“A quantidade de chuva foi fora do limite de tudo que eu imaginava, um caos aqui”, disse ao Diário do Rio Claro o Supervisor Operacional de Segurança Einstein Jesus Teixeira da Costa.
Ele é morador da região leste de São Paulo, que também foi afetada pelas fortes chuvas, nasceu em Guaianazes e trabalha em São Caetano e, na manhã dessa segunda-feira (11), também teve que se virar como pode para chegar ao trabalho. “Tive que mudar meu trajeto, peguei um trem até a Estação da Luz, passei para o metro da Linha 1 Azul, desci na Estação Ana Rosa e peguei um UBER para chegar ao trabalho, em São Caetano do Sul”, contou.
Mesmo assim, afirmou não ter enfrentado tanta dificuldade em vista de outras pessoas. “Muito triste a situação que muitos estão passando. Muito desagradável saber que a pessoa tinha tudo e agora não tem mais nada; aquele que tinha pouco, não tem mais nada”, lamentou.
O caminhoneiro de Rio Claro Cristiano Caetano seguiu de viagem a trabalho na madrugada e ficou preso no congestionamento na capital das 4 horas até por volta das 11 da manhã, quando o trânsito na marginal Tietê começou a fluir. “Alagou tudo, não teve jeito, ficou tudo parado, graças a Deus conseguimos passar durante o período da manhã”, relatou.
Infelizmente, nem todos conseguiram se livrar das chuvas, desabamentos e alagamentos. Em Ribeirão Pires, no ABC Paulista, uma casa desabou e deixou quatro mortos.
Em toda grande São Paulo, ao menos 12 pessoas perderam a vida por deslizamento de terras e afogamentos após as fortes chuvas entre a noite de domingo (10) e madrugada de segunda (11).
Foram quatro mortes em Ribeirão Pires e uma em Embu das Artes por causa de deslizamentos; três em São Caetano; duas em Santo André; uma em São Bernardo; e uma em São Paulo, por afogamento. Também foram registrados seis feridos.
A 12ª morte foi um homem encontrado em um córrego na Avenida Engenheiro Olavo Alaisio de Lima, em Santo André.
ÍNDICE DE CHUVAS
As medições pluviométricas no início deste mês mostram índices muito acima das médias históricas de chuva. Em Santo André, por exemplo, choveu 182 mm nas últimas 24 horas, o equivalente a 80% da média para todo o mês de março.
Em São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires, o registro das últimas 24 horas também foi altíssimo e correspondeu a 78% e a 74% das médias mensais, respectivamente. A previsão ainda era de chuva intensa.
Conforme a Agência Brasil e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), gira em torno de R$ 45 milhões os prejuízos ao comércio causados pelas chuvas e alagamentos que atingiram a capital paulista e a região do ABC Paulista. O cálculo da entidade considera apenas o impacto sofrido pelo comércio nessa segunda-feira (11).
Na manhã de ontem (11), o Governador João Doria sobrevoou as áreas inundadas na Capital e Região Metropolitana de São Paulo devido às fortes chuvas e determinou prioridade no atendimento a desabrigados, a remoção de pessoas em áreas de risco e a atuação coordenada da Defesa Civil Estadual, Corpo de Bombeiros e prefeituras de cidades afetadas pelas enchentes.
O restabelecimento de serviços públicos interrompidos pelas chuvas também é considerado prioritário. “Estamos monitorando todas as ocorrências no Centro de Gerenciamento de Emergências”, afirmou Doria. “A Defesa Civil enviou equipes para os pontos afetados com técnicos do IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas] e do Instituto Geológico”, acrescentou o Governador.
Doria determinou ainda que a Defesa Civil defina com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e a Secretaria de Transportes Metropolitanos medidas emergenciais para retomada de serviços públicos parcial ou totalmente interrompidos pelas enchentes, como transporte sobre trilhos e linhas de ônibus.
O monitoramento do nível de rios e mananciais também está sendo feito em tempo real. Um gabinete de crise foi instalado no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle). No local, atuam em conjunto profissionais da Defesa Civil Estadual, DAAE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), Corpo de Bombeiros, além de órgãos da Prefeitura de São Paulo.
Doria lamentou as mortes provocadas por deslizamentos e enchentes na Grande São Paulo. “Transmito minha total solidariedade às famílias atingidas pelas fortes chuvas em diversos municípios do Estado”, declarou o Governador. Ele também pediu que moradores em áreas de risco deixem os locais imediatamente. “Nossa principal preocupação agora é proteger vidas.”, disse.