deste ano.
Mestre Wilson, porém, ressalva que não há uma data, necessariamente, oficial. “Cada grupo de Folia de Reis segue uma tradição. O Rio de Janeiro começa a partir de um determinado dia, que é um pouco diferente de Minas Gerais, que é diferente de São Paulo, que por sua vez é diferente do Nordeste. Muito disso têm um porquê na influência que se recebe dos pais, que vão passando a tradição assim como receberam também.”
Apontada também a urbanização como um motivo, Wilson explica que por conta da ‘vida corrida da cidade’ – por assim dizer -, houve uma adaptação da Folia ao “calendário urbano”.
“Na época em que as Folias se faziam no sítio, as colheitas eram no final do ano, então as festas dos Santos Reis eram no dia 6 de janeiro mesmo, quando as pessoas descansavam um pouco. Agora com a urbanização do nosso povo, essa migração da área rural para a cidade acabou nos forçando a se amoldar a um calendário urbano.”
Um desafio, diga-se de passagem, dado serem o único grupo a carregar a tradicional Bandeira de Santos Reis em uma cidade de 308 mil habitantes como Limeira, fato que está previsto para acontecer em 8 de janeiro, às 19h, na Igreja da Matriz de Santo André, em Limeira [Rua José Alfredo João Sthalberg, 658, Jardim Santo André].
Por Samuel Chagas / Foto: Divulgação