Domingão combina com um bom churrasco acompanhado de uma cervejinha para reunir a família e os amigos, certo? O que comprova isso são os últimos dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria da Cerveja. Só em 2020, a fabricação nacional cresceu 2,9% e totalizou mais de 14,1 bilhões de litros produzidos. Além disso, segundo o Ministério da Agricultura, no país existem 1383 cervejarias registradas, em uma média de crescimento de 19,6% nos últimos 20 anos. Tudo isso impulsionado, principalmente, pela popularização das cervejas artesanais.
A produção em menor escala, para o mercado interno e públicos regionalizados também tem seu espaço, que só cresce. Produzida artesanalmente em Analândia pelo empresário Luiz Filipe Guerreiro, de 36 anos, a cerveja Coral completa, neste mês de março, três anos e atrai cada vez mais turistas para a pacata cidade, que fica a 35 quilômetros de Rio Claro.
“É um orgulho e uma satisfação muito grande em completar esses três anos pois, apesar do pouco tempo, já foram tantos desafios superados e tantas conquistas… a sensação é de gratidão por termos chegado até aqui e, ao mesmo tempo, de que ainda temos muito a fazer. A estrada a percorrer ainda é grande, mas continuamos a caminhada com a certeza de que vamos chegar lá, fala Guerreiro.
Se inicialmente o mestre cervejeiro produzia algo mais simples, com o tempo, passou a ousar e diversificar as versões. Atualmente, ele possui mais de dez receitas desenvolvidas e catalogadas. No entanto, a Coral tem três estilos registrados, começando pela novidade da marca, a Hibiscus, uma exótica Herb ou Spice Beer feita com pétalas de flor de hibisco. Os outros dois estilos são a Blonde Ale e a IPA, que seguem a lei da pureza da cerveja promulgada em 1516 na Alemanha. A lei da pureza da cerveja instituiu que a bebida deveria ser fabricada apenas com os seguintes ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo. As três estão habilitadas para serem revendidas em pontos comerciais.
A Blonde Ale, segundo Guerreiro, já foi o estilo mais vendido, mas hoje disputa o posto de campeã de vendas com a Hibiscus, que é o produto mais novo da marca, lançado no segundo semestre do ano passado e que tem chamado a atenção do público.
Com uma receita inspirada na escola cervejeira belga, a Blonde Ale é uma cerveja de alta fermentação, muito intensa, complexa e muito agradável ao paladar da maioria.
“Tem um sabor frutado bem perceptível e amargor baixo. A Blonde é praticamente unanimidade quando falamos de feedbacks positivos. Agrada a todos os paladares, até mesmo daqueles que não são habituados a beber cerveja artesanal”, explica.
A Hibiscus traz a proposta de uma cerveja mais leve, tem uma coloração rosa avermelhada por conta da adição de flor de hibisco em sua receita, o que também lhe confere um sabor muito característico e agradável da especiaria.
Já a IPA da Coral é uma clássica American IPA, ou seja, foi inspirada na escola cervejeira americana e leva uma carga de lúpulo muito mais alta do que os outros dois estilos, o que traz um amargor elevado. No entanto, para o mestre cervejeiro ela é perfeitamente equilibrada em corpo, amargor e alcoólico, que é de 6,3%. “Para quem já é apreciador de uma boa IPA, ela é completa! Uma verdadeira pancada!”, brinca.
Produção
O processo de produção de cerveja consiste em várias etapas e envolve muitos detalhes importantes, desde a moagem do malte até o arrolhamento da última garrafa.
Segundo o mestre cervejeiro, a produção de um lote de Coral dura em torno de 30 dias contando com o tempo de fermentação e maturação. A primeira etapa é chamada de mostura ou mosturação, que é o aquecimento dos grãos de malte em água em temperatura controlada. Esse processo vai permitir a conversão do amido em açúcares fermentáveis. Com isso, é obtido o mosto, que é um líquido rico em açúcares extraídos dos grãos.
Na segunda etapa acontece a filtragem seguida da fervura do mosto. Durante o processo de fervura, são feitas as adições dos lúpulos, sempre em tempos e quantidades controladas para atingir os níveis de amargor, sabor e aromas desejados. Os tempos de adição e quantidades variam de acordo com cada receita.
A terceira etapa consiste no resfriamento do mosto e transferência para o tanque de fermentação, onde é adicionada a levedura, e é no tanque de fermentação que ocorre a transformação do mosto em cerveja. Nesse processo as leveduras vão consumir o açúcar do mosto e transformá-lo em álcool e gás carbônico
Após aproximadamente 30 dias, acontece a quarta e última etapa, que é o processo de envase. Nela, a cerveja é transferida do tanque de fermentação para as garrafas. Apesar de parecer simples, é um processo que requer muito cuidado e atenção, pois inclui a sanitização de todas as partes da embalagem que terão contato com a cerveja, transferência para a envasadora, rotulagem e arrolhamento das garrafas. E isso tudo é feito manualmente.
Para o futuro, Guerreiro diz estar bastante otimista. “O que posso dizer por enquanto é que os dias mais desafiadores da nossa história estão por vir, e olha que estamos acostumados com desafios. Na verdade, nós gostamos de desafios. Se depender da nossa vontade, estamos preparados. Por enquanto é só isso que posso dizer”, finaliza.
É possível encontrar a Coral em diversos pontos comerciais e turísticos de Analândia e também pelo Instagram e Facebook: @coralcervejas. Já você, comerciante de Rio Claro e região que pretende ter a cerveja da Cidade Fotográfica no seu estabelecimento, pode entrar em contato pelo telefone que também é Whatsapp: (19) 99859-6826 e falar com o Guerreiro, o proprietário.
Foto: Diário do Rio Claro