Trajando camisa azul e calça e sapato pretos, João Teixeira Júnior recebeu a equipe do Diário do Rio Claro em seu gabinete no Paço Municipal em uma tarde quente de dezembro.
Acompanhado dos assessores Vivaldo e Andrea, o Prefeito da Cidade Azul sentou em uma das quatro cadeiras modelo interlocutor dispostas à frente de sua mesa sobre a qual, aliás, estava a Bíblia aberta no Livro 1 dos Reis no capítulo 3 em que Salomão pede sabedoria a Deus para conduzir o seu povo. Nas paredes, além de uma homenagem pelos 50.892 votos recebidos em 2016, à sua direita de quando está despachando, uma foto da entrada do município que mostra com satisfação apontando as melhorias que realizou até o momento; à esquerda, o lado do coração, uma imagem aérea enquadrada da padaria onde cunhou sua profissão, alcançou sua popularidade para concorrer ao Pleito e conheceu o seu Grande Amor.
Com três mandatos de vereador e no meio do primeiro como Alcaide, o confeiteiro que iniciou a vida profissional muito cedo trabalhando informalmente como garçom, sorveteiro, vendedor de coxinhas e lavador de túmulos é um exemplo vivo de Empreendedorismo Pessoal. Aos 38 anos, casado com Paula Silveira Costa e pai de Jennifer Estefani Teixeira e Giovanna Teixeira, o filho João Teixeira e de Maria José Teixeira conquistou definitivamente a população rio-clarense com seu jeito único de tratar a todos de maneira individual e HOJE, neste Especial de Natal, é o entrevistado do Centenário. No bate papo, ainda que em ambiente político, porém despido das amarras políticas, Juninho falou de sua infância, de sua família, de seus amigos e dos projetos para o futuro.
Nascido no dia 9 de agosto de 1980, em uma das três casas construídas sobre um mesmo terreno de pouco menos de 300 metros quadrados na Avenida 19, entre as ruas 21 e 22, João Teixeira Júnior passou os primeiros anos da vida junto de sua família e dos seus amigos nas adjacências do Jardim Rio Claro, localizado entre o Bairro do Estádio e Jardim Consolação. A edificação não mais existe, pois um supermercado a comprou e, em seguida, demoliu para aumentar o seu depósito. “Era uma espécie de corticinho em que morávamos em dois cômodos meu pai, minha mãe, eu e meus cinco irmãos; meu avô residia em outra parte; e o filho do meu avô em uma outra”, recordou o entrevistado desta Matéria Especial de Natal do Número 1.
Filho de João Teixeira e de Maria José Teixeira, nascidos em Ipeúna e em Tanquinho, respectivamente, Juninho é o caçula, ou como costuma dizer, a raspa do tacho. A infância passou ali nas imediações de sua residência jogando bola, andando de carrinho de rolimã, empinando pipa e aprontando outras traquinagens comuns da idade e que qualquer ser humano adulto têm gravadas na memória. A Praça Plinio Salgado atrás do Cemitério São João Batista, por exemplo, foi palco de muitas brincadeiras de esconde-esconde e pega-pega, além intermináveis de passeios de bicicleta com os colegas.
No que diz respeito ao Ensino Formal, o Infantil completou na EMEI Doutor Paulo Koelle; depois, fez o Primário na EE Professor Michel Antônio Alem; e, por fim, concluiu o 2ª Grau na EE Joaquim Ribeiro. Período fértil em que acumulou inúmeras amizades e que também já despontava entre os demais como uma liderança nas atividades escolares, tanto as de classe, quanto as extraclasse. Ainda na primeira infância, aos 11 anos começou a ajudar o pai – que atuava como jardineiro quando estava de folga do trabalho de Vigilante Patrimonial – e a realizar os bicos para ajudar nas despesas da casa. Aí, a vida ficou dividida entre a escola, o trabalho e as poucas, mas inesquecíveis noites em que comia lanche no Buick. “Trabalhei de jardineiro, vendi coxinha para a [Padaria] Virgínia, fui sorveteiro, lavei túmulos no cemitério até que, finalmente, entrei no Chopinho.”
Ali, atuando como garçom, ganhou a simpatia de muitos clientes com seu sorriso largo, característica que, segundo pesquisa realizada pela reportagem com os mais próximos, é uma de suas marcas que carrega desde muito jovem. “No Chopinho, conheci Vitor Ornellas Loureiro, Hélio Hussni, enfim, no meu caminho encontrei apenas gente boa e não tive tempo para andar errado. O meu pai era extremamente rígido e a minha mãe lavava roupa de ganho e tínhamos uma vida muito simples, mas recebi muito carinho e creio que foi o que fez ser quem sou. Todos em casa adquirimos o hábito de sempre pedir ‘a benção mãe’, ‘a bênção pai’.”
O primeiro emprego com Carteira de Trabalho assinada foi na Padaria Palmeiras, de propriedade de seu cunhado, onde atuou ao longo de 14 anos, aprendendo assim, o ofício de confeiteiro. No estabelecimento que garantiu sua alcunha – que, aliás, o tornou popular e o levou a ocupar primeiramente uma cadeira no Legislativo e, posteriormente, a chegar ao cargo de Prefeito –, também encontrou outro Grande Tesouro, talvez o maior, o amor de sua esposa Paula Silveira Costa. “A padaria gera um ciclo de amizade muito grande e, quando saí candidato pela primeira vez, tive muito votos no Jardim das Palmeiras. Com relação a minha esposa, a conheci lá também, em 1998, quando Paula tinha 14 e eu 18 anos. Ela era cliente e eu já a paquerava há tempos até que convidei para assistir ao filme Titanic”.
Como que em um conto de fadas, com um Corcel 2 – LDO bege, ano 1978, o casal foi até o Shopping Rio Claro e, naquelas duas cadeiras do cinema em que cada um sentou, iniciou uma trajetória que já completa 20 anos. Da primeira piscadela até o enlace, ainda que não formal, foram sete meses de namoro. “Fui falar com o pai dela e fomos morar na casa da minha mãe, que, à época, já tinha construído um novo cômodo na frente da casa da Avenida 19. Logo, meu pai ajudou com R$ 400 reais e paguei mais R$ 2500 em um terreno no Jardim Novo, mas não cheguei a construir, pois acabei trocando com a casa em que ainda moro no Benjamim de Castro. Graças a Paula, sou o que sou.”
Juninho e Paula tem duas filhas, Jennifer Estefani Teixeira, de 19 anos e que cursa Medicina Veterinária em São Carlos, e, Giovanna Teixeira, que contabiliza apenas seis primaveras. Segundo afirmou, em seu lar são as mulheres quem mandam, entretanto, enfatizou que educa as meninas com o mesmo rigor e possibilidades com que foi criado, porque acredita que não podemos passar pela vida sem adquirir valores como o respeito e a consideração. “Digo sempre que não sou amigo, sou pai, ainda que seja uma manteiga derretida; também que não são filhas do Prefeito, mas sim do Padeiro e Confeiteiro que é o que sou, Prefeito estou até 2020. Elas estudaram sempre em Escola Pública e acredito que têm de viver o que vivi, pois as experiências são enriquecedoras.”
Ainda com relação a ligação familiar, expôs que os irmãos continuam com os encontros aos domingos, contudo todo dia antes de pegar o caminho da Prefeitura Municipal passa para dar um beijo na Matriarca da Família Teixeira. “Em casa, a gente nunca esperou datas festivas para reunir o pessoal, pois estamos sempre juntos. Sinto muita falta do meu pai, de pedir a sua benção e de dizer algo mais. A maior riqueza que a gente tem é a família. Houve um tempo em que a gente não tinha geladeira e comia arroz feijão e salada de sardinha com cebola e umas gotinhas de limão, mas sempre fomos uma família e foi assim que aprendi a dar muito mais valor no arroz e no feijão do que no bife, na água do que na Coca-Cola, na alegria do que na busca por bens materiais.”
A vida política teve início a convite de Valéria Di Donato, secretária do Deputado Estadual Aldo Demarchi, quando, inclusive, seriam diminuídos de 19 para 12 o número de cadeiras da Câmara Municipal. “Cheguei no escritório do Aldo, conversamos e nasceu o nome de Juninho da Padaria para vereador. Havia tantos nome mais fortes que o meu, porque nunca fui representante de nenhuma entidade e sempre trabalhei dentro da padaria sem tirar férias. Quando começamos a campanha, as minhas placas eram de papelão e meu amigo Cascão as escrevia em restos de mesa, de cadeiras e demais compensados. Foi uma campanha feita na sola do sapato pelo PSL [atual partido do Presidente Jair Bolsonaro] com o número 17800.”
No dia 3 de outubro de 2004, em cima do pontilhão que liga o Jardim Inocoop ao Jardim Palmeiras, ao lado de uma faixa grande com seu nome e número, seu almoço foi um refrigerante e um lanche de frango levado por seu cunhado. “Recordo que havia um misto de sentimento nas pessoas, umas com vontade de votar em mim por convicção outras por pena. Pensei: ‘Nossa, o pessoal está votando mesmo!’ Sabe como é, a gente entra no jogo querendo ganhar, mas sabe que é uma loteria. No fim do dia, um amigo convidou para ir ao Fórum acompanhar a apuração. Chegamos lá e começaram a dizer: ‘Olha o vereador, olha o vereador’. Fui eleito com 1217 votos e, depois de oito meses dividindo as tarefas da vereança e da padaria, pendi para a vida pública”. No segundo mandato, Juninho da padaria quase que dobrou a quantidade de votos, foram 2124 e, no terceiro, foi o representante mais votado do Legislativo. Desde o dia 2 de outubro de 2016, com 53,95% de aprovação dos eleitores é o Prefeito de Rio Claro.
TÊTE-À-TÊTE – COM ODAIR FAVARI
PAULA SILVEIRA COSTA: “Minha esposa é uma pessoa que sente muito as consequências do trabalho do marido, a mulher com quem divido o leito e sem a qual eu não estaria aqui como Prefeito. As mudanças foram muito mais complexas para ela do que pra mim, pois até então, Paula participava apenas como esposa do vereador. A minha escolha, definitivamente, influenciou bastante a vida dela.”
DIA A DIA: “Gosto de comer lanche no Claudinho e tento levar a minha vida de maneira normal, ou seja, vou a restaurantes aqui em Rio Claro, em Araras, em Piracicaba. Agora, família mesmo sou quando estou em casa com as minhas meninas. Apesar de nunca desligar o telefone, ajudo na cozinha e, quando sobra tempo, chamo meu sogro e a minha mãe para comer com a gente. Hoje, sou Prefeito 24 horas e gosto muito disso!”
QUANDO O JUNINHO RELAXA? “Quando vou para a chácara do meu cunhado, pego máquina de cortar grama e roço todo o terreno.”
O QUE PENSA PARA DEPOIS DA VIDA PÚBLICA? “Fora da política penso que posso montar alguma coisa. Não tenho dinheiro, mas algum conhecimento, entretanto, sinceramente, ainda não deu tempo de pensar na vida depois da vida pública. Sonho com outros cargos, porém o futuro a Deus pertence. A política não tem um dia igual ao outro e meus dias têm sido muito curtos, tanto que fico perdido nas datas porque vivo intensamente.”
O POLÍTICO QUE FUI E O POLÍTICO QUE SOU: “Tem sido diferente a cada dia, ou seja, quando entrei, era um jovem Prefeito e, agora, sou uma pessoa mais experiente.”
DEPOIMENTOS

Rodinaldo – Peixe
“Conheço o Juninho há uns 30 anos e o tenho como irmão. Trabalhamos juntos na padaria e ajudei na primeira campanha que foi feita sem nenhum recurso financeiro e tenho muito orgulho disso, pois o Juninho continua o mesmo, humilde e querendo ajudar as pessoas.”

Silvio Martins
“É um irmão que ganhei e que estimo muito. Nesses 14 anos trabalhando junto, aprendi a admirar como ser humano, amigo e trabalhador incansável. É uma pessoa transparente que está sempre disposto a ajudar, especialmente os mais humildes, e com quem aprendi muito.”

Moacir Stencel
“O Juninho sempre foi brincalhão, divertido e amigo. Desde pequeno demonstrava saber o que queria da vida e aprendeu o ofício de padeiro e confeiteiro. O trabalho bonito que faz como político para mim não é surpresa, pois sempre foi determinado, corajoso e de bom coração.”
BATE-PRONTO – RAPIDINHAS
RIO CLARO: a cidade que amo
INESQUECÍVEL: o meu amado pai
PARA ESQUECER: as dificuldades
UMA SAUDADE: do meu pai
EXPECTATIVA: as melhores possíveis
UM LUGAR: Rio Claro
UM MOMENTO: Com a família
UM ÍDOLO: Deus
FUTURO: a Deus pertence
UMA MÚSICA: todas do The Platers
UM CANTOR: Daniel
UM FILME: Titanic
UMA FRASE: “Viva intensamente o dia de HOJE como se fosse o único.” – Domínio Público
UMA PALAVRA QUE O DEFINA: corajoso
A POLÍTICA É: um instrumento para proporcionar o Bem Comum
NATAL: um momento mágico em que é preciso que todos participem e tenham a convicção de que estão fazendo a sua parte
Em 2019: Creio que teremos um ano melhor porque as pessoas estão mais confiantes e dispostas a levar adiante somente as coisas boas
PINGA FOGO – A POLÍTICA RIO-CLARENSE NOS ÚLTIMOS 30 ANOS
AZIL BROCHINI: recordo muito pouco, um bom prefeito
NEVOEIRO JÚNIOR: pessoa notável e de muito respeito
ALDO DEMARCHI: uma pessoa que fez História em Rio Claro
CLÁUDIO DE MAURO: deu a sua contribuição
DU ALTIMARI: também contribuiu, mas poderia ter feito muito mais
JUNINHO DA PADARIA: quer aprender com cada um e fazer a sua História
JOÃO TEIXEIRA JÚNIOR: um cara corajoso
CUJO MAIOR DEFEITO É: a ansiedade