No período colonial o estado de São Paulo possuía em torno de 14% de seu território coberto de vegetação exclusivamente de cerrado, o que representava uma área de 3.483,2 km². Hoje restam apenas 1% de sua área total, onde apenas 18% dessa área está relativamente protegida em unidades de conservação, administradas por órgãos e instituições governamentais que hoje desmanteladas pelo poder público mal conseguem sobreviver financeiramente, principalmente em relação a sua manutenção e em relação as operações de fiscalização de suas áreas, constantemente invadidas e desmatadas.
O bioma Cerrado, segundo maior do Brasil em extensão territorial, não só representa o habitat de uma das maiores biodiversidades do planeta, mas é de vital importância, pois abriga as principais nascentes dos grandes mananciais de nosso país, onde nove das doze bacias hidrográficas geram vida em forma de água, superficialmente, porque também abriga em seu subsolo grandes mananciais subterrâneos como o Guarani, Urucaia e o Bambuí. Atributos estes que atraíram os grandes empreendedores do passado atrás das terras férteis das matas nativas abastecidas abundantemente pelas águas que jorravam do subsolo.
Vários fatores contribuíram para o avanço da economia comercial no interior do Estado de São Paulo, em parte, desde o período do movimento dos bandeirantes atrás de riquezas minerais, seguido pela vinda dos europeus que dinamizaram as técnicas da produção rural, dando início a expansão de grandes propriedades rurais voltadas a monocultura de produtos que hoje alavancam o agronegócio de nosso país.
Mas esse processo de expansão das áreas agrícolas impulsionando a economia do Estado de São Paulo, trouxe impactos negativos em relação as matas nativas onde grandes extensões territoriais nunca invadidas pelo homem hoje, transformaram- se em pequenos fragmentos florestais que não conseguem nem manter o ecossistema das poucas espécies que nele habitam.
Na época, o cultivo do café foi a principal atividade econômica, e os solos mais férteis eram os que abrigavam as matas nativas, portanto essa cobiça ocasionou uma incansável procura por estas áreas que em pouco tempo foram dizimadas e transformadas em áreas de produção cafeeira.
Indiscutivelmente a expansão cafeeira não foi apenas a devastação de nossas matas nativas, contribuiu também o desenvolvimento de muitas vilas, hoje transformadas em municípios que abrigam nosso povo paulista, honrado e trabalhador. Hoje o Brasil é o maior produtor, exportador e segundo maior consumidor, em nível mundial, com uma produção estimada de dois bilhões, novecentos e vinte e oito milhões de grãos de café.
Nobre título que além de gerar divisas para nosso país, poderia também gerar recursos financeiros para as instituições governamentais praticamente esquecidas pelo atual governo, além das entidades não governamentais que lutam em prol da preservação de nosso cerrado paulista.
Projetos incentivando a criação de viveiros de mudas intermunicipais para a produção de espécies arbóreas nativas do cerrado, além da criação de cursos gratuitos para a formação de agentes florestais incentivando o fomento dos subprodutos gerados e a inclusão da educação ambiental nas escolas, promovendo um laço afetivo de nossas crianças em relação as riquezas ofertadas pelo nosso cerrado.
Reflexo de todo esse processo evolutivo está bem caracterizado em nossa região, onde vemos pouquíssimas áreas de cerrado, muitas em avançado estado de degradação e o café que alavancou o desenvolvimento regional só é encontrado nas gondolas e prateleiras, moído e embalado.