Cada um tem a sua história com a grande metrópole.
Uns que vão, outros que não querem voltar, outros que nunca gostaram, mas tiveram uma longa relação, e aqueles de amor eterno à maior cidade do país. Se São Paulo completa 465 anos, as histórias… ah, elas são incontáveis e podem ser relatadas por gente de todos os cantos que, algum dia, tentou desbravar, arriscar, tentar ou ganhar a vida, como dizem, entre os arranha-céus paulistanos.
Histórias simples ou contadas como poema. “Eu esperava exatamente isso. A multidão que nos engole. A solidão em meio a tanta gente. A cidade fervendo o tempo todo. Noite, dia e madrugada. Essa grande engrenagem nos faz crescer e buscar nosso aprimoramento para que possamos ser percebidos aqui. Tudo isso dói um pouco, mas me deixa vivo e feliz”, expressou o arte educador e ator Thiago Franco, que assim vai trilhando sua trajetória na grande cidade, que é uma das maiores referências quando se fala em arte.
Por isso, a escolha de Franco, que resolveu ir para Capital pela possibilidade de conviver com a enorme diversidade de culturas, estilos de vida, pessoas do mundo todo, sem contar as chances de trabalho, que são maiores.

Thiago Franco
O ator, que é nascido em Rio Claro, ama a Cidade Azul, porém, diz que não pretende voltar para o interior, apesar de sentir falta da calmaria e de ares mais frescos. “Voltar, não daria mais. Meu corpo e coração estão aqui”, afirmou.
Em um contexto diferente, mas de quem também viveu na capital na época profissional está o juiz de cartório aposentado Sérgio Natal de Barros, de 82 anos. Ele nasceu em Rio Claro e foi para a Terra da Garoa com apenas quatro anos. “Meu pai precisou ir para lá porque Rio Claro não tinha emprego”, relembrou.
Formou toda sua vida por lá, mas, ao se aposentar com 60 anos, a decisão foi certeira: deixar a cidade grande. “Foi bom o período em que estive lá. Estudei, trabalhei, casei. Depois da minha missão por lá, retornei para Rio Claro, onde sempre viveram meus familiares”, contou.

Sergio Natal de Barros
Ele, que morou na Vila Mariana e Jabaquara, queria distância de toda “loucura” que muitos vão em busca. “São Paulo é uma cidade muito movimentada, trânsito, rodízio. Vim para Rio Claro para descansar, embora seja uma cidade que também está um pouco violenta, mas comparando com São Paulo é um paraíso”, afirmou.
O município de São Paulo completa nesta sexta-feira (25) 465 anos. É o mais populoso do Brasil, com mais de 12 milhões de habitantes (12,2 milhões) e quem comemora todos os dias por fazer parte da evolução da cidade é o engenheiro Floriano Miyaoka, que tem 72 anos, nasceu na capital, mas também tem ligação com Rio Claro.
Há 28 anos, se divide entre o interior e a metrópole. A esposa, a aposentada Neusa Turolla, conta que se conheceram na inauguração do Sesi na Cidade Azul, onde ela atuou como professora e ele era diretor de obras do Ciesp. Com quase 30 anos de relação, os dois se entendem quando o assunto é sua outra grande paixão: a capital.
“Quando me aposentei, iria me mudar para lá, mas aí pensei bem e não quis trocar a cidade do interior. E ele? Ele não deixa São Paulo, ele ama São Paulo. Conhece tudo. Conta que quando era criança pegava ônibus e ia da linha inicial até o ponto final”, relata Neusa, que diz que sempre respeitou a decisão. Assim, eles vão vivendo, com Floriano lá e cá.
E assim as histórias também vão sendo contadas a cada canto de São Paulo pelo arte educador Thiago Franco, que pretende ficar por lá por muitos e muitos anos. “Minha rotina tem a ver com meus apreços por aqui. Trabalho em espaços culturais, cinemas, escolas e teatros, por isso acabo me divertindo também nos meus espaços de trabalho. É o que eu amo fazer e amo estar na capital”, finalizou.