Cantos diversos
[Apresentação]
Os’Cantos Diversos’- – ainda inéditos – estão divididos em partes, compreendendo: I] Canto de Luz e Trevas; II] Canto de Esquinas; III] Canto de Rostos e Máscaras; IV] Canto de Pedras; V] Canto de Águas e Naus; VII] Canto dos Tempos de Chumbo; VII] Canto das Nações e Sacerdotes; VII] Canto de Bêbados; IX] Canto dos velhos; X] Canto dos Mortos; e XI ] Canto dos Recados, além dos Apêndices (I) [Prosa em pequenos poemas]; (II) Acrósticos] e (III) [Poemas à minha mulher Jonize].
Esses poemas serão selecionados pelo professor e poeta JAIME LEITÃO, por especial deferência do amigo, para serem publicados, semanalmente, neste espaço cedido pela Vivian Guilherme no ‘Diário do Rio Claro’.
POEMAS DO ‘CANTO DE LUZ E TREVAS’
O INCRIADO
D`us
Antes do Nada.
Dentro do Nada
E depois do Nada,
É Tudo.
Antes do princípio, D`us havia.
E antes Dele, Ele mesmo havia.
O Incriado criou-se em Criador.
A tudo engendrou,
Inclusive a Ele mesmo.
E, depois do princípio,
Escondeu o ato da criação.
Ele, sem início e sem fim de dias.
Ele, o Eterno.
Ele, o Incriado.
A OBRA
Constrói-se o Universo
Entre luzes e trevas
Entre o silêncio absoluto
E explosões dantescas.
Dá-se forma às coisas.
Pinta-se a natureza.
Cria-se o sonho, a poesia,
O mito e a saudade.
Desperta-se o amor.
O dia e a noite e o sono
São estabelecidos.
Produz-se o fado.
E a vida, já nascida
Por mágica escondida,
Desperta num início histórico,
Sem data,
Engendrando homem,
Engendrada por D`us.
O VERBO
(poema do nascimento e da ascensão)
Não se sabe,
Pois desconhecido é o dia
Em que Ele nasceu.
Mas, segundo João, filho de Zebedeu,
“o Verbo se fez carene
E habitou entre nós,…
Cheio de graça e verdade”. [1]
Hoje, o Amor, passados séculos,
Ainda se propaga,
Desde que esteve no mundo.
E mais sobre Ele se disse
E mais haverá por se dizer.
Assim, num dia sem data conhecida,
O Filho primogênito de Maria
Veio ao mundo
E foi deitado “numa manjedoura
Porque não havia lugar para eles
Na estalagem, [2]
Embora Ele viesse
“cheio de graça e verdade”. [1]
E por ordem do anjo do Senhor,
Que apareceu em sonho a José,
O nome do menino foi Jesus,
“porque ele salvará o seu povo
Dos seus pecados”. [3]
Esta é a vontade do Pai, por isso Ele veio
“cheio de graça e verdade”. [1]
Nasceu, então,
“Em Belém, no tempo do rei Herodes”,
“cheio de graça e verdade”.[1]
Já homem,
E apesar dos milagres e parábolas,
Foi crucificado.
Morto, guardou o seu corpo
José de Arimateia, no sepulcro.
No sábado, apesar do engano dos judeus,
“ressuscitou dos mortos”, [5]
Cheio de graça e verdade”. [1]
Aparecendo, novamente,
aos discípulos, Jesus,
“levantando as mãos, os abençoou.
E aconteceu que, abençoando-os, Ele
Se apartou deles
E foi levado ao céu”. [6]
Com luz veio,
Com luz se foi,
Sempre “cheio de graça e verdade”. [1]